UM APERTO NO CORAÇÃO
CAPÍTULO OITO
Cesane ficava muito tempo trancada em seu quarto; estava quieta,
depressiva. E, quando saia de casa era de automóvel com sua mãe, para ir ao
médico ou escolher alguma peça do enxoval de Cristal. Este foi o nome que a
jovem escolheu para dar à sua filha.
Um dia, Roger disse a ela que gostaria de ter
uma filha com o nome de Cristal e outra com nome de Rubi; duas pedras
preciosas. E ela lembrou-se de fazer o gosto do pai, embora ele quisesse que
ela abortasse. Então, uma tristeza cobriu o seu rosto ao lembrar-se do fato e,
ele não sabia que a sua Cristal estava a caminho. Sua mãe aproximou-se com pena
da filha, que disse chorosa:
-
Como Roger pode desejar a morte da filha, que mexe tanto dentro da minha
barriga? Um soluço sentido escapou de seus lábios, e como um lamento ela
prosseguiu:
–
Será que ele não se arrependeu? Será que não tem vontade de saber como estamos,
se é ele ou ela? Dar sua opinião para o nome dela?
A
mãe tratou de mudar de assunto, não queria ver a filha sofrer mais e a convidou
a fazer compras para o enxoval de Cristal. Cesane estava em um dia ruim,
demonstrava estar deprimida.
As
duas mulheres estavam fazendo compras no Shopping e depois iriam comer na praça
de alimentação. A futura mamãe estava com 32 semanas de gestação e precisava
sentar-se um pouco, estava cansada. Então, Alda foi comprar sanduiches enquanto
a filha ficava esperando na mesa.
A mulher estava na fila do caixa, quando
sentiu um calafrio percorrer o seu corpo; Roger estava na fila ao lado da sua,
acompanhado de uma moça.
Instintivamente
ela sentiu vontade de correr e tirar sua filha dali, mas não poderia alarmar ou
Cesane veria o rapaz. Começou a rezar sem parar, como se fosse um mantra.
Chegou sua vez e ela tratou de pedir o mais rápido possível, tentaria passar
despercebida.
O
rapaz estava tão concentrado em acariciar a moça que o acompanhava, que não
reparou em Alda. Ela pegou os lanches e sentou-se de um jeito que a filha
olhasse para o outro lado e não visse Roger. Entretanto, seu coração estava
disparado e Cesane percebeu que a mãe não estava bem e propôs irem embora,
comeriam em casa. Alda levantou-se e saíram sem serem vistas por Roger.
No
entanto, o que mais preocupava a mulher era saber que ele andava por perto e
poderia aparecer a qualquer momento. Cesane não poderia saber que ele estava de
volta, a mãe temia pela reação da futura mamãe. Temia pela estabilidade
emocional da filha.
Um texto de
Eva Ibrahim