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quarta-feira, 28 de novembro de 2018

"OBSERVEM COMO CRESCEM OS LÍRIOS, ELES NÃO TRABALHAM NEM TECEM. CONTUDO, EU DIGO A VOCÊS, QUE NEM SALOMÃO, EM TODO O SEU ESPLENDOR, VESTIU-SE COMO UM DELES". LUCAS 12:27

CORAÇÃO ALADO

CAPÍTULO SEIS
            A mulher saiu do hospital com o coração revigorado. O seu menino estava bem cuidado, embora ela ficasse muito triste em vê-lo contido em uma cama. Teresa queria ver Benjamim correndo pelos campos, montado em seu cavalo Corisco; ela sonhava com isso. Dirceu também ficou contente e melhorou seu humor em relação a sua mulher. Eles ainda teriam mais um dia para visitar o filho querido.

             Finalmente, o casal teve uma noite de paz e puderam dormir profundamente. No sábado de manhã, saíram à procura de uma igreja para agradecer a Deus o fato do filho estar bem. Depois do almoço voltaram ao hospital. Ficariam ao lado de Benjamim até a hora em que a sineta tocasse, encerrando as visitas no hospital, naquela tarde.

            O menino estava sentado na poltrona com a perna esticada e protegida com talas, para que ficasse imóvel. Parecia alegre e sorriu ao ver seus pais. Benjamim queria saber quando eles voltariam para vê-lo, já que os médicos avisaram que sua internação se daria por um longo tempo.

             Benjamim parecia conformado em ficar ali, estava contente com a hospitalidade do local. Lá havia um médico que o paparicava bastante. Tinha alguns livros em cima de seu criado-mudo, doces e frutas também. Teresa ficou olhando, no fundo estava estranhando.

                - Quem trouxe tudo isso para você?

               Então, o menino explicou para sua mãe, porque aqueles livros estavam ali. Disse que o Dr. Catena queria que ele estudasse para ser um médico também.

            – Como pode ser isso? Não temos recursos para mantê-lo em uma escola de médicos. Disse o pai bastante preocupado.

             Teresa ficou assustada e disse:

             - Esse médico vai roubar o Benjamim de nós, faz alguma coisa homem!

             Em seguida, a porta se abriu e um médico sorridente, alto, com seus cabelos louros revoltos, entrou, depois estendeu a mão para o pai do menino se apresentando.

                 – Meu nome é Olavo Catena e sou o médico responsável por Benjamim. Fiquem tranquilos, que ele irá se recuperar totalmente desse agravo à sua saúde. Vamos ver como ele se comporta no tempo em que ficar conosco, isso será definitivo para o seu futuro. Esse tipo de fratura tem que ser tratada no hospital ou ficará, para sempre, com sequelas.

              – Quanto tempo doutor? Perguntou, timidamente o pai.

       – Não sabemos, pois, a fratura foi bastante grave e teremos que aguardar o osso crescer e fechar o vão deixado. Coçou  a cabeleira e continuou:
             - Enquanto isso vamos incentivar à leitura e acompanha-lo nos deveres escolares. Não permitiremos que perca o ano e fique atrasado, para isso temos professores voluntários, que darão a assistência devida à todas as crianças da ala pediátrica. Em seguida, sorriu para ambos, deu uma tapinha na cabeça do menino e saiu batendo a porta.

             Pai e mãe ficaram mudos, não tiveram argumentos para discordar do médico, que era uma figura única, envolvente e simpático. Aquele homem convenceria qualquer pessoa a fazer o que ele quisesse; era puro carisma.

             Teresa sentiu medo, ele poderia tirar o menino dela, tinha poder para isso. Dirceu também ficou apreensivo, havia naquele homem um magnetismo estranho, uma luz que o diferençava das outras pessoas. E, aquela história do filho estudar medicina os deixava inquietos. Eram pessoas simples, que queriam os filhos para ajudar a família na roça, apenas isso.

             Despediram-se de Benjamim, que ficou com os olhos cheios de lágrimas, para tristeza dos pais que saíram chorando dali. A mãe sabia que deveria retornar à sua casa, lá deixara os seus outros filhos, Rui e Marília, que também precisavam da mãe.

             Teresa, novamente sentada na jardineira, que já não lhe dava medo, estava mais calma e os seus pensamentos se dividiam entre o hospital e sua casa. Na verdade, ela trazia no peito um coração alado, que voava, o tempo todo, de um lugar ao outro

              Ela sempre dizia: - “Os filhos são pedaços de nós e todos têm o mesmo valor”. Com tudo isso, Teresa tornara-se uma mulher sem sossego, com um coração dividido.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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