DE
VOLTA À VIDA
CAPÍTULO
SEIS
O paciente permaneceu mais dez dias
na enfermaria e, finalmente, apresentava condições de receber alta e voltar ao
seu lar. Motivo de alegria e felicidade para toda a família, no entanto, Rosa e
Quirino temiam as conversas do filho. Alceu parecia acreditar no que dizia e seus
pais não podiam contrariar o rapaz. Ele convalescia de uma terrível intoxicação,
que quase o matou.
Para não piorar a situação,
acabavam concordando com tudo que o filho dizia. Mas, aquela história da pombinha
merecia uma explicação ou até uma investigação. Quirino ouvira falar de um
centro espírita, que poderia ajudar a família a entender os fatos. Iria
procurar ajuda para o Alceu, esclarecendo tudo aquilo de maneira racional.
O paciente voltou para casa e parecia
tranquilo, estava razoavelmente bem, no entanto, havia momentos em que sua mãe
ficava assustada. Por diversas vezes, Rosa parou na porta do quarto espantada,
vendo o filho conversar com alguém invisível. Ela estava ficando muito
preocupada com a sanidade mental do filho. André e Marília já estavam
reclamando do irmão, que só falava em aparições e vozes, que somente ele via e
ouvia.
O médico, que atendeu o paciente em
seu retorno, ficou surpreso com a situação relatada pelos pais e encaminhou o
rapaz ao psicólogo. Alceu foi à três sessões com a psicóloga indicada pelo
médico, mas ele parecia mais distante da realidade do que antes, então, Quirino
resolveu leva-lo ao centro espírita.
O rapaz não queria ir à casa de
assistência espiritual, mas foi convencido pela mãe, que o acompanhou na
primeira visita. Chegando lá foram recebidos com cordialidade e encaminhados
para uma roda de estudos.
No salão principal havia cerca de
quarenta pessoas, jovens, adultos e idosos. Estavam sentados em cadeiras
formando uma roda ovalada, cada um tinha um caderno em suas mãos. Gentilmente
foram colocadas mais duas cadeiras, para acolher mãe e filho.
Um senhor moreno conduzia os
estudos, cada pessoa havia levado uma tarefa para casa. E, um de cada vez se
levantava e lia o que havia conseguido como resposta à pergunta, que havia
retirado do pequeno baú de conhecimentos.
Alceu ficou interessado
pelos assuntos discorridos ali. Em seguida, foi encaminhado para tomar passes
com os médiuns, que com a imposição das mãos e desejos profundos de amor, paz e
cura, destilavam energia positiva. As pessoas saiam dali com uma sensação de
bem-estar e bons pensamentos.
Mãe e filho deixaram o local felizes,
era um ambiente de paz e serenidade, tudo que Rosa buscava para sua família.
Alceu fez amizades na comunidade espírita e não perdia as reuniões, mesmo
quando Rosa não podia ir, ele comparecia.
E foi ali que ele conheceu Elisa, a mulher de
sua vida. Os dois estavam sempre juntos e ela o ajudava nos estudos bíblicos e
no curso técnico que ambos faziam à noite.
Durante o dia ele ajudava seu pai
na mercearia e a noite ia à escola ou ao centro espírita. Assim, com seus dias
tomados por compromissos e o namoro com Elisa, Alceu não teve mais visões.
- Estava curado ou apenas aprendera a controlar seus pensamentos?Ás vezes, ele
se perguntava isso.
Sentia-se feliz e desejava viver intensamente; era jovem e esperava muito da vida.
Sentia-se feliz e desejava viver intensamente; era jovem e esperava muito da vida.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa