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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

"O CONSOLO"- TERCEIRO CAPÍTULO DE "ESTAÇÃO SOLIDÃO". "SE A GENTE CRESCE COM OS GOLPES DUROS DA VIDA; TAMBÉM PODEMOS CRESCER COM OS TOQUES SUAVES NA ALMA". CORA CORALINA. AS VEZES, PRATICAR O DESAPEGO É A ÚNICA SAÍDA". EVA IBRAHIM..

                                              O CONSOLO
                                              CAPÍTULO 3

A VELHA IGREJA. 
                                                                                                     29/01/1983  
Estou vendo a Igreja, a mesma que em criança,
O salgado gosto do Batismo senti
Quando a vida era só esperança,
Nos braços da madrinha que me trouxe ali,
Enrolado em um xale azul cheio de trança.
A bênção Divina foi dada com muita pujança.

Estou vendo a Igreja, a mesma que em moço,
Com minha noiva ali me ajoelhei,
Eu e ela trocamos aliança,
Naquele dia de tanto alvoroço.
Tive em meus braços aquela que muito amei,
Coroando um grande amor com muita festança.

Estou vendo a Igreja, a mesma em que tristonho,
Em prantos, para ali transportei,
Inerte, pálida, sem esperança,
A mesma noiva, que o corpo deponho,
Gelada e morta, Oh! Como chorei,
Partiu me deixando somente a lembrança.

Estou vendo a Igreja, a mesma que em sonata,
Tanta canção á Virgem Maria ouvi
Coros de vozes de adultos e criança,
E o órgão dedilhado com muita confiança,
Tocavam minha alma abstrata,
Trazendo-me doce frenesi.

Estou vendo a Igreja, agora agonizante,
Era pequena, mas muito aconchegante,
Já sufocada por uma nova Matriz,
Levando doces e tristes lembranças,
Com minha alma já caminhando,
Revendo o tempo em que fui feliz.

Eu vejo a Igreja em seu dia derradeiro,
Sinto meu corpo também, já no seu temor,
O que antes era força e coragem,
Tornaram passos lentos e tremor,
Tudo na vida é breve e passageiro,
Só permanece para sempre o amor.

 (ALI-BABÁ)

        O consolo chegara de maneira muito estranha, porque depois do estouro da pedra amarela, tudo na vida de Antonio tornara-se mágico e atemorizador. Com a carta na mão ele tentou com o olhar, vislumbrar novamente o mendigo, mas, já não estava mais ali. 
        - Quem seria aquele homem que lhe trouxera uma mensagem que falava de sua dor, seria um enviado de Deus querendo consolá-lo? Um anjo disfarçado de maltrapilho?
       -Tudo bem, pensou Antonio, ele guardaria aquela carta e sempre a leria quando estivesse muito solitário, pois havia alguém sofrendo como ele e há muito tempo, pela data da carta. Lá no fundo do seu coração brotou uma nostalgia pelo seu passado com Verônica; era estranho, lhe trazia conforto. Guardou o papel e seguiu em frente, estava menos triste.

A solidão agora era sua companheira diária. A magia maléfica exercida em sua vida por uma pedra amarela ele queria exorcizar; nada mais ela poderia tirar dele, pois nada tinha; estava sozinho. 
Sentado no banco da praça, Antonio pensava em como tudo aquilo havia começado; talvez fosse bom rever o fato que tanto o atemorizava. 
Um texto de Eva Ibrahim. 
Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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