CAPÍTULO TRÊS
Diante da apreensão de todos os
presentes foi trazida a cruz, que Jesus deveria carregar até o local estipulado,
pelos seus algozes. O caminho até o calvário não era longo, contudo Jesus
estava exausto, passara a noite em claro.
E, logo após a condenação ele foi
açoitado e lhe colocaram a coroa de espinhos, cuja dor era insuportável. Das
feridas corriam sangue e suor, deixando-o enfraquecido, pois ainda não havia se
alimentado naquela manhã.
Andreia e Samuel vivenciavam toda aquela sequência de maus tratos, estavam estarrecidos. Eles conheciam a história, mas vivenciá-la era doloroso demais. Em Nova Jerusalém, no nordeste brasileiro, tudo parecia realidade.
Andreia e Samuel vivenciavam toda aquela sequência de maus tratos, estavam estarrecidos. Eles conheciam a história, mas vivenciá-la era doloroso demais. Em Nova Jerusalém, no nordeste brasileiro, tudo parecia realidade.
O ator, que representava Jesus de
Nazaré, estava aniquilado e mal podia com o peso de sua cruz. Então, ele
tropeçou e caiu diante dos gritos e escárnios dos soldados romanos, que
teimavam em açoitá-lo. Jesus carregou a cruz dos nossos pecados para nos salvar,
como se fosse alguém que merecesse castigo; foi humilhado e ferido pelos homens.
As pessoas que acompanhavam as cenas, queriam interferir, mas eram contidas
pelos fiscais vestidos de soldados romanos.
Em
seguida, Jesus reuniu todas as suas forças humanas, conseguiu se levantar e seus
olhos cruzaram com o olhar mais terno do mundo. Sua mãe estava ao seu lado,
sofrendo a sua dor. Com um olhar, Maria penetrou nos olhos de seu filho amado e
trocaram suas dores infinitas, que transpassaram seus corações. Com o açoite
nas mãos dos soldados, o condenado foi obrigado a prosseguir cambaleando.
O espetáculo emociona desde a
chegada à cidade, a emoção de voltar a época em que Jesus viveu e contar a
história, sendo vivenciada por personagens bíblicos, é imperdível. As pessoas
acompanham os trabalhos tendo que andar através dos palcos e deixam fluir suas
emoções. Naquelas cenas vem à tona toda a dor humana, sofrida pelo salvador.
O casal de figurantes mal
continha as lágrimas; pensavam que não iriam aguentar tantas maldades. Assim,
Andreia disse para seu marido:
-Vamos embora daqui, não suporto ver
tamanha judiação. Samuel a abraçou e disse:
-Fica calma meu amor, são apenas
encenações de fatos ocorridos a muito tempo. Viemos aqui para assistir e assim
será.
A moça deu um suspiro e
concordou.
–Sim, me desculpe, vamos
continuar.
Jesus cambaleava, era muito peso
para ele suportar e os soldados romanos começaram a recear, que o condenado
morresse, antes mesmo, de chegar ao monte Gólgota. Assim, o centurião que
comandava os soldados romanos disse:
- Precisamos encontrar alguém que
o auxilie a carregar a cruz, para terminar o percurso.
Então, o centurião romano vê um
homem que chega a cidade, um anônimo, que depois se identificou como sendo
Simão, morador de Cirene, uma colônia na Líbia. Um judeu africano que estava na
cidade de Jerusalém, para participar das cerimônias anuais no templo, a festa dos
Tabernáculos, Páscoa e Pentecostes
Simão, o Cirineu, estava em
busca de uma gota de sangue do cordeiro, que seria imolado no altar do
templo. O animal sacrificado pelo
sacerdote, seria seguro pelas patas traseiras e girado por sete vezes, deixando
o sangue cair e escorrer pelo altar.
Eles acreditavam que quando o
sacerdote molhava o hissopo, tipo de esponja, no sangue do cordeiro e sacudia
em direção aos homens com vestes alvas, para atingi-los, os que recebiam ao
menos uma gota, na túnica de linho branco, aquela roupa passava a ser um
troféu. Os judeus viajavam quilômetros para receber uma gotinha do sangue do
cordeiro pascal.
Esse era o motivo que levara o
homem do campo para a cidade, naquele dia. Supõe-se que sua túnica branca
estava em sua bolsa, pois teria que estar impecável para a cerimônia. Contudo,
ele foi interceptado por soldados romanos, que foram incisivos.
- “Ei, você aí? E apontando para o condenado,
continuaram:
- Ajude-o a carregar a cruz, porque
ele está muito cansado e precisamos enxugar um pouco o sangue, que escorre de
sua face e de todo o seu corpo”.
O homem ficou surpreso, olhou
para Jesus e apesar de sua face estar cheia de sangue e suor, que escorriam de
suas feridas, percebeu ternura e mansidão em seu olhar. Então, ficou comovido. Cirineu se inclina encostando o seu corpo, no corpo ensanguentado de Jesus de
Nazaré e carrega a cruz com ele.
O judeu, que tinha como objetivo
receber uma gotinha de sangue do cordeiro pascal, estava junto do cordeiro de
Deus e em contato com seu sangue divino. Para salvar a humanidade, o filho de
Deus carregava a cruz da redenção dos pecados do mundo. E, Simão compartilhava
do sangue de Jesus, que escorria em sua pele negra. Imagina-se que Jesus tenha lhe dito:
- “Não temas, porque hoje você
não recebeu apenas uma gota do sangue do cordeiro, mas recebeu a vida do
Cordeiro, em si mesmo. Eu sou o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo,
crê Simão e serás salvo”.
A caminhada prosseguia, Cirineu
creu em tudo o que emanava daquele corpo maltratado, era forte, robusto, um
homem do campo e ajudava Jesus em seu martírio. Carregou a cruz até a próxima
parada, então, saiu dali correndo. Estava profundamente emocionado pelos
últimos acontecimentos.
Chegou a sua morada ofegante, estava manchado de sangue do Cordeiro de Deus, e em prantos disse aos seus familiares, que
já não era o mesmo homem. Fora tocado pela presença daquele ser divino, com o
mais terno olhar já visto por ele. Assim, tornara-se um deles, sentia-se um
cristão. Aquele acontecimento estava fundido com sua alma e nada o faria voltar
atrás.
O judeu teve sua vida transformada
por uma cruz, ao aceitar carrega-la. E Jesus de Nazaré teve em sua caminhada a
ajuda do Cirineu, mostrando ao mundo, que devemos ajudar a carregar as cruzes
de nossos irmãos. Tudo em nome do maior de todos os sentimentos, o amor.
Andreia e Samuel acompanharam todas
aquelas cenas fortes e tocantes, estavam compadecidos da situação de Jesus de
Nazaré. Mas, unidos iriam até o final da encenação da Paixão de Cristo, em
todas as suas estações.
Consultas
ao Wikipédia e ao Youtube.
Consultas
ao artigo de Wilma Rejane, no EstudosGospel.Com.BR