A ATERRISSAGEM
CAPÍTULO DOIS
O avião baixou de altitude e
começou a dar voltas e mais voltas, sem descer o suficiente para tocar o solo.
Os passageiros que estavam agoniados, começaram a rezar e lamentar alto dentro
da aeronave, deixando os mais vulneráveis em pânico. As mulheres e as crianças
começaram a chorar, inclusive a Júlia, que se agarrou ao corpo de Otávio.
Alguém cogitou de qual seria o
motivo da demora, para a aeronave tocar o solo:
- O comandante deve estar gastando
o combustível, para minimizar a possibilidade de pegar fogo. E outros passageiros
concordaram:
- É isso mesmo! Ouviu-se em coro.
Trinta longos minutos se passaram,
até que se ouviu a voz do comandante novamente:
- Segurem-se todos, aqui vamos nós.
Houve um silêncio mortal dentro do
avião e quando ele bateu no solo, todos gritaram. Foram momentos terríveis, houve uma pressão intensa no interior, coisas caindo de dentro dos bagageiros, bancos que se soltaram,
algumas pessoas ficaram feridas e todos os passageiros estavam assustados. Júlia ficou com o pé preso
no banco que se soltou e bateu a cabeça no encosto do banco da frente.
Quando a aeronave parou e
desligou os motores, todos se entreolharam e agradeceram a Deus por estarem
vivos. Otávio olhou para fora e viu uma grande área com espumas brancas, muitos
carros do corpo de bombeiros e ambulâncias ao redor do avião.
Então, ele percebeu o perigo que haviam
passado e o motivo da demora em aterrissar. O comandante estava esperando a
preparação do socorro, além de gastar combustível. Nesse momento, as
comissárias de bordo começaram a organizar a descida e avaliar os feridos.
Otávio tratou de ajudar Júlia a soltar
seu pé e deu um guardanapo, que sobrara do lanche, para ela apertar o ferimento
na testa e estancar o sangue. Era um corte de cerca de três centímetros, que
sangrava muito escorrendo até sua boca.
Havia pânico dentro do avião, todos queriam
sair rapidamente. Do lado de fora foi colocada uma esteira, para as pessoas
deslizarem até os colchões de ar, que recebiam os passageiros no solo. Dali, os
socorristas encaminhavam os feridos até as ambulâncias.
As
comissárias tentavam organizar a descida, colocando os feridos mais graves, as mulheres e as crianças na
frente. Em seguida, aos poucos foram descendo os passageiros com ferimentos leves e por último os
homens que não se feriram. Júlia desceu antes de Otávio, além de ser mulher,
tinha um sangramento na testa e não conseguia andar.
A
moça foi levada para dentro da ambulância, na qual seria examinada. Depois de
receber um curativo na testa, foi colocada em uma cadeira de rodas ao lado do
veículo, ficara aguardando o rapaz, que acabara de conhecer. Deveria ser
encaminhada ao pronto socorro para fazer uma sutura no ferimento e um Raio x do
tornozelo.
Otávio
sentia dores no ombro e na cabeça, pois caiu uma bolsa do bagageiro, que
possivelmente tinha um notebook em seu interior, em cima de sua cabeça e
resvalou no ombro. Ambos deveriam ser encaminhados ao Pronto Socorro. As
ambulâncias do terminal aéreo estacionaram e os feridos foram direcionados para
o atendimento necessário.
A
moça e o rapaz foram atendidos e encaminhados para o Raio x. Não foram
constatadas fraturas, mas o tornozelo da moça sofreu uma torção e estava
bastante inchado. O ombro do rapaz teve um deslocamento, que precisou de uma
redução. Júlia levou três pontos de sutura na testa e ambos tomaram analgésicos
na veia, para diminuir suas dores.
Quando estavam para serem
liberados, chegaram os familiares dos dois, que ficaram sabendo do acidente
pela mídia. Assim, cada um seguiu para a casa de seu familiar.
A sobrevivente precisou tomar
calmantes para poder dormir, estava ansiosa e chorosa demais. O rapaz estava
tão cansado que adormeceu logo, nem se lembrou da noiva que o esperava.
Quando acordou pela manhã, lhe
disseram que Liana estava ligando de meia em meia hora, pois queria notícias. Ela estava de quarentena em sua casa, era o décimo quarto dia de isolamento. Otávio sentou-se na cama, tinha dores no ombro e queria tomar um banho, depois
iria até a casa da noiva.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa