O TREM
DA ALEGRIA
CAPÍTULO
SEIS
O grande evento dos casamentos
comunitários terminou, mas ficaria na boca do povo por muito tempo. Uma festa que não faltou nada, teve bolo com tema junino e refrigerantes para todos os
casais brindarem ao amor. Uma noite inesquecível para muitos, que já tinham
perdido as esperanças, de um dia realizar o sonho guardado há muito tempo.
A
cidade estava orgulhosa por ter apresentado uma cerimônia impecável. Houve uma
mobilização muito grande da comunidade, para garantir tamanho sucesso. Todos os
envolvidos na produção do evento, traziam no coração a certeza do dever
cumprido.
Viviane e Gabriel dormiram
agarradinhos, era impossível escapar daquele convite ao amor. A semana continuava
e Gabriel chegou do trabalho com uma surpresa para sua namorada.
– Meu amor, aqui estão dois
bilhetes para a caravana da alegria, que acontecerá no domingo. O rapaz falou,
com um sorriso nos lábios.
Viviane pegou os bilhetes e surpresa perguntou do que se
tratava:
- O que quer dizer caravana da
alegria?
- É o trem do forró, que sai de
Campina Grande e vai até o distrito de Galante. Uma viagem, de cerca de doze
quilômetros pela zona rural, carregada de música e alegria. É uma locomotiva
toda enfeitada com bandeirinhas e balões alusivos às festas juninas. Em cada
vagão vai um trio elétrico, autêntico, do forró, tocando o tempo todo.
- Os viajantes vão cantando e
dançando alegremente; é uma festa sobre trilhos, que espalha alegria por onde
passa. O comboio é seguido por uma ambulância, para o caso de alguém beber
demais e precisar de atendimento médico.
- Chegando à localidade de Galante,
os passageiros são recepcionados por danças de quadrilhas, fogos de artifício e
iguarias típicas da região. Podem almoçar nos vários lugares disponíveis nos
arredores. Os mais integrados vão dançar forró nos galpões ou curtir a feirinha,
que se localiza em meio a praça. E, para quem gosta, pode andar de charrete
pelo campo e admirar uma linda paisagem rural.
Viviane sorriu, as surpresas
não terminavam, sem dúvida era o maior São João do Mundo.
- Gabriel, eu nunca ouvi falar em
um trem assim, mas ficarei muito contente em participar de uma viagem alegre e
dançante.
O domingo chegou e se mostrou
com um Sol brilhante, o casal se vestiu para a festança na roça e seguiram até
a velha estação, de onde partiria o trem da alegria. Havia muita gente
aguardando para adentrar à locomotiva, que fora toda enfeitada.
A jovem estava deslumbrada com
a animação das pessoas vestidas a caráter. Muitos chapéus de palhas com flores
de tecidos e fitas coloridas, saias floridas e xadrezadas enfeitadas com
rendas, fitas e sianinhas. Os homens com calças remendadas, chapéus de palhas
desfiados e rostos pintados. Estavam prontos para uma guerra de alegria e
satisfação.
Gabriel e Viviane adentraram o
vagão principal e sentaram-se em frente ao trio, que tocava músicas de forró.
Depois que todos se acomodaram, a locomotiva começou a andar. Muitos bebiam,
dançavam e cantavam sem parar.
– Gabriel essas pessoas vão ficar
bêbadas, se continuarem bebendo sem parar. Viviane falou, estava preocupada.
- Não se preocupe, devem estar
acostumadas, mas se cometerem excessos, tem dois seguranças a postos para tomar
as providências necessárias.
O trem seguia por campos de
paisagens do agreste paraibano e Viviane prestava atenção dentro e fora do
veículo; era tudo novidade. Depois de uma hora e meia desceram em Galante, então,
foram comer e tomar refrescos, pois o calor era muito forte.
Foi um passeio diferente e muito interessante,
chegando à cidade novamente foram descansar; estavam exaustos.
A noite saíram para passear na
praça do povo, onde tinha uma grande fogueira, que iluminava o céu. A cada hora
havia uma explosão de fogos de artifício, em comemoração ao dia do santo
casamenteiro. O casal de namorados ficou sentado no banco da praça, apreciando
os fogos e curtindo a brisa quente das noites de Campina Grande, na Paraíba.
Ainda restava uma semana para
Viviane ficar na cidade e precisavam aproveitar até o último momento. Na semana
seguinte seria a comemoração do dia de São João, em vinte e quatro de junho e
de são Pedro, em vinte e nove de junho. São os três santos comemorados nas
festas juninas brasileiras: Antônio, João e Pedro.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa