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quarta-feira, 7 de março de 2018

"VIDA CIGANA" "RAÇA NEGRA" --"OH! MEU AMOR, NÃO FIQUE TRISTE, SAUDADE EXISTE PRA QUEM SABE TER, MINHA VIDA CIGANA ME AFASTOU DE VOCÊ. POR ALGUM TEMPO, EU VOU TER QUE VIVER POR AQUI..." COMPOSITOR: GERALDO ESPINDOLA


UM RAIO DE LUZ

                                               CAPÍTULO SEIS
            Serena ganhara alguns quilos, estava mais bonita, com um viço diferente. Seu sorriso irradiava felicidade e seu olhar apresentava uma ternura diferente. Toda mulher, quando seu corpo acolhe um novo ser para uma gestação, fica mais sensível e emotiva. Serena, agora chorava atoa, assistindo a um filme, lendo um livro ou vendo um jornal na Televisão.

              Vitor estava impaciente, queria notícias de Serena quase todos os dias. Mandava mensagens diárias e escrevia cartas contando fatos sobre o dia a dia, que observava no Haiti. Agora seu foco eram as crianças, pois, logo seria um pai muito amoroso. 

              O dia marcado para a ecografia chegou e Serena, acompanhada de sua mãe, foi conhecer o sexo do bebê. A expectativa era grande e quando chegou o momento, duas lágrimas rolaram do rosto da futura mamãe. O médico sorriu e disse:

             - Está claro para mim, é uma menina perfeita; está tudo bem.

            Serena saiu dali muito feliz, era tudo o que ela queria. Carregava uma princesa em seu ventre, que crescia normalmente e não apresentava nenhum problema. A futura mamãe tratou de avisar Vitor de que ele seria pai de uma menina.

          Ele, então, lhe escreveu contando que lá no Haiti havia uma menina que sempre o acompanhava. Parecia que ela pressentia que ele seria pai de uma outra menina. Seu nome era Mary Claire, uma criança esperta, com cerca de seis anos e com grandes olhos negros. Magérrima, maltrapilha e, em busca de comida o tempo todo. 

         Vitor gostava daquela criança, que sofria a desgraça da orfandade e tinha um futuro incerto. De vez em quando, ele olhava para trás e lá estava ela observando-o. Era uma criança carente de pai e precisava de proteção.

              Agora, sabendo que havia uma princesa a caminho, ele se apegava a menina e as outras crianças, que viviam nas ruas do acampamento. Em cada uma delas ele procurava ver o rostinho de sua filha, vivia com muito mais sensibilidade depois da notícia recebida. A carta de Serena, onde era informado de que seria pai, parecia estar transformando seus sentimentos de homem rígido do exército.

            Em um outro dia, ele percebeu que a menina estava gripada e ao se abaixar para pôr a mão na testa de Mary Clarie, percebeu que ela estava, além da febre, cheia de piolhos nos cabelos. Pegou em sua mãozinha pequena e suja e a levou para a enfermaria da Cruz Vermelha. Ela precisava de cuidados especiais.

              Enquanto Serena preparava outra pessoa em seu ventre, o pai, muito distante, se preparava emocionalmente para ter duas mulheres em sua vida, seu amor e uma princesa como filha. Um sargento Boina Azul, que estava muito mais sensível e humano, aprendendo a olhar o mundo de uma maneira diferente.

             A pequena criança já fazia a diferença para todos os familiares, que passaram a aguardar ansiosamente pela sua chegada. E, para Serena o pequeno ser significava um raio de luz na escuridão de sua solidão, que agora já não doía tanto.

 Um texto de Eva Ibrahim

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