AMORES ENTRE DORES
CAPÍTULO CINCO
A recuperação de Alice acontecia
lentamente, pois ela nunca ficara doente acamada e, agora tinha uma sutura de
vinte e cinco pontos na coxa e um braço quebrado; coisas demais para ela.
Estava manhosa e choramingava de dores o tempo todo. Sua mãe tentava acalmá-la
ficando ao seu lado a maior parte do tempo.
- Uma paciente difícil, disse a
enfermeira que a atendia todos os dias.
Renato lhe fazia companhia sempre
que tinha uma folga da clínica; ele revezava com a mãe dela. Procurava
satisfazer a todos os seus desejos comestíveis. Ora um chocolate, ora sorvetes,
um lanche diferente ou outra coisa qualquer.
- O que fizesse voltar um sorriso
naquele rosto, já valia a pena, dizia o rapaz preocupado.
Para
piorar a situação da paciente, sua perna estava inchada com partes arroxeadas e
outras avermelhadas. Apresentava sinais flogísticos dolorosos nos pontos da
sutura. Teria que ficar internada para controlar os sinais de infecção com
antibióticos, dizia o médico para a moça chorosa.
–
Quantos dias? Perguntou a mãe da moça.
-
Pelo menos, dez dias deverá ficar internada, estimava o médico, para depois
terminar a recuperação em casa. Alice escondeu a cabeça sob o travesseiro;
estava desolada.
Naquele
dia, Alice chorou muito, dizendo que nunca poderia se casar, pois não conseguia
andar. O braço imobilizado na tipoia, limitava seus movimentos, mas a perna
inchada e dolorosa a impedia de andar.
-
Estou horrível, toda arrebentada, se lastimava a moça choramingando. Renato a
abraçava e tentava acalmá-la até ela adormecer; depois ia embora. Essa era a
rotina de todas as noites naquele quarto de Hospital.
Os
dias se arrastavam e Alice se recuperava lentamente. Finalmente chegou o dia de
voltar para sua casa; estava emagrecida, pálida e andava apoiada em Renato. A
família a esperava com flores e alegria pela sua volta; pai, mãe, avós, tios e
primos. Ela precisava de todos e muito carinho para superar aquele trauma,
pensou Renato enquanto a ajudava a deitar-se no sofá.
Com o apoio da família a situação
melhorava a cada dia; sua perna estava cicatrizando e voltando ao normal. O
braço a incomodava, mas já não tinha muitas dores.
- É uma questão de tempo sua
recuperação completa. Ficará com uma cicatriz na perna, mas é somente uma
questão de estética. Quanto ao braço precisa de fisioterapia para ficar bom. Disse
o médico em seu retorno ao hospital.
Alice passava o tempo na clínica, colaborando no atendimento para recepcionar novos clientes, enquanto Renato se
ocupava das consultas e tratamentos dos animais. O empreendimento seguia
crescendo e conquistando espaços. Renato estava feliz.
– Já podemos nos casar, posso
arcar com as despesas de minha casa, dizia o rapaz sorrindo.
Alice olhava para a cicatriz em sua
perna e chorava se lamentando.
Um texto de Eva Ibrahim.