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CAPÍTULO SETE.
Quando Dora adentrou
ao quarto do Hospital, seus olhos encheram-se de lágrimas; ela já amava os
dois, mãe e filho. Letícia ao ver a mãe e a tia ali, chorou e depois voltou os
olhos ao seu filho, dizendo que aquele era o André, seu bebezinho. As três
mulheres se abraçaram e choraram juntas, havia amor naquele lugar. Nada mais
importava, as mentiras e omissões ficaram lá atrás, agora era hora de olhar à
frente e criar aquele lindo menino de olhos negros.
Depois, Dora perguntou
à filha como ela suportara tudo aquilo sozinha e a resposta comoveu a mãe e a
tia.
- Eu nunca estive só,
pois, Deus estava sempre comigo. Perdoa-me mãe, por tê-la enganado. A menina
abaixou os olhos, estava envergonhada.
Dora respondeu com a
voz embargada, seu coração de mãe já havia perdoado a filha.
- Eu sabia que havia
alguma coisa errada com você, porém, não acreditei na minha intuição. Letícia
eu amo você, seus irmãos e agora o seu filho também, como se fosse meu. Nada me
deve, vamos criar o André juntas.
- Mãe onde está meu
pai? Ele ficou muito bravo? A menina perguntou, estava preocupada com a reação
do pai.
Dora disse que ele estava muito nervoso, que deveriam deixar o
tempo passar para acalmá-lo. Letícia concordou, seu pai devia estar sofrendo
muito pela decepção sofrida. As duas irmãs, Dora e Nice, foram para casa,
estavam mais calmas, Letícia e o bebê estavam bem.
Agenor chegou à sua casa quando o dia
estava amanhecendo; entrou rapidamente sem olhar para Dora, pegou a roupa de
trabalho e saiu batendo a porta. A mulher ficou parada olhando para o marido,
queria lhe contar da criança, porém, ele a ignorou.
A mãe e a filha mais
velha foram visitar a menina no Hospital, enquanto Nice ficava com os irmãos
menores. A mãe queria saber quem era o pai da criança, mas, Letícia dizia que
não tinha pai, era só seu.
O médico avisou que a
menina teria alta no dia seguinte e a mãe ficou preocupada com o pai, pois este
dissera que Letícia não voltaria para casa. Dora iria conversar com o marido,
depois do jantar; ela sabia que ele estava zangado, mas apelaria para o amor
que ele tinha pelos filhos. Agenor sempre fora um pai amoroso.
Entretanto, seu marido chegou cheirando a
álcool e foi se deitar no quartinho dos fundos, não quis comer nada. Fechou a
cara, não queria conversa com ninguém. Quando Agenor se levantou para trabalhar,
a mulher lhe perguntou se ele iria buscar a filha no Hospital.
Olhando com ódio para
Dora, ele respondeu:
- Não tenho filha em nenhum Hospital, a
minha filha Letícia já morreu, portanto, me deixe em paz.
A mulher tremeu de
medo; ele não aceitaria a filha e o neto em sua casa. Dora começou a chorar,
não poderia abandonar a filha com o bebezinho.
A filha mais velha levantou a hipótese de levar Letícia para a
casa dos avós, pais de Dora e Nice. O casal de idosos concordou prontamente,
acolheriam a neta e o bisneto; Nice ficou feliz, gostava da sobrinha.
Letícia recebeu alta
e foi para a casa de seus avós; o pai não a perdoara. A menina deveria ficar
com os avós e sua tia Nice até aquela história se resolver.
Agenor chegava tarde
à sua casa e ia se deitar no quartinho dos fundos, ignorava sua mulher, pois,
dizia que ela era culpada pelo erro de Letícia. Um mês inteiro se passou sem
que Dora ouvisse a voz de seu marido. A mulher ia todas as tardes visitar a
filha e o neto, que estavam muito bem.
Certo dia, Letícia
levou o bebê para tomar vacina e quando voltava empurrando o carrinho, Clésio
apareceu querendo ver o filho. A menina ficou branca e quase desmaiou. Agarrou
o bebê no colo e disse que iria gritar se ele se aproximasse. O filho era só
dela, já que ele não queria que a criança nascesse.
Clésio disse que
queria ajuda-la e ela recusou. Seu pai o mataria se soubesse que ele era o
responsável por sua gravidez. Que sumisse para sempre, e saiu andando. Ele
ficou parado olhando a menina empurrando o carrinho, sentindo pena de si mesmo.
Dora com muito jeito
se aproximava do marido; ele já aceitava conversar com ela e os outros filhos.
Parecia mais tranquilo, mas não queria saber de Letícia.
André estava com três
meses e Letícia planejava batizar o bebê. A menina queria a presença de seu
pai, já que o irmão dele seria o padrinho do menino.
No domingo, seu pai estava em casa e ela resolveu ir até lá falar com ele; queria lhe pedir perdão.
No domingo, seu pai estava em casa e ela resolveu ir até lá falar com ele; queria lhe pedir perdão.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.