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quarta-feira, 11 de abril de 2018

"LUA DE CRISTAL" - XUXA - "...TUDO QUE EU FIZER, EU VOU TENTAR MELHOR DO QUE EU JÁ FIZ. ESTEJA O MEU DESTINO ONDE ESTIVER, EU VOU BUSCAR A SORTE E SER FELIZ. TUDO O QUE EU QUISER, O CARA LÁ DE CIMA VAI ME DAR..." MICHEL SULLIVAN E PAULO MASSADAS



                    HISTÓRIAS DE ARREPIAR

CAPÍTULO DOIS

        Nessa época, havia muitas histórias fantasiosas, que corriam boca a boca, influência dos contos de fadas dos irmãos Grimm. As casas ainda não tinham televisão, nem as pessoas possuíam celular, então, conversava-se muito mais olhando nos olhos do interlocutor. Em sua maioria eram histórias macabras, criadas pela imaginação dos camponeses ou quem sabe, algumas histórias verdadeiras, que deixavam as crianças com muito medo. Ainda persiste a dúvida sobre a veracidade de certas histórias, que compõem o acervo do senso comum.

 O carnaval havia terminado e a quaresma começara na quarta-feira de cinzas. Era tempo de resguardo e silêncio em respeito ao período reservado à penitencia. Observava-se o jejum e a abstinência de carne as quartas e sextas-feiras.

 Era proibido ouvir músicas ou dançar, todos se recolhiam logo após o escurecer; quarenta dias de respeito e reflexão às coisas da religião e principalmente a Deus. Quem se recusasse a obedecer às recomendações da Igreja e desrespeitar as orientações do padre, corria o risco de ser excomungado.

      Certo dia, chegou de viagem com a jardineira, o tio de Maria Alcina; o jagunço Raimundo. A jardineira era um precursor do ônibus, que era o meio de transporte para as outras pequenas cidades do interior paulista. Fazia tempo que não se tinha notícias da família, que ficara em Alagoas e agora chegava o tio com fama de valentão.

                 Ele era calado e bastante desconfiado, mas, um dia sentou-se no tronco da árvore em frente à casa e chamou as crianças, que brincavam na rua.

          – Vou contar para vocês histórias da minha terra, pois conheci Lampião, até andei um tempo acompanhando o bando dele.

          O nome de Lampião surtia efeito na mesma hora, o jagunço era o terror do sertão e Raimundo sabia disso.

         Em seguida, juntaram-se ao seu redor uma porção de crianças das redondezas e alguns adultos, que estavam por ali. Queriam ouvir suas histórias sobre o rei do cangaço, o Lampião, temido por todos. Raimundo contou tantas atrocidades cometidas pelo bando de jagunços e outras coisas fantasiosas envolvendo fatos macabros de terror. As crianças ficaram boquiabertas e morrendo de medo.

          Na noite seguinte, ele começou dizendo que iria contar uma história sobre um lobisomem e as crianças se juntaram novamente, pareciam hipnotizadas, para ouvir os relatos sobre um homem, que virava lobisomem. O fato acontecia as sextas-feiras de lua cheia, quando o relógio batia meia-noite. E, especialmente um caso que aconteceu em uma noite de lua cheia numa sexta-feira santa.

           Todos se espremeram, ali vinha outra história de arrepiar, ainda mais que a sexta-feira da paixão se aproximava. A plateia era cada vez maior, juntaram-se as mulheres e os vizinhos também.

          Ele sabia como prender a atenção das crianças e adultos; todos ficavam embevecidos ao ouvir o jagunço contar fatos de sua terra. Então, ele começou dizendo que perto do rio, lá no sertão nordestino, morava um homem temido por todos na região.

             Chamava-se Tião Bento e era manco de uma perna. Diziam que tinha sido mordido por uma cobra cascavel, que o deixara vivo, mas com um grande aleijão em forma de ferida permanente e, que por essa razão ele tinha conluio com o demonio. Ninguém antes sobrevivera a uma picada de cobra cascavel naquelas redondezas. A história que envolvia o Tião Bento era de arrepiar e as crianças tremiam de medo, mas não arredavam pé do lugar.

           Acomodaram-se de qualquer jeito, sentadas no chão ou em pé mesmo. A expectativa era grande, pois o assunto era interessante e assustador.

Um texto de Eva Ibrahim


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