MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

quarta-feira, 10 de abril de 2019

"FÁCIL É SER COLEGA, FAZER COMPANHIA A ALGUÉM. DIZER O QUE ELE DESEJA OUVIR. DIFÍCIL É SER AMIGO PARA TODAS AS HORAS E DIZER SEMPRE A VERDADE, QUANDO FOR PRECISO. E, COM CONFIANÇA NO QUE SE DIZ." CARLOS DRUMMOND ANDRADE


A MISSÃO

         CAPÍTULO DOZE           
              Alceu parecia encantado, olhava cada canto do grande salão. Foi interrompido, quando o médium orientador o chamou.
              – Olá? Você é o rapaz que veio conhecer nossa casa?
             - Sim, aqui é muito bonito! Respondeu Alceu.
             - Seja bem-vindo, gostamos de visitas e todos são bem recebidos. Esta é uma casa de Deus, sinta-se à vontade.

            Em seguida, estendeu a mão para cumprimentar o rapaz e no rosto iluminado, estampou um belo sorriso. O homem trajava roupas brancas, muito alvas; tinha uma mão fina e quente. Seu olhar era terno e apaziguador, brilhando em um azul céu, límpido. A pessoa perfeita inserida no lugar certo, para acolher os necessitados de amparo espiritual.

        Alceu sorriu de volta, estava extasiado. Com a mão no ombro do rapaz, o médium o conduziu para seu escritório. A família ficou sentada no salão, o rapaz precisava desta conversa sozinho.

              O orientador tinha uma expressão serena e a capacidade de fazer o outro sentir-se à vontade; esbanjava carisma. Leonel, era o seu nome e se apresentou sorrindo. Ele ouvia Alceu e balançava a cabeça em sinal de compreensão.

           Alceu sentou-se em frente ao assistente espiritual e pôs-se a contar os fatos mais relevantes de sua vida. Ficou perdido em acontecimentos e fatos estranhos passados, ao longo dos anos. E, o tempo passou rápido, então de um estalo, Alceu lembrou-se da família que o aguardava lá fora.

               - Calma filho, eles estão bem e te esperam calmamente. Parecia que Leonel conseguia ler os seus pensamentos. Sorriu novamente e o assistido percebeu, que o médium tinha poder sobre ele.

              - Estou muito feliz por estar aqui, parece que esta é a minha verdadeira casa. Alceu falou impulsivamente, era como estava se sentindo, pleno e satisfeito. Encontrara seu oásis, que tinha água pura para satisfazer seu espírito.

           – Você precisa de um tratamento espiritual. Afirmou Leonel e depois continuou:
            - Com seu afastamento do centro espírita, os espíritos impuros se aproximaram de você. Sim, existe um chamado de Deus para trabalhar em favor dos mais necessitados. Algumas pessoas são escolhidas, mas demoram a encontrar seu lugar. Ainda é cedo para dizer, mas me parece que você tem uma missão a cumprir. Leonel concluiu sorrindo. Levantando-se fez sinal para Alceu acompanha-lo.

              - Vamos para a sala de passes, você precisa receber boas energias, ainda está fragilizado pela doença.

                 Passando pelo salão, chamou os familiares do rapaz, todos precisavam de boas energias. Mais três médiuns estavam esperando, para ajudar no procedimento.

                 Alceu, Elisa, Rosa e André sentaram-se em umas cadeiras, dispostas lado a lado. Em seguida, os médiuns impuseram suas mãos sobre suas cabeças e começaram a orar por eles. O lugar era calmo, cheio de energia positiva e todos estavam concentrados.

               Quando terminou, Leonel entregou alguns livretos para o rapaz e disse que voltasse na semana seguinte e na outra e na outra. Fariam um tratamento completo, até o rapaz sentir-se livre das vozes e presenças, que sempre o acompanhavam.

            Depois de agradecer, todos voltaram para o automóvel, já era hora de regressar à casa. Alceu estava alegre, a visita lhe fizera bem, pediu para parar e comer alguma coisa; voltara a ter apetite.

            Em uma semana, o rapaz se recuperara de forma inacreditável. Em seu retorno ao hospital, o médico ficou espantado e iniciou o processo para a retirada da traqueostomia. Alceu estava muito melhor.

              No dia seguinte, voltaram à Casa do Carinho e Leonel já o aguardava, tinham uma missão a ser cumprida. Havia uma interação entre os dois, era como se fossem velhos conhecidos. Alceu levou para casa alguns livros sobre o espiritismo, recomendados por Leonel para ele ler. Durante o mês, o rapaz, em companhia do irmão André, esteve na casa de assistência espiritual por quatro vezes.

        No último retorno ao hospital, foi retirada definitivamente a traqueostomia e paciente estava liberado para voltar à vida normal. Levava consigo o compromisso de voltar ao hospital nas datas marcadas, ou se tivesse alguma intercorrência.

             E, na visita à Casa do Carinho, Alceu foi convidado a se juntar a eles, com direito de levar sua esposa para trabalhar na casa de assistência aos mais necessitados, que ficava ao lado da casa principal. Havia muito trabalho a ser feito por ali e ele sabia que aquele era o lugar, onde ele deveria ficar.

            Assim, o casal mudou-se para perto da instituição. Os filhos estavam encaminhados e o casal seguiu em busca de seu destino. O novo integrante da Casa do Carinho estava muito satisfeito e ao entrar no salão, abraçou sua esposa e disse:

              - Senhor: Olhai por mim. E, duas lágrimas rolaram pelo seu rosto. Alceu estava feliz, encontrara o seu caminho.

          - A estrada foi longa e difícil, mas a missão será cumprida. Conclui Eliza, estava satisfeita.

            Alceu sentia que era mais um escolhido por Deus e a ele se entregava com muita fé.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.