CAPÍTULO DOIS
Saulo foi para sua casa e
perguntou para Vanda, se tinha acontecido alguma coisa no dia anterior.
– Não senhor, não aconteceu nada
ontem. A moça respondeu com convicção.
– Você se lembra se tinha alguém
com gripe ou tosse, nos lugares em que vocês estiveram? Perguntou o homem, estava nervoso.
- Não senhor, mas a semana passada
quando fomos à manicure, havia uma moça, que estava esperando para ser atendida,
com muita tosse e gripe. Vanda contou para seu patrão, havia se lembrado
daquele fato.
– Meu Deus, será que a pessoa
estava com o Coronavírus? Como você não pegou nada? Perguntou Saulo para a
colaboradora.
- Alana ficou internada e
terei que levar as meninas para minha irmã cuidar. O médico disse que temos que
deixar as crianças longe daqui, até que passe o tempo da incubação em mim e em
você, que tivemos contato com ela. São quatorze dias que devemos ficar em casa,
longe de nossos familiares. Você ficará fora do serviço, até que passe esse
prazo; está dispensada.
Saulo pegou uma mochila,
colocou roupas para as filhas e foi para a casa de sua irmã. Despediu-se no
portão, em seguida dirigiu-se ao hospital, queria notícias de sua esposa.
Ficou duas horas esperando para
falar com o médico, que atendeu Alana e quando ele apareceu, as notícias não
eram boas.
- Sua esposa não está nada bem,
estamos tentando tudo, para que ela não precise ser entubada. No entanto, a
situação é grave, estamos coletando exames para chegar a um diagnóstico. O raio
x indica comprometimento pulmonar. Por enquanto é só o que eu posso dizer e se
afastou, tinha muita gente esperando por ele.
Saulo ficou na portaria sem saber o
que fazer, queria ver sua mulher, mas ninguém podia entrar no hospital. Estava
instalada a maior pandemia já vista, no planeta terra. O homem saiu dali
cabisbaixo, estava aniquilado, não sabia o que fazer.
Havia um mal-estar geral na
população com as últimas notícias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) havia
decretado pandemia mundial de um novo vírus, descoberto na China e que ganhava
proporções mundiais. Falava-se em isolamento social e ninguém sabia como seria
o dia seguinte.
A
cada nova notícia nos meios de comunicação, a população ficava mais atenta e
temerosa. Falavam em mortes provocadas pelo vírus desconhecido e letal; as
notícias eram terríveis. E, em consequência disso, providências austeras e temidas
seriam instaladas. Corriam notícias que iriam fechar as estradas, o comércio,
os cinemas, os teatros, os hotéis e que as pessoas teriam que ficar restritas
em casa.
A população, estarrecida, ouviu dos seus
dirigentes aquelas palavras, como se fosse uma sentença de morte. Como seria dali para a
frente? Essa pergunta martelava na cabeça da maioria das pessoas; era o
isolamento social.
Somente as farmácias e
supermercados ficariam abertos. Estava decretado o medo na população mundial.
Medo de morrer, medo de perder algum ente querido, medo de perder o emprego,
medo de não ter dinheiro para as necessidades básicas, medo de passar fome,
esses eram os sentimentos de todos.
Saulo sentou-se num banco do
jardim do hospital, estava sem rumo; precisava pensar. Não poderia perder sua
mulher, agora se dava conta de quanto a amava.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa