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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

"QUEM NÃO COMPREENDE UM OLHAR, TÃO POUCO COMPREENDERÁ UMA LONGA EXPLICAÇÃO." MÁRIO QUINTANA---LINDO É QUANDO DOIS OLHARES SE CRUZAM. EVA IBRAHIM


TENTAÇÃO

CAPÍTULO QUATRO
         Olívia parecia ter rejuvenescido pelo menos dez anos; estava mais bonita e tinha outro brilho no olhar. D.Estela fez uma observação quando viu a vizinha, pois ficou admirada pela sua mudança.

         – Ela iria a algum outro lugar, depois da visita? Estava toda arrumada e de sapatos de salto; parecia outra mulher.

          – Não, respondeu, prontamente, Olívia, apenas sentira vontade de se arrumar um pouco, afinal, era domingo...

         As duas mulheres ficaram, algum tempo, aguardando as revistas de praxe, para depois adentrarem a área destinada às visitas na Penitenciária do Estado. João Paulo estava de uniforme do presídio, porém, limpo e cheiroso, aguardando sua visita chegar. E, quando viu que sua mãe estava acompanhada de Olívia, abriu aquele sorriso, que amolecia as pernas dela e tinha o poder de encantá-la. A mulher parecia hipnotizada, não conseguia desviar seu olhar daquele homem, que tomara conta de seu coração, que batia loucamente.

         Os três conversaram um longo tempo, a mãe, o filho e a vizinha. João Paulo queria saber da vida de Olívia, também estava interessado. Os olhares se cruzavam a todo instante, havia uma interação entre os dois, que dispensava palavras. Ela entregou as frutas ao prisioneiro, que aproveitou para segurar as mãos dela, por um longo tempo, entre as suas. Então, seus olhares cruzaram com muitas promessas inconfessáveis; ali nascia uma paixão proibida. A mãe do rapaz se mantinha alheia ao que estava acontecendo, para ela bastava o filho estar feliz.

         Ao chegar a sua casa, Olívia sentiu-se culpada, ali morava seu marido e os filhos. Ela gostava de tudo que havia ali, era a sua vida que estava em jogo.

         - Como ela poderia ficar pensando em outro homem? Agora ela compreendia o que o Padre pregava, quando dizia que pecamos com pensamentos, palavras e obras. As pessoas podem trair com os pensamentos também, e são traições profundas. Concluiu seus pensamentos, sentindo-se envergonhada e com medo do castigo divino.

         Sentiu um calafrio e seu corpo ficou todo arrepiado. Olívia tratou de se benzer e prometeu aos céus tirar aquelas ideias pecaminosas da cabeça. Entretanto, a toda hora se surpreendia pensando em João Paulo. Ela queria que o marido voltasse logo, queria se esquecer daquela história. Nunca traíra o marido e não o faria agora, tinha muita coisa a perder, inclusive o respeito dos filhos.

        Na sexta-feira Olívia deixara tudo arrumado, Antônio chegaria de madrugada, ela o trataria com muito amor. Teria que valorizar o que era dela e não ficar sonhando com um estranho. Estava convicta de que o melhor seria se concentrar em seu casamento e tratar de esquecer João Paulo.

         Ela se deitara mais cedo, pois, teria que se levantar de madrugada quando Antônio chegasse. Entretanto, acordou com o telefone tocando. Olhou no relógio, já passava das duas da madrugada; era o seu marido dizendo que estava preso na estrada.  

           Ele estava na região serrana, chovia muito e houve deslizamento de terras; ninguém sabia quando seria liberada a passagem de veículos pesados. Havia uma fila enorme de caminhões parados, ele poderia demorar dias se a chuva não parasse logo, disse o marido desolado.

         Olívia levantou-se e foi até a cozinha, não conseguiria dormir novamente, ficaria sozinha durante o final de semana e não poderia nem pensar nas consequências. Sabia que estava sofrendo uma tentação, porém, tentaria resistir.

Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
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