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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

"NOITES TRAIÇOEIRAS"- GOSPEL/RELIGIOSO - "DEUS ESTÁ AQUI NESTE MOMENTO. SUA PRESENÇA É REAL EM MEU VIVER. ENTREGUE SUA VIDA E SEUS PROBLEMAS. FALE COM DEUS, ELE VAI AJUDAR VOCÊ..." PADRE MARCELO ROSSI

QUERO DORMIR

CAPÍTULO SETE
            A primeira quimioterapia de Olívia não teve reações significativas. Um mal-estar estomacal, pouco apetite e uma apatia natural devido a fraqueza já estabelecida. No dia seguinte, outra sessão de radioterapia e alternadamente a quimioterapia.

          Tamanha carga de medicação foi minando as forças de Olívia e, em duas semanas ela já não comia e nauseava quando falavam sobre comida. Além das quimioterapias, ela tomava corticoides e isso a estava deixando inchada. Olívia estava cada dia mais empalidecida, fraca e desanimada. Vivia tomando soro e tinha pouca vontade de conversar.

            Durante o dia era sua mãe que lhe fazia companhia e a noite o marido fazia questão de ficar com ela. Ninguém estava contente com aquela situação e, o médico foi categórico ao conversar com Cirilo Artur.

         - A situação está se agravando, porque a doença não estacionou, pelo contrário, está ganhando força. Se continuar assim, logo perderemos o controle sobre ela. Na verdade, estamos perdendo a luta para o câncer, que está se espalhando pelo corpo. Teremos que procurar um doador para o transplante e, precisa ser o mais rápido possível. Coçou a cabeça, estava desolado, então, continuou:

            - O caso de Olívia já chegou complicado, com a doença em estado adiantado e ela está muito fragilizada; temo pelo seu futuro. Vou agilizar o banco de doadores de medula óssea, espero contar com a sorte, afirmou o médico.   
      
            Cirilo Artur prometeu trazer os parentes e amigos para fazerem o teste de compatibilidade; estava muito preocupado. Depois saiu e foi chorar lá fora, encostado em uma parede que dava para lugar nenhum; ninguém precisava ver a sua dor. Ficou ali durante algum tempo, pedindo a ajuda de Deus; ele estava com maus pressentimentos.

           Em seguida, tomou água e lavou o rosto, para que ninguém percebesse sua fraqueza. Na verdade, ele queria morrer para não ver o sofrimento de Olívia. No entanto, tinha que se mostrar forte para ela não desistir da vida, que estava por um fio. Ele havia programado uma surpresa para ela, seria, na semana seguinte, o aniversário de três anos do primeiro encontro. E, agora ela estava entrevada na cama; uma situação inesperada.

             Terceira semana e muitas pessoas se apresentaram para a pesquisa de compatibilidade. Amigos, parentes e irmãos da igreja, que não se cansavam de orar por Olívia. No entanto, ela piorava a olhos vistos, seus cabelos estavam caindo e seu corpo ficando mais inchado a cada dia.

            Quarta semana e a paciente parecia outra pessoa, o seu corpo dobrara de tamanho, já não se alimentava por boca, somente por sonda. O médico dissera ao marido que seus recursos estavam se esgotando e, a situação era tão grave, que não sabia se haveria tempo para o transplante.

            Trinta e dois dias e Olívia amanheceu com muita febre e falta de ar e, quando o médico chegou fez uma cara, que Cirilo Artur identificou como sendo desanimadora. Estava claro que ela estava muito pior.

            Olívia estava irreconhecível, lutava para respirar. Recebia os cuidados necessários, mas aparentava total desânimo A semana arrastou-se entre pequenas melhoras e muitas pioras; já não havia esperança; agora estava com pneumonia. Não respondia aos medicamentos para controlar a infecção.

            - É uma questão de tempo para ela nos deixar, dissera o médico consternado, para o marido desesperado.

           Na manhã de sexta-feira ela foi levada à sala de emergência, estava ofegante, apesar do oxigênio que recebia.

             Cirilo Artur segurava em suas mãos e ela balbuciou:

            - Vejo amor em seu olhar. Me perdoe, já não aguento mais. Quero dormir para descansar.

           E, em seguida, foi sedada e intubada, para ter um melhor suporte respiratório. No entanto, ela nunca mais acordou; seu óbito foi constatado na manhã de sábado, depois de quarenta dias internada. Estavam presentes, os pais, o irmão e o marido.

            Cirilo Artur saiu para a rua, precisava tomar ar ou morreria sufocado. Queria fugir daquela situação insuportável.

Um texto de Eva Ibrahim
MEU MUNDO REINVENTADO.

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