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quarta-feira, 18 de março de 2020

"A NOITE DO MEU BEM" "(...)" "QUERO A ALEGRIA DE UM BARCO VOLTANDO, QUERO A TERNURA DE MÃOS SE ENCONTRANDO, PARA ENFEITAR A NOITE DE MEU BEM". "(...)" CANTORA E COMPOSITORA: DENISE DURAN

UM RIO DE LÁGRIMAS

CAPÍTULO SEIS
           Murilo dormiu tão rapidamente que o seu celular não apagou e Lívia conseguiu mantê-lo aberto. Sentada no sofá da sala, ela podia ver o marido e ouvir seu ronco. Sentiu pena dele, era um bom homem e muito trabalhador, mas ela teria que descobrir o que estava acontecendo. Por que o marido a estava traindo?

             -Serei eu a culpada? Onde foi que errei? Pensou e correu um filme em sua cabeça, no entanto, não se lembrou de nada significativo, para justificar a atitude dele.

             Abriu o Messenger, depois parou por um instante, hesitou em continuar.
   
             - Será que irei me arrepender de vasculhar a intimidade de Murilo?

            Fez o sinal da cruz e pediu perdão a Deus, mas teria que continuar, pois lembrou-se da moça, que vira rindo ao lado do pai de seus filhos, então, perdeu o pudor.

                 Os dois se tratavam por meu amor. A maioria das mensagens eram iniciadas por:
            -Oi, meu amor, como você está hoje?    
     
              E, prosseguiam com elogios e desejos de se encontrarem logo. A medida que ela avançava nas mensagens, seus olhos se enchiam de lágrimas e seu coração sangrava. Lívia custava a acreditar, que estava lendo as mensagens de seu marido, para outra mulher.

                  Havia promessas de Murilo para Raquel, de ficarem juntos. A certa altura, ele dizia que iria se divorciar, não amava mais sua mulher, que era ela. Naquele momento, Lívia levantou-se do sofá e abriu a porta, parecia sufocar, precisava de ar puro.

             Seu casamento estava acabado e ela tinha três filhos para criar. Sentiu vontade de mata-lo, iria dar uma paulada na cabeça dele enquanto dormia, assim, tudo aquilo estaria acabado. Pensou melhor, não gostava de ver sangue e poderia não ter força suficiente para mata-lo.

            Sendo assim, seria melhor envenená-lo.

            - Mas onde arrumaria o veneno? Não poderia sair por aí comprando veneno, chamaria a atenção das pessoas.  Quem sabe, uma ação mais rápida seria a solução.  

             - Um tiro no coração? Seria fácil, mas ela não tinha arma e não sabia atirar.

             Deu um longo suspiro, estava pronta para morrer, não conseguiria sobreviver com aquela traição. Sentia-se humilhada, impotente, desvalorizada pelo homem que ela amava.
           Entrou e foi ao banheiro lavar seu rosto, precisava pensar melhor.

          - Não seria fácil mata-lo e também, poderia ser presa.   
      
          - E as crianças? Ficariam sem pai e sem mãe. Não, não, isso não.

              Precisava tirar essas ideias da cabeça, então começou a rezar. Ajoelhada no tapete da sala, implorou a Deus um pouco de lucidez; ficou ali durante um longo tempo. Depois, cansada, esticou seu corpo no sofá e adormeceu.

                 Acordou com o despertador, era hora de se levantar. Correu e depositou o celular do marido, no lugar que ele deixara, depois entrou no banheiro. Olhou no espelho e viu que estava com a cara inchada de tanto chorar. Lavou o rosto com bastante água fria, precisava disfarçar que tinha conhecimento da traição do marido.

                 Murilo se levantou para trabalhar, parecia mais descansado e até se aproximou dela, para dar-lhe um beijo. Ela o repeliu, dizendo estar resfriada. Ele saiu e ela ficou com o maior problema de sua vida. Foi até o quarto das crianças e ficou olhando os filhos adormecidos, eram anjos e não tinham culpa da canalhice do pai.

                 O Sol brilhava lá fora, quando Lívia saiu para leva-los à escola, o que contrastava com seus sentimentos, que eram escuros e pesados. A vizinha passou por ela e acenou com a mão, todos pareciam alegres e tranquilos, mas ela tinha um nó na garganta. Aquele seria o dia mais importante de sua vida, teria que tomar uma decisão, que traria muitas consequências para todos.

          Entrou em uma igreja, precisava desabafar ou ficaria louca. Ajoelhada diante do ofertório e olhando fixamente para a vela, que estava acesa, rezou e pediu uma luz para Jesus de Nazaré. Ficou ali durante algum tempo, chorou um rio de lágrimas, estava muito emocionada.

       Quando Lívia se levantou, viu que havia alguém parado olhando para ela. Era o padre Giovane, um italiano de muita idade e olhar doce, que a chamou para conversar. Ouviu toda aquela história de mágoas e traições; deixou que ela desabafasse e então ele disse:

           - Minha filha, a traição é como um punhal na alma de quem foi traído, no entanto, é hora de você ter uma conversa sincera com seu marido. Depois, conforme a justificação dele, você tomará a atitude mais conveniente. E, sorrindo ele a abraçou, depois a conduziu até a porta da saída. Lívia respirou fundo e disse em voz alta:

               - Obrigada padre, o senhor tem razão, não dá para fugir dessa conversa. Depois, seguiu em frente, estava triste, mas sua alma estava mais leve.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

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