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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

"SE DER MEDO... FINGE QUE TEM CORAGEM E VAI COM MEDO MESMO". AUTOR DESCONHECIDO-- NÃO DESISTA JAMAIS! EVA IBRAHIM

A FUGA
CAPÍTULO TRÊS
Vitório chegou depois do jantar, pois havia passado no bar para tomar um aperitivo com os amigos. Quando resolveu ir para casa já estava bêbado e de mau humor. Deixou o caminhão em frente à sua residência e entrou gritando o nome da filha. Ana tremeu de medo.
- Será que haviam contado para ele sobre o fogaréu no pasto?

No bar não se falava em outra coisa. Elas souberam no dia seguinte. E, quando ela se aproximou, o pai tirou o cinto e lhe deu diversas lambadas nas pernas enquanto gritava:

– Menina vagabunda, que me envergonha diante dos amigos.

Alda ouviu o barulho, então correu para acudir a filha e, tentando puxa-la das mãos do marido, levou um soco nos olhos. Em seguida, o homem bêbado cambaleou até o quarto, se jogou na cama sem tomar banho e logo estava roncando igual a um porco.    
              
Mãe e filha choraram abraçadas, desejando que ele morresse. Só assim poderia acabar com o sofrimento de apanhar depois de tantas bebedeiras. Entretanto, Vitório era um homem forte e tinha muita saúde, elas teriam que se conformar. Alda queria deixar o marido e sumir com os três filhos. No entanto, ela tinha certeza que ele iria atrás deles e a mataria.

No dia seguinte, ele se levantou e como se nada houvesse acontecido se aproximou de Alda, então, a puxou para um beijo. Ela se esquivou e ele a empurrou.

– Irá se arrepender, mulher maldita; blasfemou o homem irado.

Depois ligou o caminhão e saiu para mais uma viagem; dessa vez foi sem dizer até logo. Ele saia para viajar com o caminhão, quase sempre, na segunda feira, então, mãe e filha tinham dois ou três dias de paz; depois começava tudo novamente. Com muita sorte ele demoraria até o fim da semana. 

       Alda e Ana não tinham vontade de cuidar da beleza, viviam com hematomas pelo corpo; tornaram-se duas mulheres desmazeladas. Os vizinhos já estavam acostumados com as brigas e os gritos daquela família; certa vez precisaram chamar a polícia.

A menina não estudava, vivia metida em bagunças e brigas; faltava as aulas quando queria acompanhar a turma em suas traquinagens. O final do ano chegou e Ana foi reprovada.

- Era de se esperar, aquele fora um ano muito difícil, disse a mãe à professora.

O Natal se aproximava, os dois irmãos de Ana estavam eufóricos, iriam ganhar bicicletas. No entanto, ela não ganharia nada, uma vez que fora reprovada na escola. A menina estava conformada, detestava o pai.

A noite de Natal passou com Vitório bêbado, estava cansado e foi dormir antes da meia noite. Logo depois foi a mãe e os filhos. Ana demorou a pegar no sono, estava muito infeliz. No dia seguinte acordaram tarde, passava das onze horas. Vitório bateu a porta dizendo que iria ao bar comprar mais cervejas e saiu com o caminhão.

Passava do meio dia quando Vilmar, o irmão mais novo de Vitório, chegou esbaforido gritando para Alda pegar as crianças e acompanha-lo.

 - Aconteceu uma desgraça, pega as crianças e vamos embora, gritava o rapaz.

A mulher chamou os filhos, pegou a bolsa e entraram no automóvel do cunhado, ela pensava que o marido tivesse sofrido um acidente. Vilmar corria como se tivesse fugindo de alguma coisa muito grave; não queria explicar nada.

- Depois, depois eu digo. Dizia nervoso.

Quando já estavam fora da cidade Alda pediu para ele parar e contar o que acontecera. Ele estacionou o automóvel em uma praça da cidade vizinha; depois respirou fundo para poder se acalmar. Alda estava muito preocupada.
 - Afinal, diga logo o que aconteceu?
 - Onde está o Vitório?
 - Por que estamos fugindo?
 Ana e os irmãos estavam de olhos arregalados, foi uma corrida e tanto. Nunca tinham andado em um automóvel que corresse daquele jeito. Valmir pediu calma a Alda e saiu do automóvel, depois abriu a porta para ela e as crianças descerem. A mulher e os filhos sentaram-se no banco da praça, então, o tio começou a falar.
 Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
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