A MISSÃO
CAPÍTULO DOZE
Alceu parecia encantado, olhava cada canto do grande salão. Foi
interrompido, quando o médium orientador o chamou.
– Olá? Você é o rapaz que veio conhecer nossa casa?
– Olá? Você é o rapaz que veio conhecer nossa casa?
- Sim, aqui é muito bonito!
Respondeu Alceu.
- Seja bem-vindo, gostamos de
visitas e todos são bem recebidos. Esta é uma casa de Deus, sinta-se à vontade.
Em seguida, estendeu a mão para
cumprimentar o rapaz e no rosto iluminado, estampou um belo sorriso. O homem
trajava roupas brancas, muito alvas; tinha uma mão fina e quente. Seu olhar era
terno e apaziguador, brilhando em um azul céu, límpido. A pessoa perfeita
inserida no lugar certo, para acolher os necessitados de amparo espiritual.
Alceu sorriu de volta, estava
extasiado. Com a mão no ombro do rapaz, o médium o conduziu para seu
escritório. A família ficou sentada no salão, o rapaz precisava desta conversa
sozinho.
O orientador tinha uma expressão
serena e a capacidade de fazer o outro sentir-se à vontade; esbanjava carisma. Leonel,
era o seu nome e se apresentou sorrindo. Ele ouvia Alceu e balançava a
cabeça em sinal de compreensão.
Alceu sentou-se em frente ao
assistente espiritual e pôs-se a contar os fatos mais relevantes de sua vida. Ficou
perdido em acontecimentos e fatos estranhos passados, ao longo dos anos. E, o
tempo passou rápido, então de um estalo, Alceu lembrou-se da família que o
aguardava lá fora.
- Calma filho, eles estão bem e
te esperam calmamente. Parecia que Leonel conseguia ler os seus pensamentos.
Sorriu novamente e o assistido percebeu, que o médium tinha poder sobre ele.
- Estou muito feliz por estar aqui,
parece que esta é a minha verdadeira casa. Alceu falou impulsivamente, era como
estava se sentindo, pleno e satisfeito. Encontrara seu oásis, que tinha água
pura para satisfazer seu espírito.
– Você precisa de um tratamento
espiritual. Afirmou Leonel e depois continuou:
- Com seu afastamento do centro espírita, os
espíritos impuros se aproximaram de você. Sim, existe um chamado de Deus para
trabalhar em favor dos mais necessitados. Algumas pessoas são escolhidas, mas
demoram a encontrar seu lugar. Ainda é cedo para dizer, mas me parece que você
tem uma missão a cumprir. Leonel concluiu sorrindo. Levantando-se fez sinal
para Alceu acompanha-lo.
- Vamos para a sala de passes,
você precisa receber boas energias, ainda está fragilizado pela doença.
Passando pelo salão, chamou os
familiares do rapaz, todos precisavam de boas energias. Mais três médiuns
estavam esperando, para ajudar no procedimento.
Alceu, Elisa, Rosa e André sentaram-se
em umas cadeiras, dispostas lado a lado. Em seguida, os médiuns impuseram suas
mãos sobre suas cabeças e começaram a orar por eles. O lugar era calmo, cheio
de energia positiva e todos estavam concentrados.
Quando terminou, Leonel entregou alguns
livretos para o rapaz e disse que voltasse na semana seguinte e na outra e na
outra. Fariam um tratamento completo, até o rapaz sentir-se livre das vozes e
presenças, que sempre o acompanhavam.
Depois de agradecer, todos voltaram
para o automóvel, já era hora de regressar à casa. Alceu estava alegre, a
visita lhe fizera bem, pediu para parar e comer alguma coisa; voltara a ter
apetite.
Em uma semana, o rapaz se
recuperara de forma inacreditável. Em seu retorno ao hospital, o médico ficou
espantado e iniciou o processo para a retirada da traqueostomia. Alceu estava
muito melhor.
No dia seguinte, voltaram à Casa
do Carinho e Leonel já o aguardava, tinham uma missão a ser cumprida. Havia uma
interação entre os dois, era como se fossem velhos conhecidos. Alceu levou para
casa alguns livros sobre o espiritismo, recomendados por Leonel para ele ler.
Durante o mês, o rapaz, em companhia do irmão André, esteve na casa de
assistência espiritual por quatro vezes.
No
último retorno ao hospital, foi retirada definitivamente a traqueostomia e paciente estava liberado para voltar à vida normal. Levava consigo o compromisso
de voltar ao hospital nas datas marcadas, ou se tivesse alguma intercorrência.
E, na visita à Casa do Carinho,
Alceu foi convidado a se juntar a eles, com direito de levar sua esposa para
trabalhar na casa de assistência aos mais necessitados, que ficava ao lado da
casa principal. Havia muito trabalho a ser feito por ali e ele sabia que aquele
era o lugar, onde ele deveria ficar.
Assim, o casal mudou-se para perto
da instituição. Os filhos estavam encaminhados e o casal seguiu em busca de seu
destino. O novo integrante da Casa do Carinho estava muito satisfeito e ao
entrar no salão, abraçou sua esposa e disse:
- Senhor: Olhai por mim. E, duas
lágrimas rolaram pelo seu rosto. Alceu estava feliz, encontrara o seu caminho.
- A estrada foi longa e difícil, mas
a missão será cumprida. Conclui Eliza, estava satisfeita.
Alceu sentia que era mais um escolhido por
Deus e a ele se entregava com muita fé.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa