POR UM SORRISO SEU
CAPÍTULO QUATRO
Renato foi dormir meio amortecido
pela bebida, na verdade ele se jogou na cama do jeito que estava; não queria
lembrar-se daquele dia e de Alice no Hospital. Teve uma noite conturbada, cheia
de pesadelos; não conseguiu descansar e acordou com dores em todo o corpo.
O dia amanheceu e os seus problemas
continuavam ali, para atormentá-lo, não queria acreditar que havia acontecido
tudo aquilo no dia anterior. Ele e Alice estavam tão felizes e agora ela estava
no Hospital, cheia de dores. Entrou no chuveiro, queria tirar toda aquela
sensação de sujeira de seu corpo e depois visitar a sua noiva.
Quando
conseguiu permissão para entrar no quarto em que Alice estava, sentiu-se mal;
ela estava na Unidade de Terapia Intensiva com mais quatro pessoas em estado
grave. Estava semiconsciente, gemendo e bastante agitada. Renato tentou falar
com ela, porém, Alice não o reconheceu e continuou naquele estado de ausência
dolorosa.
O
médico explicou que não poderia sedá-la mais, pois queria que acordasse
espontaneamente; ainda estava sob o efeito da anestesia. Tinha muitas dores,
mas logo estaria melhor e seria transferida para um quarto. Estava ali em
recuperação anestésica, após horas de cirurgia. O rapaz saiu chorando e
encontrou os pais de Alice na recepção, que tentaram acalmá-lo.
A
filha ficaria boa, aqueles eram apenas momentos difíceis, que estavam passando.
O médico havia explicado a eles todo o procedimento que Alice fora submetida. Que
ele fosse trabalhar e voltasse mais tarde; eles ficariam ali. Renato saiu de
cabeça baixa, estava muito triste, no entanto, precisava abrir a clínica para
cuidar dos animais que estavam sob sua responsabilidade.
Trabalhou duro para não pensar em
Alice e na hora do almoço ele e seu auxiliar vasculharam toda a região em busca
do cão que fora o causador do acidente. Sua dona estivera ali, procurando o
animal fugitivo. Mas não conseguiram encontra-lo; a mulher estava inconsolável.
Renato respondeu aos que
perguntaram sobre a saúde da moça, dizendo que ela ficaria bem; ele precisava
acreditar naquilo. Por diversas vezes, telefonou para saber como a moça estava e
foi informado de que no final da tarde seria transferida para o quarto. Então,
o rapaz ficou mais tranquilo, iria visita-la.
Foi mais cedo para sua casa e tratou
de arrumar-se para ver a moça, queria pedir-lhe desculpas por todo aquele
sofrimento. Juntos iriam enfrentar aquela batalha, estavam comprometidos para
todos os momentos.
Estacionou seu veículo perto de uma banca de
flores, comprou um vaso com flores vermelhas, porém, não se lembrava do nome das
flores, que a florista lhe disse sorridente.
Em seguida levou para dar à sua amada.
Na
portaria lhe perguntaram aonde iria com aquele vaso. Então ele respondeu:
-
São flores para Alice.
E, quando entregou a ela viu um sorriso se abrir entre
lágrimas.
Ele
abaixou-se para beijá-la e sussurrou ao pé de seu ouvido:
-
Por um sorriso seu, meu amor.
Um
texto de Eva Ibrahim