MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

"NINGUÉM É TÃO ALGUÉM QUE NÃO PRECISE DE NINGUÉM". AUTOR DESCONHECIDO.-- AME A VIDA E OS BONS AMIGOS. EVA IBRAHIM

                            A FAMÍLIA DE ANTONIO
                                          CAPÍTULO 8
 O homem tinha três irmãos e uma irmã, mas, havia tempos que não recebia notícias dos mesmos. Nalva era a única que ás vezes telefonava para saber como ele estava e que acompanhara o cortejo fúnebre de sua cunhada Verônica. A irmã chegara pensando em ficar na casa de Antonio durante dois dias para ver como o irmão estava vivendo e ajuda-lo, se fosse preciso. A mulher pensava que iria encontrar seu irmão deprimido em meio a muita bagunça, pois, ele nunca fora chegado em realizar serviços domésticos. Porém, ela ficou surpresa com a arrumação da casa, com o jardim bem cuidado e até com o cachorro.
        -“Ele nunca quisera cachorros e agora tinha um!'. Pensou a irmã admirada.
        Nalva encontrara o irmão bem disposto e alegre; na verdade, ele estava ótimo. Com cuidado perguntou se ele tinha encontrado outra mulher, parecia animado. Antonio negou com veemência, jamais trairia sua esposa, estava de luto, mas a vida tinha que continuar. 
      Ele parecia atento, cuidadoso e havia comida na casa. Estava tudo arrumado e o irmão era amável com o cão, que ele nunca gostara.
       -Será que mudara de ideia? 
Com certeza a morte da cunhada virou a cabeça do irmão. Ao invés de ficar desolado, ele estava muito bem. Apesar de perplexa, Nalva ficara contente, seu irmão estava superando a perda da esposa; era isso que importava, concluiu a mulher com uma ponta de desconfiança; a situação  lhe parecia estranha!
          Nalva não queria incomodar, ela e a filha saíram depois do almoço para fazer compras, dizendo que retornaria no dia seguinte para sua casa, ele não precisava dela; Antonio estava muito bem. O homem ficou feliz, poderia conviver com Bernardo novamente, sem ninguém para vigiar.
         Antonio levantou-se bem cedo e fez o café para a irmã seguir viagem o mais rápido possível. Nalva e a sobrinha se foram antes do almoço e depois de vê-las subirem as escadas do coletivo, o homem foi para casa. Estava ansioso para retirar o Bernardo da mala.
          Chegou e tirou a mala de dentro do guarda-roupa, queria livrar o amigo do esconderijo. Colocou a mala sobre a cama e abriu, tirando o boneco e abraçando-o com muito carinho. Bernardo era mais que um amigo, era um filho muito amado e Antonio precisava dele para ser feliz. Foram almoçar na copa e depois ver televisão; os dois amigos se bastavam e Antonio voltara a ser um homem comum e normal, mal se lembrava de Verônica.
         Depois de alguns dias, Nalva telefonou para saber se o irmão queria passar o Natal com a família dela. O Natal estava próximo e todos estavam em clima natalino.
        -Já havia se comprometido com os amigos do escritório, passaria o Natal com eles, disse Antonio e sentiu alívio; ficaria em casa com Bernardo.
        Á noite o homem saiu cantarolando pelas ruas do centro, queria fazer compras natalinas; estava feliz.
        Comprou uma árvore de Natal e muitos enfeites, faria a melhor árvore de Natal de sua vida. Com o Bernardo sentado no sofá, armou a árvore na presença do boneco, a todo o momento olhava para o amigo e fazia algum comentário, estava feliz, parecia uma criança em seu primeiro Natal.
         Preparou uma mesa com enfeites e comidas típicas de ceia natalina; a casa estava festiva e sua alma alegre. Depois tomou banho colocando sua roupa nova e até abusou do perfume. Estava tudo perfeito. 
       Para Bernardo comprara roupas novas e um boné de abas largas. Antonio tivera mais uma daquelas ideias estranhas, mas, somente depois da passagem de ano poria a ideia em prática. A noite de Natal chegou e encontrou um homem eufórico, parecia outra pessoa, muito mais alegre.
         Um Natal feliz em família, ele, o Bernardo e o Lobo. Foi dormir contente ao lado de seu amigo e lá no fundo tinha um plano para começar o ano novo. Durante a próxima semana ele teria que sair e comprar uma cadeira de rodas e mandar colocar um toldo para proteção solar, tipo carrinhos de bebê. Não seria fácil, mas ele iria até um local onde havia de tudo, móveis e coisas usadas. Na sua cabeça tinha tudo planejado, seria o presente de Natal de Bernardo.
         Estava transformado, era um homem completo e contente com sua família. No trabalho agia normalmente, apenas falava menos e os colegas atribuíam o fato ao luto que ele estava passando. O segredo que mantinha o tornava poderoso; era uma vida só sua e ele não permitiria nenhuma intromissão. Quando saia era o Antonio de sempre, mas, quando entrava em casa era outra pessoa; ele desenvolvera outra personalidade, era um misto de pai e amigo; o protetor de Bernardo.
  Um texto de Eva Ibrahim.

  Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.