UMA NOVA VIDA.
CAPÍTULO DEZ.
Clésio se mudara de cidade, sua esposa
andava desconfiada de que fora traída e ele não queria mais problemas; era
covarde demais para assumir qualquer coisa, preferiu fugir.
Letícia ainda pensava nele com saudades,
pois, tinha consigo um pedacinho dele; o grande amor de sua vida, seu filho
André. Um menino bonito, saudável e brincalhão. Clésio não se esquecera de
Letícia; por diversas vezes ele a procurara, queria saber do menino.
Ela promoveu o encontro de pai e filho,
dizendo que era um amigo e o menino não percebeu nada, almoçaram juntos. Foi
uma despedida, disse Letícia, iria se casar e não queria que ele a procurasse
mais. Clésio se foi sem prometer nada, não aceitara bem à notícia. Seu filho
iria chamar outro homem de pai, partiu de cara amarrada.
Agenor gostava de Júlio e fazia gosto no
casamento da filha.
- A
menina tivera sorte, o rapaz era bom e trabalhador; seria um ótimo pai para
André. Dizia Agenor para sua mulher, que concordava com a cabeça. O casamento
fora marcado para o mês de dezembro, no dia do aniversário de cinco anos de André.
A família faria uma grande festa; estavam muito felizes.
Uma semana antes do casamento Clésio foi
esperar Letícia na saída do serviço; queria ficar com o menino. Estava
visivelmente bêbado, falava alto gesticulando. A menina ficou assustada e
tratou de tirá-lo da rua; entraram em uma Igreja.
Os dois tiveram uma longa conversa, ela
se casaria e ele continuava sua vida com a mulher e as duas filhas. A conversa
foi difícil, pois, ele não queria nem uma coisa e nem outra; gostava das duas
mulheres e dos filhos também. Ele se agarrou a ela e chorou. Ainda a amava; as
lágrimas se fundiram, ela também chorou. Depois ele saiu apressado, não poderia
detê-la. Letícia ficou olhando seu amor impossível partir; teria que se
conformar.
André e o irmãozinho de Letícia, seriam
os pajens do casamento, pareciam gêmeos; estavam bonitos e felizes. Clésio
fazia parte do passado, sua vida iria mudar. Júlio e André, essa era sua
família; não poderia decepcionar mais ninguém.
O casamento aconteceu tranquilamente e
na hora dos cumprimentos, na porta da Igreja, ela viu o Clésio. Ele estava lá,
queria vê-la vestida de noiva. No meio dos convidados ele passou despercebido,
porém, Letícia o viu e acenou com a mão, dando adeus. Ali acabava sua história
de amor proibido, agora tinha marido. Trataria de esquecer seu primeiro amor, que
aconteceu forte, bonito, inesquecível, porém, impossível.
A menina e seu marido saíram da festa
para a viagem de lua-de-mel, deixando o filho com sua mãe. Quando os convidados
saíram e as crianças foram dormir, Agenor abraçou Dora e sussurrou:
-Estou feliz, casamos nossa menina, mas vou
sentir muita falta dela. Quando vejo o André, preciso ver Letícia, os dois
formam o corpo e a alma, devem sempre ficar juntos.
Alguns anos se passaram e André ganhou um
casal de irmãos, que ele ajuda a mãe a cuidar. Clésio nunca mais apareceu e o
casamento de Letícia vai muito bem. Júlio é um ótimo pai para os três filhos,
pois, ele reconheceu André como sendo seu filho.
Aqui termina a história de Letícia, a
menina que escondeu a gravidez até o bebê nascer.
Um texto de Eva Ibrahim.
Iniciaremos
outra história na próxima semana.