COMO UMA DEUSA
CAPÍTULO DOIS
Benjamim acordou no meio da noite e,
de um salto levantou-se. A madrugada apenas despontava e ele tratou de se
vestir, iria ver seu amor no computador. Havia um fuso horário de seis horas
entre um país e outro e ele só tinha internet em seu escritório, que distava
cinquenta quilômetros de sua casa. Se ele chegasse ao escritório as quatro
horas da manhã, ela ainda estaria acordada, pois, seria apenas, vinte e duas
horas no Brasil.
Em um pequeno país do Golfo
Árabe, cheio de tradições religiosas e culturais vivia aquele homem durão, que
tinha um coração sedento de amor. Enquanto dirigia sua caminhonete ele
fantasiava seu encontro com Eloisa. Dirigia rápido pela rodovia principal,
pois, sabia que era terreno perigoso; poderia sofrer uma emboscada. Entretanto,
ele estava de bem com a vida e nada poderia detê-lo; atendia ao chamado do
coração.
Um coração duro, que acordara
para o amor e agora batia forte e acelerado ao pensar em ver aqueles olhos
azuis novamente. A emoção percorria seu corpo e ele desejava estar com Eloisa.
Chegou e colocou água para ferver; iria fazer um chá e depois chamar por seu
amor.
O escritório era apropriado para
um homem em sua posição. Era composto de uma sala ampla, onde ele atendia os
subordinados para lhes dar ordens ou superiores e amigos. Nas paredes havia
muitos quadros, lembranças de sua viagem a Meca. Um quarto arejado de descanso,
com suas roupas de trabalho e um banheiro. Ao lado, uma pequena cozinha para o
caso de ele pernoitar ali.
Enquanto a água fervia, ele ligou
o computador e depois retornou para preparar o chá. Em seguida, sentou-se em
frente a tela do computador com a chávena de chá nas mãos e o charuto ao lado.
Chamou
por Eloisa, uma, duas, três vezes e seu semblante entristeceu.
- Será que ela havia saído ou estaria
dormindo?
Não houve resposta e ele viu o dia amanhecer
sentado em frente ao computador, com o semblante carregado e o coração partido.
Seu esforço fora em vão, então, foi para o trabalho entristecido; não queria
conversa. Descontou nas pessoas que o auxiliavam.
– O general estava rígido demais,
comentaram alguns soldados, depois de serem humilhados por ele.
Seu
coração estava triste e o pensamento em seu amor. Trocou poucas palavras com
seu copiloto, enquanto patrulhavam os esconderijos dos rebeldes. Logo chegou a
hora do almoço e Benjamim, com a carranca fechada, retornou ao escritório e
para sua surpresa havia um chamado de Eloisa no Skype.
-
Bom dia meu General. Perdão, mas eu estava cansada, fui dormir cedo e não ouvi
seu chamado. Pronto, seu coração vibrou, ela estava se desculpando e seu dia
clareou. A desculpava sim, com certeza, era o amor de sua vida, pensou sorrindo
com o coração dando saltos de alegria.
Tratou então, de combinar para
aquela noite outro encontro no computador. Deixou o recado gravado no Skype e
passou o resto do dia alegre e cordato para surpresa de todos. Ainda estava
claro quando Benjamim foi para sua casa; precisava descansar para se levantar
na madrugada e retornar ao seu escritório.
Ansiava por rever Eloisa, sentia-se
apaixonado por ela. Antes de dormir ouviu relâmpagos e trovões e foi se deitar
com uma grande preocupação.
- E, se acabasse a energia e ele não
conseguisse ver sua amada? Dormiu e teve pesadelos com a chuva que caia
torrencialmente, fazendo grande barulho em sua janela.
As três horas da madrugada ele
levantou-se e saiu para o escritório. A chuva havia parado, mas havia muitas
árvores caídas pelo caminho. Seguiu metodicamente os passos da noite anterior e
chamou por Eloisa.
Na terceira chamada ela
apareceu na tela do computador. Estava bonita como uma deusa, pensou Benjamim.
Um texto de Eva Ibrahim