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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

"MÁSCARA NEGRA" "TANTO RISO. OH! QUANTA ALEGRIA, MAIS DE MIL PALHAÇOS NO SALÃO. ARLEQUIM ESTÁ CHORANDO PELO AMOR DA COLOMBINA, NO MEIO DA MULTIDÃO." (...). CANTORA: DALVA DE OLIVEIRA. COMPOSITORES: HILDEBRANDO PEREIRA MATOS/ JOSÉ FLORES DE JESUS.:

NO MUNDO DAS FANTASIAS

CAPÍTULO TRÊS
           Murilo estava radiante com os últimos acontecimentos, saíra ileso da situação em que se encontrava. Leonel o salvou e agora ele estava livre para curtir o carnaval na Sapucaí. Vestido com uma bermuda branca, uma camisa florida e colar havaiano, estava pronto para se divertir.

           Adentrou o recinto e procurou um lugar na pista, do qual ele pudesse ver a evolução da bateria e encher seus olhos de orgulho. Ele estava feliz, por ter conquistado uma mulher tão bonita, sua musa do carnaval, Raquel. Iria acompanhar a bateria e sua amada, até a chegada na dispersão.

            Na verdade, Murilo estava muito apaixonado e não pensava mais em sua condição de homem casado e pai de família. A rainha da bateria era uma boa mulher, mas fora ferida pela vida e trazia no peito uma grande mágoa contra a sociedade.

             A morte de seu companheiro por bala perdida criou uma revolta dentro de seu coração.  E, ela não se importava se estava ou não ferindo outras pessoas. Encontrara em Murilo um bálsamo para suas feridas, era só o que ela buscava.

O tema da escola de samba era sobre as lendas da floresta amazônica e a música sugestiva, falava sobre fatos criados ou contados por nativos, que juravam serem verídicos. A bateria dava o tom para o puxador do samba e Raquel fazia evoluções na pista do Sambódromo.

A comissão de frente era formada por indígenas e o carro abre-alas trazia uma grande onça pintada, que rugia de tempos em tempos. A plateia aplaudia freneticamente a apresentação, que continha muitos efeitos especiais.

As letras do samba enalteciam a floresta e sua população de nativos, animais, aves e toda a vida ali existente. A evolução do tema da escola acontecia no esquema exigido, pelas regras estabelecidas anteriormente.

 Havia luzes piscando, névoas coloridas sendo lançadas na avenida e sons característicos de cada animal ou pássaro, que aparecia nos muitos carros alegóricos. As alas formadas por pessoas fantasiadas, com roupas alusivas ao tema escolhido, ficavam preenchendo os espaços entre os carros.

A bateria avançava atrás do carro abre-alas e Murilo a seguia com os olhos pregados em Raquel. Lá no fundo, ele acalentava a ideia de pedir para ela abandonar a escola de samba. Ele sentia-se aflito e ansioso ao vê-la rodopiar na pista, com tão pouca roupa; sentia ciúmes dela. Era sua mulher e ele acalentava uma fantasia, de abandonar Lívia e viver com Raquel.

Os carros alegóricos são distribuídos, estrategicamente, entre as alas, compondo o enredo em consonância com a letra da música tema. Os componentes do grupo, que dançam e cantam no chão da pista do Sambódromo, vestem as fantasias coloridas com as cores da escola, para fazer pano de fundo à história desenvolvida na avenida.

 Muitas pessoas seguem a música acompanhando a escola de samba. Em dado momento, a bateria entra em um bolsão de retirada e fica aguardando a evolução da escola, depois segue atrás, até a dispersão. Murilo ficou parado junto da bateria, apreciando Raquel em sua apresentação, estava vigiando o seu amor.

 Os juízes analisam os seguintes quesitos: bateria, samba-enredo, harmonia, evolução, conjunto, enredo, alegorias e adereços. Também serão contabilizadas as notas recebidas sobre as fantasias, desempenho da rainha da bateria, comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeiras, além de observado o tempo do desfile, que deve ficar em torno de uma hora. Se o tempo for além do permitido, haverá penalização com perda de pontos.

Muitas alas são fixas e devem ser apresentadas conforme cronograma pré-estabelecido. As fantasias são elaboradas, ricas em enfeites, cores, plumas e pedrarias. Principalmente os destaques de cada carro alegórico, a rainha da bateria e os casais de porta-bandeiras. A comissão de frente deve surpreender o público, sempre, com inovações.

               A apresentação de cada escola deve se preparar para cumprir as regras e obrigatoriedades, que foram criadas para que a avaliação, seja o mais justa possível. A escola que menos erros apresentar, terá maiores chances de vencer e se tornar a campeã do ano em curso.

             Observando também, que deverá conquistar o público presente com sua beleza, desenvoltura e consistência no enredo. A escola que levanta o público, arrancando aplausos e elogios será, provavelmente, uma das primeiras colocadas.

            Podemos tomar como exemplo o casal de mestre-sala e porta-bandeiras. O mestre-sala não deve ficar de costas para sua companheira. Deve cortejá-la, rodopiar ao seu redor, dando a entender que é seu protetor. E, ela não pode deixar a bandeira se enrolar, mas mantê-la sempre aberta e altiva.

           Assim, em meio à multidão euforicamente agitada, o tempo passava e a apresentação da escola, a qual Raquel representava, chegava ao seu final.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa.

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