LAÇOS DE CARINHO
CAPÍTULO SEIS
Alguns dias se passaram e Angel
pensava o tempo todo em Marcelo, não iria procurá-lo para não parecer
oferecida, mas seu coração ansiava por ele. Era sábado e ela estava triste,
nenhuma notícia do peão de boiadeiro, que se tornara seu bem maior. Ele tomara
conta de seus pensamentos, de um jeito antes desconhecido.
A jovem, que estava no último ano
do segundo grau e estava se preparando para prestar o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), não conseguia ter foco nos estudos. É um exame muito importante,
pois dá direito ao aluno que for bem classificado, de cursar uma faculdade sem
pagar nada. Os pais cobram dos filhos um bom desempenho nesse exame, que
seleciona os melhores por competência.
Olga ficava preocupada com a
filha, que demonstrava estar no mundo da lua, isto é, pensativa e sem interesse
nos estudos. Assim, chamou a menina para uma conversa.
- Angel, se você quer namorar o
Marcelo, terá que fazer uma boa prova, ou não haverá namoro nenhum.
- Eu vou passar mãe, eu lhe
prometo isso, mas deixa eu sair com o Marcelo. Retrucou a moça.
-Vamos ver, se ele aparecer,
vamos conversar. Completou a mãe, visivelmente preocupada.
O sábado terminou e Marcelo não
apareceu. Angel foi dormir chorando e amanheceu com os olhos inchados, estava
triste e solitária.
- Com certeza, ele já arrumara outra
pessoa. Pensou tristonha. Naquele meio, o assédio por parte das moças aos peões
é grande; ela sabia disso.
O dia amanheceu e Angel permaneceu
deitada, estava desanimada. Não pensava em se levantar, apesar de já ser quase
dez horas da manhã de domingo. A fossa estava apenas em andamento, quando ela
ouviu uma buzina conhecida.
– Não pode ser, estou horrível, o
Marcelo vai me odiar. Em seguida, levantou-se e espiou pela janela. Era ele,
vestido de peão de boiadeiro.
–Meu Deus, o que eu faço agora? Havia uma
única saída e correu para o banheiro.
Olga abriu a porta do quarto para
chamar a filha e viu que ela estava tomando banho. Percebeu que Angel estava em
apuros e resolveu ajudar.
Assim, pediu para o rapaz entrar e ofereceu café, enquanto aguardava a menina.
Assim, pediu para o rapaz entrar e ofereceu café, enquanto aguardava a menina.
Angel
tomou um banho muito rápido e se vestiu mais depressa ainda, pois estava com
medo que o rapaz fosse embora. E, depois apareceu na porta, toda cheirosa e
sorrindo. Marcelo levantou-se e foi ao seu encontro com um beijo no rosto.
Formavam
um belo casal, pensou a mãe orgulhosa. Aquele peão era um rapaz muito bonito.
Estava vestido a caráter, de botas de cano alto com esporas reluzentes. Na
cintura da calça jeans, tinha um cinto com fivela larga e a carranca de um
touro esculpida. Para completar o figurino, vestia uma camisa xadrez e entre os
botões abertos, ostentava o cordão com a medalha de Nossa Senhora Aparecida. Na
cabeça, o chapéu de boiadeiro trazia a medalha de sua santa de devoção, pregada
em destaque. Era sedutor e cheio de carisma; a mãe compreendia a ansiedade da
filha.
A
menina se aproximou dele e suspirou, estava feliz, aquele era o seu príncipe
encantado. Em seguida, saíram dizendo que iriam dar uma volta. Sentaram-se no
banco da praça com um sorvete na mão, estavam alegres. E, entre risos, o rapaz
explicou que passara a semana em uma cidade do sul de Minas Gerais, para
participar do rodeio local. Estava chegando e passara para vê-la, sentira sua
falta. Sentia-se melhor, as dores de cabeça estavam desaparecendo e deveria
voltar ao trabalho aos poucos.
Depois,
disse a ela que ambos iriam ao rodeio de Barretos, havia tempo suficiente para
sua recuperação e poderia competir naquele evento. A menina sorriu, Marcelo
fazia planos e ela estava incluída, isso era um bom sinal.
– Angel, eu te quero muito bem, cresceu em
mim laços de carinho em relação a você. Em seguida a beijou, ficavam felizes quando
estavam juntos.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa.