ROGAI
POR NÓS
CAPÍTULO
CINCO
Marcelo encostou o automóvel em uma
pracinha e retribuiu o beijo. Este foi diretamente na boca de Angel; eles já
estavam prontos para trocar carícias. Brotava, naquele momento, um sentimento
de amor, que vinha sendo germinado desde o dia, em que se encontraram no P.S.
Ficaram
ali se entreolhando e trocando beijos durante algum tempo, depois saíram em
direção à casa de Angel. Ela desceu do veículo, estava andando nas nuvens, lhe
faltava o chão firme. Estava emocionada com a chegada do primeiro amor; um
sentimento que surgia forte e promissor.
A
menina se mostrava ansiosa para a chegada do domingo de manhã, porque seguiriam
para a cidade de Aparecida do Norte, no vale do Paraíba. Estava eufórica para a
viagem com os pais de Marcelo. Uma visita de agradecimentos à santa de devoção
dos peões de boiadeiro, de quem agora ela, também, se tornara devota.
Ainda estava escuro, quando a
caminhonete encostou para levar mãe e filha para a viagem programada. Marcelo
estava sentado no banco da frente com seu pai e atrás iam as três mulheres. A
mãe do rapaz, Olga e Angel, estavam alegres e conversavam amistosamente.
Após uma parada para esticar as
pernas e tomar um café, a viagem alcançava seu destino. Ainda estavam na
entrada, quando avistaram a Basílica, altiva e imponente. O pai parou o veículo
e todos desceram para apreciar a paisagem maravilhosa. Uma vista única, onde o
destaque era a imensa Basílica de Aparecida. Situada em um plano elevado e tendo
a cidade aos seus pés, com toda a estrutura de estacionamentos ao redor de sua
sede, parecia reinar e abençoar toda a região.
Extasiados, seguiram viagem e
entraram na cidade, que tem seu comércio todo voltado para os romeiros e
turistas que visitam o santuário. Aos domingos, desde as primeiras horas da
madrugada, os visitantes começam a chegar em ônibus e, aos poucos tomam conta
de todas as ruas e estacionamentos existentes por ali.
O Sol apareceu dando brilho a
fachada da Basílica e anunciando um domingo luminoso. Os novos romeiros
seguiram a pé as escadarias da igreja. Entraram e se surpreenderam com a
quantidade de pessoas que havia lá dentro. Uma multidão pronta para assistir à
missa das dez horas e render homenagens à santa.
O tempo passou rápido, envolvido pelos
cânticos e louvores à Nossa Senhora; um clima de amor e paz reinava entre os
fiéis. Uma fila enorme se formou, para receber a comunhão das mãos do bispo e
padres, que entregavam a hóstia aos comungantes.
Quando a missa terminou, a fila se
formou em frente a imagem original da santa, aquela que foi encontrada pelos
pescadores no rio Paraíba do Sul, no Estado de São Paulo em 1717. Exposta em um
nicho dourado na parte alta da igreja e protegida por vidros blindados, era o
foco principal de todos os romeiros. Cada um se ajoelhava e rezava à virgem, em
agradecimento por graças recebidas ou até por um pedido urgente e necessário.
A imagem original da Santa, que
ficava exposta no altar, sofreu um ataque, que a despedaçou e teve que ser
restaurada. Depois desse fato, a imagem só pode ser contemplada, mas não pode
ser tocada.
Depois do grupo se ajoelhar diante
da imagem, em agradecimento aos livramentos recebidos, foram até a sala de
milagres. Um verdadeiro arsenal de velas, partes do corpo humano confeccionados
pelos mais variados materiais, lembranças de todos os tipos e vindas de todas
as partes do país, testemunham a fé e os milagres recebidos.
Marcelo e Angel se deslocavam mais
rapidamente que seus pais e ele a levou a uma barraca de lembranças de
Aparecida. Lá ele escolheu uma corrente com medalha da santa e deu de presente
à Angel. Disse que era para protege-la de qualquer mal que se aproximasse. Ela
sorriu e colocou no pescoço, depois o beijou na boca.
No entanto, teriam que levá-la para
ser benzida e o casal voltou à igreja, enquanto os pais ficavam descansando em
uma lanchonete. Procuraram um padre e a medalha foi benzida com água benta e
colocada novamente no pescoço da menina.
Angel estava orgulhosa do presente
recebido e ostentava em seu colo a imagem da santa, estava feliz da vida.
Almoçaram na lanchonete e ao adentrar o veículo, todos olharam para trás e
pediram.
- Rogai por nós, Santa Mãe de Deus!
E,
seguiram a viagem de volta, envolvidos por sentimentos de amor e paz, depois de
um dia de devoção e muita fé.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa