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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

"AMAR" "...AMAR SOLENEMENTE AS PALMAS DO DESERTO, O QUE É ENTREGA OU ADORAÇÃO EXPECTANTE, E AMAR O INÓSPITO, O CRU, UM VASO SEM FLOR, UM CHÃO DE FERRO, E O PEITO INERTE, E A RUA VISTA EM SONHO, E UMA AVE DE RAPINA." CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

DE VOLTA À VIDA

CAPÍTULO SEIS
           O paciente permaneceu mais dez dias na enfermaria e, finalmente, apresentava condições de receber alta e voltar ao seu lar. Motivo de alegria e felicidade para toda a família, no entanto, Rosa e Quirino temiam as conversas do filho. Alceu parecia acreditar no que dizia e seus pais não podiam contrariar o rapaz. Ele convalescia de uma terrível intoxicação, que quase o matou.

           Para não piorar a situação, acabavam concordando com tudo que o filho dizia. Mas, aquela história da pombinha merecia uma explicação ou até uma investigação. Quirino ouvira falar de um centro espírita, que poderia ajudar a família a entender os fatos. Iria procurar ajuda para o Alceu, esclarecendo tudo aquilo de maneira racional.

            O paciente voltou para casa e parecia tranquilo, estava razoavelmente bem, no entanto, havia momentos em que sua mãe ficava assustada. Por diversas vezes, Rosa parou na porta do quarto espantada, vendo o filho conversar com alguém invisível. Ela estava ficando muito preocupada com a sanidade mental do filho. André e Marília já estavam reclamando do irmão, que só falava em aparições e vozes, que somente ele via e ouvia.

            O médico, que atendeu o paciente em seu retorno, ficou surpreso com a situação relatada pelos pais e encaminhou o rapaz ao psicólogo. Alceu foi à três sessões com a psicóloga indicada pelo médico, mas ele parecia mais distante da realidade do que antes, então, Quirino resolveu leva-lo ao centro espírita.

         O rapaz não queria ir à casa de assistência espiritual, mas foi convencido pela mãe, que o acompanhou na primeira visita. Chegando lá foram recebidos com cordialidade e encaminhados para uma roda de estudos.

            No salão principal havia cerca de quarenta pessoas, jovens, adultos e idosos. Estavam sentados em cadeiras formando uma roda ovalada, cada um tinha um caderno em suas mãos. Gentilmente foram colocadas mais duas cadeiras, para acolher mãe e filho.

            Um senhor moreno conduzia os estudos, cada pessoa havia levado uma tarefa para casa. E, um de cada vez se levantava e lia o que havia conseguido como resposta à pergunta, que havia retirado do pequeno baú de conhecimentos.

         Alceu ficou interessado pelos assuntos discorridos ali. Em seguida, foi encaminhado para tomar passes com os médiuns, que com a imposição das mãos e desejos profundos de amor, paz e cura, destilavam energia positiva. As pessoas saiam dali com uma sensação de bem-estar e bons pensamentos.

       Mãe e filho deixaram o local felizes, era um ambiente de paz e serenidade, tudo que Rosa buscava para sua família. Alceu fez amizades na comunidade espírita e não perdia as reuniões, mesmo quando Rosa não podia ir, ele comparecia.

           E foi ali que ele conheceu Elisa, a mulher de sua vida. Os dois estavam sempre juntos e ela o ajudava nos estudos bíblicos e no curso técnico que ambos faziam à noite.

            Durante o dia ele ajudava seu pai na mercearia e a noite ia à escola ou ao centro espírita. Assim, com seus dias tomados por compromissos e o namoro com Elisa, Alceu não teve mais visões. 

           - Estava curado ou apenas aprendera a controlar seus pensamentos?Ás vezes, ele se perguntava isso.

           Sentia-se feliz e desejava viver intensamente; era jovem e esperava muito da vida.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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