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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

'QUEM NÃO TOMA A SUA CRUZ E NÃO ME SEGUE, NÃO É DIGNO DE MIM". MATEUS 10:38 - BÍBLIA SAGRADA

                                COM CIRINEU

CAPÍTULO TRÊS
             Diante da apreensão de todos os presentes foi trazida a cruz, que Jesus deveria carregar até o local estipulado, pelos seus algozes. O caminho até o calvário não era longo, contudo Jesus estava exausto, passara a noite em claro.

             E, logo após a condenação ele foi açoitado e lhe colocaram a coroa de espinhos, cuja dor era insuportável. Das feridas corriam sangue e suor, deixando-o enfraquecido, pois ainda não havia se alimentado naquela manhã. 
           
             Andreia e Samuel vivenciavam toda aquela sequência de maus tratos, estavam estarrecidos. Eles conheciam a história, mas vivenciá-la era doloroso demais. Em Nova Jerusalém, no nordeste brasileiro, tudo parecia realidade.

               O ator, que representava Jesus de Nazaré, estava aniquilado e mal podia com o peso de sua cruz. Então, ele tropeçou e caiu diante dos gritos e escárnios dos soldados romanos, que teimavam em açoitá-lo. Jesus carregou a cruz dos nossos pecados para nos salvar, como se fosse alguém que merecesse castigo; foi humilhado e ferido pelos homens. As pessoas que acompanhavam as cenas, queriam interferir, mas eram contidas pelos fiscais vestidos de soldados romanos.

Em seguida, Jesus reuniu todas as suas forças humanas, conseguiu se levantar e seus olhos cruzaram com o olhar mais terno do mundo. Sua mãe estava ao seu lado, sofrendo a sua dor. Com um olhar, Maria penetrou nos olhos de seu filho amado e trocaram suas dores infinitas, que transpassaram seus corações. Com o açoite nas mãos dos soldados, o condenado foi obrigado a prosseguir cambaleando.

                O espetáculo emociona desde a chegada à cidade, a emoção de voltar a época em que Jesus viveu e contar a história, sendo vivenciada por personagens bíblicos, é imperdível. As pessoas acompanham os trabalhos tendo que andar através dos palcos e deixam fluir suas emoções. Naquelas cenas vem à tona toda a dor humana, sofrida pelo salvador.

              O casal de figurantes mal continha as lágrimas; pensavam que não iriam aguentar tantas maldades. Assim, Andreia disse para seu marido:

                -Vamos embora daqui, não suporto ver tamanha judiação. Samuel a abraçou e disse:
               -Fica calma meu amor, são apenas encenações de fatos ocorridos a muito tempo. Viemos aqui para assistir e assim será.

              A moça deu um suspiro e concordou.

             –Sim, me desculpe, vamos continuar.

                Jesus cambaleava, era muito peso para ele suportar e os soldados romanos começaram a recear, que o condenado morresse, antes mesmo, de chegar ao monte Gólgota. Assim, o centurião que comandava os soldados romanos disse:

              - Precisamos encontrar alguém que o auxilie a carregar a cruz, para terminar o percurso.

                Então, o centurião romano vê um homem que chega a cidade, um anônimo, que depois se identificou como sendo Simão, morador de Cirene, uma colônia na Líbia. Um judeu africano que estava na cidade de Jerusalém, para participar das cerimônias anuais no templo, a festa dos Tabernáculos, Páscoa e Pentecostes

               Simão, o Cirineu, estava em busca de uma gota de sangue do cordeiro, que seria imolado no altar do templo.  O animal sacrificado pelo sacerdote, seria seguro pelas patas traseiras e girado por sete vezes, deixando o sangue cair e escorrer pelo altar.

              Eles acreditavam que quando o sacerdote molhava o hissopo, tipo de esponja, no sangue do cordeiro e sacudia em direção aos homens com vestes alvas, para atingi-los, os que recebiam ao menos uma gota, na túnica de linho branco, aquela roupa passava a ser um troféu. Os judeus viajavam quilômetros para receber uma gotinha do sangue do cordeiro pascal.

                Esse era o motivo que levara o homem do campo para a cidade, naquele dia. Supõe-se que sua túnica branca estava em sua bolsa, pois teria que estar impecável para a cerimônia. Contudo, ele foi interceptado por soldados romanos, que foram incisivos.

              - “Ei, você aí? E apontando para o condenado, continuaram:

            - Ajude-o a carregar a cruz, porque ele está muito cansado e precisamos enxugar um pouco o sangue, que escorre de sua face e de todo o seu corpo”.

                O homem ficou surpreso, olhou para Jesus e apesar de sua face estar cheia de sangue e suor, que escorriam de suas feridas, percebeu ternura e mansidão em seu olhar. Então, ficou comovido. Cirineu se inclina encostando o seu corpo, no corpo ensanguentado de Jesus de Nazaré e carrega a cruz com ele.

                O judeu, que tinha como objetivo receber uma gotinha de sangue do cordeiro pascal, estava junto do cordeiro de Deus e em contato com seu sangue divino. Para salvar a humanidade, o filho de Deus carregava a cruz da redenção dos pecados do mundo. E, Simão compartilhava do sangue de Jesus, que escorria em sua pele negra.  Imagina-se que Jesus tenha lhe dito:

               - “Não temas, porque hoje você não recebeu apenas uma gota do sangue do cordeiro, mas recebeu a vida do Cordeiro, em si mesmo. Eu sou o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, crê Simão e serás salvo”.

                A caminhada prosseguia, Cirineu creu em tudo o que emanava daquele corpo maltratado, era forte, robusto, um homem do campo e ajudava Jesus em seu martírio. Carregou a cruz até a próxima parada, então, saiu dali correndo. Estava profundamente emocionado pelos últimos acontecimentos.

           Chegou a sua morada ofegante, estava manchado de sangue do Cordeiro de Deus, e em prantos disse aos seus familiares, que já não era o mesmo homem. Fora tocado pela presença daquele ser divino, com o mais terno olhar já visto por ele. Assim, tornara-se um deles, sentia-se um cristão. Aquele acontecimento estava fundido com sua alma e nada o faria voltar atrás.

             O judeu teve sua vida transformada por uma cruz, ao aceitar carrega-la. E Jesus de Nazaré teve em sua caminhada a ajuda do Cirineu, mostrando ao mundo, que devemos ajudar a carregar as cruzes de nossos irmãos. Tudo em nome do maior de todos os sentimentos, o amor.

            Andreia e Samuel acompanharam todas aquelas cenas fortes e tocantes, estavam compadecidos da situação de Jesus de Nazaré. Mas, unidos iriam até o final da encenação da Paixão de Cristo, em todas as suas estações.

Consultas ao Wikipédia e ao Youtube.
Consultas ao artigo de Wilma Rejane, no  EstudosGospel.Com.BR

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