O MISTÉRIO
CAPÍTULO
DOZE
No sábado e no domingo os familiares
e amigos não deram tréguas, procuraram em toda a região; cada grupo seguia para
uma cidade vizinha. Vasculharam as redondezas e nada encontraram, nem uma pista
do desaparecido. Alguns amigos anunciaram o desaparecimento de Fernando nas
redes sociais. Seria impossível passar desapercebido entre tantos conhecidos,
alguma notícia haveria de surgir.
Confeccionaram cartazes com a foto do
desaparecido e os familiares e amigos se incumbiram de colocar em ambientes
públicos. Depois foram à rádio local para pedir ajuda à população; qualquer
notícia seria benvinda; estavam desesperados sem saber o que fazer.
Toda
a comunidade foi mobilizada à procura de Fernando. Celina não comia nada,
apenas tomava líquidos, dizia que a comida não passava na garganta. Os pais do
rapaz ficavam ali noite e dia a espera de notícias, não tinham sossego.
Desde
a sexta-feira de manhã Fernando estava desaparecido. Sua esposa o vira quando
foi dormir quinta-feira à noite e não sabia mais nada dele, nem a hora que saíra
de sua casa enquanto ela dormia.
Já era noite de domingo e não havia nenhuma
notícia de seu marido. Ela ouvira seus familiares cochichando que ele poderia
estar morto. Fernando não levara nada e com toda aquela chuva e frio, ele não
resistiria; só teriam que encontrar o corpo. Ela saiu de mansinho e foi chorar
em seu quarto.
–
Será que o marido não pensara no sofrimento dela e de seus pais? Desaparecera sem
deixar nenhuma pista, ninguém sabia para onde ele teria ido. Deveria estar
confuso para fazer uma coisa dessas; ela não merecia isso, pensava Celina entre
um soluço e outro.
Sua
mãe insistiu para ela tomar um calmante e dormir um pouco. Estava desesperada e
acabou concordando; deitou-se pensando que queria sumir e não ouvir mais nada.
Seus sonhos haviam se transformado em um grande pesadelo, que ela não imaginava
como poderia terminar.
A
segunda-feira amanheceu gelada, os parentes e amigos voltaram ao trabalho. A
polícia dissera que deveriam esperar, pois nada foi encontrado; estavam diante
de um mistério. Celina levantou-se e foi tomar banho, seria outro dia longo e
cheio de incertezas. Sua mãe dormira ali e sua sogra acabara de chegar. As três
mulheres estavam juntas para se apoiar, enquanto aguardavam alguma notícia.
Já
passava das dez horas da manhã quando o telefone tocou. A mãe da moça atendeu e
ficou pálida, depois sentou-se no sofá, parecia que iria desmaiar. Celina
assustada, queria saber quem era do outro lado da linha. A mulher conseguiu
balbuciar que era o pai dela com notícias de Fernando. Em seguida desfaleceu
caindo para trás, estava branca como uma folha de papel. Celina e a sogra
tentavam despertar a mulher para saber o que havia acontecido.
Um texto de Eva Ibrahim