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quarta-feira, 6 de maio de 2020

"CADA VOLTA É UM RECOMEÇO" "(...) NESSES DESENCONTROS, EU INSISTO EM TE ENCONTRAR. COMO SE EU PARTISSE, JÁ PENSANDO EM VOLTAR. COMO SE NO FUNDO, EU NÃO PUDESSE EXISTIR SEM TER VOCÊ. TODA VEZ QUE VOLTO, EU TE VEJO SEMPRE IGUAL. COMO SE A SAUDADE FOSSE A COISA MAIS BANAL. E EU CHEGANDO SEMPRE COMO UM LOUCO, PRA DIZER QUE AMO VOCÊ, AMO VOCÊ" COMPOSITORES: PAULO SÉRGIO KOSTENB VALLE/ NELSON DE MORAIS FILHO - CANTORES: ZEZÉ DI CAMARGO E LUCIANO

                                  ÁGUAS TURVAS

CAPÍTULO DOIS
              Saulo foi para sua casa e perguntou para Vanda, se tinha acontecido alguma coisa no dia anterior.

              – Não senhor, não aconteceu nada ontem. A moça respondeu com convicção.

              – Você se lembra se tinha alguém com gripe ou tosse, nos lugares em que vocês estiveram?  Perguntou o homem, estava nervoso. 

            - Não senhor, mas a semana passada quando fomos à manicure, havia uma moça, que estava esperando para ser atendida, com muita tosse e gripe. Vanda contou para seu patrão, havia se lembrado daquele fato.

              – Meu Deus, será que a pessoa estava com o Coronavírus? Como você não pegou nada? Perguntou Saulo para a colaboradora.

               – Eu estava do outro lado da sala, a senhora ficou conversando com ela, estavam bem perto uma da outra.

             - Alana ficou internada e terei que levar as meninas para minha irmã cuidar. O médico disse que temos que deixar as crianças longe daqui, até que passe o tempo da incubação em mim e em você, que tivemos contato com ela. São quatorze dias que devemos ficar em casa, longe de nossos familiares. Você ficará fora do serviço, até que passe esse prazo; está dispensada.

                Saulo pegou uma mochila, colocou roupas para as filhas e foi para a casa de sua irmã. Despediu-se no portão, em seguida dirigiu-se ao hospital, queria notícias de sua esposa.

              Ficou duas horas esperando para falar com o médico, que atendeu Alana e quando ele apareceu, as notícias não eram boas.

            - Sua esposa não está nada bem, estamos tentando tudo, para que ela não precise ser entubada. No entanto, a situação é grave, estamos coletando exames para chegar a um diagnóstico. O raio x indica comprometimento pulmonar. Por enquanto é só o que eu posso dizer e se afastou, tinha muita gente esperando por ele.

           Saulo ficou na portaria sem saber o que fazer, queria ver sua mulher, mas ninguém podia entrar no hospital. Estava instalada a maior pandemia já vista, no planeta terra. O homem saiu dali cabisbaixo, estava aniquilado, não sabia o que fazer.

               Havia um mal-estar geral na população com as últimas notícias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) havia decretado pandemia mundial de um novo vírus, descoberto na China e que ganhava proporções mundiais. Falava-se em isolamento social e ninguém sabia como seria o dia seguinte.

A cada nova notícia nos meios de comunicação, a população ficava mais atenta e temerosa. Falavam em mortes provocadas pelo vírus desconhecido e letal; as notícias eram terríveis. E, em consequência disso, providências austeras e temidas seriam instaladas. Corriam notícias que iriam fechar as estradas, o comércio, os cinemas, os teatros, os hotéis e que as pessoas teriam que ficar restritas em casa.

As crianças não poderiam ficar com seus avós, que eram o principal grupo de risco, que morriam rapidamente sob o ataque do novo vírus. 

No dia vinte de março, com a população de olhos pregados na tela da televisão, as autoridades, com ar solene, determinaram o fechamento das escolas, comércio e a proibição de qualquer atividade ou reunião de pessoas. Ninguém deveria sair de casa, somente em caso de extrema necessidade.

                A população, estarrecida, ouviu dos seus dirigentes aquelas palavras, como se fosse uma sentença de morte. Como seria dali para a frente? Essa pergunta martelava na cabeça da maioria das pessoas; era o isolamento social.

            Somente as farmácias e supermercados ficariam abertos. Estava decretado o medo na população mundial. Medo de morrer, medo de perder algum ente querido, medo de perder o emprego, medo de não ter dinheiro para as necessidades básicas, medo de passar fome, esses eram os sentimentos de todos.

               Saulo sentou-se num banco do jardim do hospital, estava sem rumo; precisava pensar. Não poderia perder sua mulher, agora se dava conta de quanto a amava.

              Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

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