CAPÍTULO
DOIS
O mundo estava diferente, tinha um
brilho nunca antes percebido por aquele rapaz, que queria dançar, abraçar as pessoas,
brincar com os animais; estava eufórico. Quando entrou na casa de sua prima,
admirou uma rosa no jardim.
– Quem colocou essa flor aí? Não
estava aí antes! Parou e contemplou sua beleza.
Em seguida, com um sorriso
diferente de contentamento, entrou e foi para seu quarto, precisava pensar. Jogado
na cama, esquecera-se de tudo, seu pensamento estava longe.
A prima foi chama-lo para o jantar.
Pedro estava deitado sobre o leito olhando para o teto, então, ela percebeu que
ele estava diferente e foi logo perguntando:
- Está tudo bem? Você entrou direto
para o quarto, está se sentindo mal?
O rapaz sorriu, estava em transe,
nem ele sabia o que estava sentindo, mas gostava da sensação inebriante, que se
alojara em seu peito. Ao pensar em Gilda seu coração disparava, precisava daquela
mulher em sua vida.
- Não se preocupe Lola, conheci uma
moça que está me tirando do sério. Acho que estou apaixonado, não consigo
tirá-la do pensamento.
Em seguida, sentou-se na cama e viu
que ainda estava com a roupa do trabalho.
- Vou tomar banho e já desço para
o jantar.
A prima saiu dali sorrindo, o
sintoma de amor era igual para todos. Lembrou-se de quando se apaixonara por
Vitório, ainda gostava dele, mas aquela sensação eletrizante dos primeiros
tempos, já não existia mais. Estavam acostumados um com o outro e o fogo se
apagou, ficou a certeza da presença constante de cada um.
Dando na vista, Pedro queria ficar
sozinho, para rever os momentos em que estivera perto daqueles olhos verdes.
Tinha muitas coisas para perguntar a ela, mas teria que ir devagar para não
assusta-la, não queria perde-la. Ligou a Televisão, mas não conseguia se
concentrar, depois sentou-se em frente ao computador e, não sabia o que queria
ali.
Assim, apagou a luz e ficou deitado
no escuro, precisava pensar em como agir com aquela deusa. Dormiu e sonhou que
ela estava acompanhada de outro rapaz, acordou suando.
- Ainda bem que foi somente um
sonho, pensou e foi lavar o rosto na pia do banheiro. Estava realmente
perturbado, nunca sentira nada parecido com aquilo
O dia amanheceu e ele tratou de
tomar um banho caprichado, queria ficar bonito para rever sua musa. Saiu antes
da hora, precisava guardar lugar para ela, que subia no metrô uma estação
depois dele.
Quando ela entrou, seu coração
disparou, ela estava mais linda ainda, como se isso fosse possível. Ele sorriu
e ela retribuiu, depois sentou-se no lugar dele e na hora de sair, ele,
instintivamente, tocou no braço dela. Sentiu um arrepio, aquele fora um toque
de amor. Ela não fugiu, apenas aceitou normalmente. Gilda parecia gostar da
presença dele, que se mostrava solícito com ela.
Seguiram juntos até a empresa,
cerca de um quilômetro, mas quando entraram, ele lamentou baixinho.
- Poderia ser mais distante. Não
tive tempo de conversar quase nada.
Depois disse:
- Até mais tarde, desejando estar
com ela o tempo todo.