O
ATAQUE
CAPITULO
OITO
A
tia esperou até a moça entrar no banho e ligou para Otávio, precisava conversar
sem a presença da sobrinha. Tocou o celular até cair a ligação, tentou várias
vezes e não obteve resposta. Neiva estava decepcionada com a atitude do rapaz,
que era íntimo em sua família, mandou uma mensagem no whatsapp, dizendo o
seguinte:
- Otávio, você precisa conversar
com Liana e resolver essa situação, antes de voltarmos para nossa terra. Por
favor, responda-me, pois precisamos agir como adultos responsáveis. Nessa vida
nada é definitivo, portanto marque um local para nos encontrarmos, eu, Liana e você.
Pode, também, levar a moça que vimos no seu apartamento. Aguardo sua resposta.
Neiva
O dia terminou e a resposta não
veio. As duas mulheres concordaram em esperar até o dia seguinte, para pensar
em outra solução. Ele não poderia fugir delas, era um bom moço e não um
bandido.
Elas tinham razão, o rapaz ficou
preocupado, preferia não ver mais a noiva, não a queria mais. Mas, sabia que
não poderia fugir daquela situação, sentia-se mal por sua covardia.
Procurou convencer a Júlia a acompanha-lo, mas
ela estava aborrecida com sua mentira e não queria participar daquela conversa.
-É um problema seu, trate de
resolvê-lo ou vou abandoná-lo e se fechou no quarto.
Otávio estava acuado dos dois
lados e respondeu para Neiva, que poderiam se encontrar em uma lanchonete perto
dali, no final da tarde. Iria em lugar público, assim Liana não faria nenhum
escândalo. Tinha medo da reação da moça, que era impulsiva e estava irada.
A noiva ficou satisfeita com a
resposta do seu noivo, esperava que a sua amante fosse junto com ele. Ela
queria jogar sua aliança na cara de sua rival. A humilhação sofrida não ficaria
barata para ambos.
O dia parecia andar lentamente,
ela tinha um plano para se vingar dele. Finalmente a tarde chegou e as duas
mulheres se dirigiram à lanchonete, escolhida por ele. Liana levava na bolsa a
surpresa para Otávio. Esperaria a hora certa para agir. Seu coração estava
acelerado e seus pensamentos fixos em vingança.
Ele ainda não estava lá, tiveram
que esperar 15 minutos além da hora marcada. Otávio chegou lentamente, estava
envergonhado de sua atitude, mas não voltaria atrás. Estava feliz com Julia e
pretendia se casar com ela.
As saudações foram formais e frias,
havia uma nuvem negra no ar. O rapaz sentiu vontade de fugir, mas não seria
possível. Liana não abriu a boca, queria, apenas, ouvir suas explicações. A tia
perguntou:
- Otávio, o que aconteceu para você
fazer essa sujeira com minha sobrinha? A pergunta caiu como uma bomba em cima
dele, que gaguejou dizendo:
- Não fiz por mal, nunca planejei isso. Foi
uma paixão repentina por Júlia. Tentei explicar isso quando estive com você,
disse olhando para sua noiva.
A moça desviou o olhar, sentiu-se
mal, teve vontade de vomitar, como ele podia ser tão cruel com ela? Pensou e
abriu sua bolsa.
Otávio continuou falando:
- Pode ficar com tudo o que
compramos juntos, eu só quero desfazer o noivado, sinto muito.
Liana não se conteve e tirando o
frasco de dentro de sua bolsa, abriu e atirou o líquido no rosto do rapaz.
Otávio se levantou rapidamente,
levando a mão ao rosto com olhar desesperado. A moça saiu correndo e a tia
gritou pedindo ajuda.
Várias pessoas se aproximaram e o
gerente levou o rapaz para lavar o rosto, que parecia pegar fogo. Alguém chamou
a ambulância. Logo chegou o socorro, que o encaminhou ao hospital. Dos olhos do
rapaz corriam lágrimas de dor, estava desesperado.
Neiva ficou perdida e surpresa
com o ato tresloucado de sua sobrinha, não sabia o que fazer. Saiu do meio do
tumulto e voltou para a pensão, com a esperança de encontrar a sobrinha lá.
O que ela percebeu foi a vermelhidão, que se
formou no rosto do rapaz, o líquido escorreu da testa até o pescoço de Otávio.
Pegou todo o lado esquerdo, passando pelo olho e a orelha.
A mulher precisava saber o que
era aquele líquido e avisar o hospital; queria ajudar o rapaz.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa