A VIDA
COMEÇA TODOS OS DIAS
CAPÍTULO VINTE E CINCO
Reinaldo entrou na Igreja Matriz, a
mesma que o acolhera no Batismo, na Primeira Comunhão e, quando homem, em seu
Casamento. Depois recebeu seus filhos, Larissa e Vitor para o Batismo.
Posteriormente, numa tarde chuvosa, recebeu o corpo de Amanda, inerte, pálido e
sem vida, para ser encomendado na casa de Deus. Em seguida, seguiram para o cemitério e diante da comoção
dos presentes, o corpo de sua jovem esposa foi sepultado; aquele foi o
dia mais terrível de sua vida, pensava Reinaldo. Sentia-se triste, estava
perdido em seus pensamentos, envergonhado por querer refazer sua vida; pensava
que todos iriam condená-lo.
- Será que aquele sentimento, que
crescera em seu coração, estava proibido para ele? Queria ouvir o padre e
acolher seu conselho.
Ajoelhou-se em frente ao altar e
fez uma oração com intenção da alma de Amanda, queria lhe pedir perdão.
Enquanto rezava, o padre Germano adentrou ao recinto e parou a alguns metros de
distância para observar o rapaz. Gostava daquele paroquiano, era um bom rapaz e
já sofrera bastante.
O
padre se aproximou e colocou sua mão no ombro de Reinaldo, que se virou prontamente, levantando-se a seguir, para cumprimentar o pároco. E,
depois de um abraço fraterno, os dois seguiram para a Sacristia; Reinaldo
queria abrir seu coração. Seria uma longa conversa, sincera e esclarecedora.
Ele precisava ser ouvido por alguém que conhecia a situação, para então, tomar
algumas providências; era temente a Deus e queria viver em paz. Com os olhos
marejados de lágrimas ele falou de Amanda:
- Deus a levara contra sua vontade, era muito
cedo, ele a amava e as crianças precisavam da mãe.
O padre concordou e disse que
ele teria que aceitar a vontade do pai e viver a vida normalmente, nada o
impedia de amar outra pessoa e se casar novamente. Fora um bom marido, era um
bom pai e devia reconstruir sua vida. Ele teria o maior prazer em celebrar seu novo
casamento e dar sua bênção ao novo casal.
- A vida não para, começa todos os dias e
Deus quer ver seus filhos alegres e felizes, vá atrás de sua felicidade,
concluiu o vigário
O rapaz saiu dali com o coração
leve; a compreensão do padre aliviou seu sentimento de culpa e o liberou para o
amor de Celina. Ele a amava e a pediria em casamento, logo depois de
apresenta-la aos filhos e a sua família. Entretanto, esperaria mais três meses para
terminar seu tempo de luto e reformar sua casa para viver com Celina.
Foram momentos difíceis para explicar aos pais,
filhos e irmãos que os dois viúvos queriam se juntar e esquecer o passado. As
crianças ficaram felizes em saber que voltariam a morar com o pai e Celina, uma
vez que a mãe fora morar com Deus. Para elas parecia natural a mãe morar com
Deus, estava tudo bem, gostaram de Celina.
A mãe de Amanda chorou quando soube da
possibilidade de ficar sem os netos, no entanto, logo compreendeu que eles
precisavam do pai. Reinaldo abraçou Celina e a beijou com carinho, haviam se
encontrado em um momento muito triste de suas vidas, mas, agora caminhariam
juntos para uma nova vida. Queriam construir uma família feliz.
Os
três meses passaram e o casamento aconteceu em um sábado à tarde, somente para
os parentes e alguns amigos. Larissa e Vitor entraram na frente com as alianças,
estavam felizes. Depois da cerimônia houve um brinde no salão paroquial; bolo e
doces. À noite seguiram viagem para uma curta lua de mel, porém, antes olharam
para o céu onde viram duas estrelas cadentes e ambos se abraçaram.
-
Será que era a Amanda e o Fernando lhes desejando felicidades? Perguntou
Celina.
Reinaldo
respondeu que acreditava que os dois tentaram se comunicar, do jeito que os
anjos sabem fazer; depois sorriu e beijou sua mulher.
Termina aqui a história de um casal de viúvos,
que depois de virados ao avesso, se encontraram. E, descobriram que o avesso
era seu lado certo.
Um
texto de Eva Ibrahim.