OLHANDO
O RIO
CAPÍTULO
SEIS
O rapaz foi bem recebido pela
família de Gilda, pai mãe e irmão. A moça tinha sofrido um trauma com o assalto
e precisava de apoio. Pedro dormiu no quarto de Lionel, o irmão mais novo da moça. Conversaram bastante antes de dormir, tinham afinidades. Ele estava
feliz por estar tão perto dela, separado apenas por uma parede. Demorou a pegar
no sono, estava muito emocionado, não conseguia relaxar.
Como era verão, não foi surpresa o
temporal que caiu à noite. Muitos relâmpagos e trovões ocasionaram a perda da
energia elétrica, que perdurou até o amanhecer. Pedro teve pesadelos na
escuridão da noite, reviveu todo o assalto, acordou sobressaltado.
O domingo amanheceu ensolarado e
depois do café ficou combinado, que todos iriam almoçar peixe na beira do rio
Piracicaba, mais precisamente, na Rua do Porto
Ao meio dia, a família entrou no
automóvel em direção ao restaurante. Margearam o rio, que estava cheio,
majestoso, com suas águas barrentas por causa das chuvas dos últimos dias. A rua
estava em festa com a fartura de peixes e nas suas margens havia muitos pescadores, com varas,
tentando fisgar algum para o almoço.
O rio, cheio, caminhando revolto
sobre seu leito de pedras, enchia os olhos dos turistas ali presentes. A
umidade deixada pela chuva, brilhava com o Sol da manhã, dando esplendor à
natureza.
Gilda escolheu um restaurante, que
proporcionava a vista do rio de uma maneira panorâmica. Era uma paisagem de
encher os olhos pela sua grandeza. A família se acomodou em uma mesa próxima do
parapeito protetor, dali podiam ouvir o barulho das águas. Pedro, então levantou-se
da mesa e deixando sua timidez de lado, disse:
- Com todo o respeito que Gilda e todos
merecem, eu peço licença para fazer um pedido.
- Queria pedir permissão para namorar,
oficialmente, esta moça bonita, que aqui se encontra. Estou apaixonado por ela,
que me encantou com esses lindos olhos verdes.
A moça corou, não esperava aquela
declaração de amor diante da sua família. E como todos os olhares estavam
fixados nela, ela se manifestou dizendo:
- Pedro! Não se usa mais pedir as pessoas em namoro, namora-se simplesmente. Você é jovem e está se comportando como um homem de antigamente.
Ele deu um leve sorriso e retrucou:
- Gilda, eu sou mineiro e gosto das
coisas bem claras, fui criado dessa maneira e não quero mudar, você aceita
namorar comigo?
- Para mim, eu já estava namorando,
mas eu digo sim, se você preferir.
Todos riram pela maneira que ela
disse isso e concordaram com o rapaz, estava oficializado o namoro.
Uma enorme travessa com um peixão
assado foi colocada no centro da mesa e os acompanhamentos ao redor. Um perfume
convidativo saia daquela comida maravilhosa, então, todos se concentraram no
consumo do alimento.
Cerca de quarenta minutos se
passaram entre olhares furtivos de um para o outro. O clima era de alegria e o
domingo de festa da natureza. Na mesa restou somente a espinha do peixe, que
foi servido e degustado com prazer.
Sentados e satisfeitos ficaram
olhando o rio Piracicaba, enquanto esperavam a sobremesa. Um lindo lugar para
marcar o início da felicidade do novo casal.
De mãos dadas, os dois saíram dali,
estavam felizes e Pedro não se cansava de olhar nos olhos da sua amada. Eram olhos
profundos e brilhantes, como se fossem duas esmeraldas, que o enfeitiçaram para
sempre.
Um Texto de Eva Ibrahim Sousa