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quarta-feira, 29 de julho de 2020

"ROUPA NOVA"- "LINDA DEMAIS"(...) VEM, FAZER DIFERENTE O QUE NINGUÉM FAZ. FAZ PARTE DE MIM, ME INVENTA OUTRA VEZ. VEM CONQUISTAR MEU MUNDO, DIVIDIR O QUE É SEU, MIL BEIJOS DE AMOR. EM MUITOS LENÇÓIS SÓ EU E VOCÊ. (...)" COMPOSITORES: EURICO PEREIRA DA SILVA FILHO/ LUÍS OCTÁVIO PAES DE OLIVEIRA.

CORAÇÃO ALADO

CAPÍTULO QUATRO
             Otávio ficou parado em frente ao portão, então Júlia o convidou a entrar e ficaram se olhando, como se estivessem hipnotizados. A conversa discorreu entre citações de medos passados, durante a aterrissagem do avião, e as dores sofridas pelos ferimentos. Havia ansiedade no olhar do rapaz, queria falar de Liana, mas temia que Júlia se afastasse dele, então calou-se.     
          
          A moça tinha o tornozelo dentro de uma tala ortopédica e a testa com um curativo fechado. Ela estava mais bonita com bandagens e aquele ar de carência afetiva, sem dúvida, ansiava por carinho.

           O rapaz mantinha o braço esquerdo em uma tipoia, dizia ter muitas dores aos pequenos movimentos e ao se mexer na cama, a dor era lancinante. Quando dizia isso, fazia uma cara de horror, que comovia a todos. Eram dois sobreviventes, que tinham a sorte de ter resistido a um acidente de avião.

           Depois das apresentações, a mãe da moça convidou o rapaz para o jantar, estava agradecida por ele ter ajudado sua filha. Queria demonstrar o quanto apreciava seu gesto. Júlia também demonstrou gosto, pela presença dele no jantar.

             Ele concordou dizendo que voltaria mais tarde, queria conhecer melhor a moça. Na verdade, seu coração já estava irremediavelmente encantado com a companheira de viagem. Percebeu nos olhares dela a mesma aceitação, que havia em seu coração.

             Otávio saiu dali com uma certeza incontestável, teria que romper seu noivado, antes de se declarar à Júlia. Sentia que estava em uma enrascada, não queria sair da situação como um canalha. Mas precisava de um milagre para Liana aceitar o rompimento. Os anseios de sua noiva iam na direção contrária, do que ele desejava.

              Chegou em sua casa rapidamente, nem reparou nas coisas que havia pelo caminho; Otávio estava absorto. Foi se deitar dizendo estar com dores, queria ficar sozinho e pensar em uma solução para acabar com seu noivado; estava confuso.

              Acabou adormecendo e quando acordou, sua mãe disse que a sua noiva havia ligado três vezes. Então, ele sentou-se na cama e pediu para sua mãe sentar-se ali perto, queria conversar. Expôs a ela a situação em que se encontrava. Helena, sua mãe, franziu a testa e perguntou?

              – Que conversa é essa? Como você vai explicar isso para os pais de Liana?

             - Mãe, eu sou jovem e tenho que pensar no meu futuro, o mundo está lá fora cheio de promessas e eu quero conquista-lo. Além do mais, conheci a Júlia que me encantou imediatamente, hoje vou jantar na casa dela.

             - Meu Deus! Isso me preocupa muito, vai ver sua noiva por favor e pense bem, antes de falar qualquer coisa que possa magoá-la. Retrucou sua mãe.

            Otávio foi até a casa de Liana, no entanto, não queria nenhum contato físico com ela. Mas, a moça estava sedenta por abraçá-lo e beijá-lo depois de seis meses de separação. Foi agarrado e teve que corresponder aos abraços, não dava para se esquivar.

            O rapaz foi subjugado ao amor de sua noiva, estava constrangido, mas não conseguiu fugir. Ela não percebeu nada, pensou que ele sentia dores, por isso se afastava dela. Passou duas horas, durante a tarde, com Liana e a noite teria o jantar com Júlia. Sentia-se um verdadeiro traidor, não resistiu ao assédio de sua noiva.

             A noite chegou e ele foi ao jantar na casa de Júlia; estava cheio de remorsos, mas não poderia recusar um convite tão amável. Tinha o propósito de contar a ela sobre seu noivado, mas lhe faltava coragem. Depois do jantar, os dois foram sentar-se na sala, queriam ficar a sós; havia muita coisa no ar.

            Ela estava tão bonita e ele a mantinha encostada em seu ombro, sentia um perfume suave, que exalava de seus cabelos, deixando-o entregue aos seus desejos mais íntimos. Ali estava a mulher de seus sonhos, mas era proibida para ele. Seu coração estava alado, pulava de um lado para outro. Era Liana se impondo e Júlia se insinuando.

          -O que fazer? Precisava de uma luz para sair daquela situação ou estaria perdido.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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