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sexta-feira, 21 de abril de 2017

"A MATURIDADE ME PERMITE OLHAR COM MENOS ILUSÃO, ACEITAR COM MENOS SOFRIMENTO, ENTENDER COM MAIS TRANQUILIDADE E QUERER COM MAIS DOÇURA." LYA LUFT

AMOR MADURO

CAPÍTULO SEIS
           Benjamim fora casado durante vinte e três anos. Era muito jovem quando assumiu o compromisso, tinha somente vinte anos e foi forçado a se casar. Um casamento arranjado por seu pai e um amigo; queriam unir as duas famílias. Atitude comum naquela região; os pais arranjavam os casamentos dos filhos, sem lhes consultar.

            Ele somente conheceu a noiva na hora da celebração do casamento. Ela era bonita, mas muito tímida; uma moça recatada e obediente. Ambos agiram mecanicamente no altar e na noite de núpcias; fizeram o que esperavam que fizessem. Ninguém falou em amor, apenas obedeceram aos pais. Seguiram os rituais e costumes de sua religião, tornando-se marido e mulher de fato.  
 
                Zarife era uma mulher quieta, introspectiva e servil. Tratava seu marido com respeito e estava sempre a postos para servi-lo. Benjamim estava acostumado a ser obedecido e até gostava que a esposa fosse assim. Era um homem dedicado ao trabalho, a religião e à família. Todos diziam que era muito inteligente e tinha um belo futuro no exército do seu país.

            Tiveram a primeira filha e quando esta tinha um ano encomendaram outro filho; o jovem oficial queria um menino para seguir seus passos. No entanto, nasceu outra menina e Zarife quase morreu, perdeu o útero por conta de uma hemorragia difícil de estancar.

Depois deste fato a sua esposa nunca mais foi a mesma, estava sempre doente e resignada ao seu destino. Criou as duas meninas e quando elas se casaram, respirou aliviada; sua missão estava cumprida. Em seguida, entrou em depressão e foi definhando até que a morte a levou silenciosamente, enquanto dormia.

 Essa era a história do casamento de Benjamim, que pouco conhecia de amor, carinho ou trocas de sentimentos. Fora fiel e cumpriu com suas obrigações, mas agora, depois de dez anos de viuvez, estava apaixonado. Um amor maduro que viera na ordem inversa das coisas, porém, intenso e profundo.

Benjamim passava os dias pensando em Eloisa, sonhava com ela e seu futuro era projetado ao lado dela. Se ele não a tivesse, então não queria mais ninguém. E, assim os dias passavam sem que o general encontrasse uma saída para se casar com Eloisa.

A moça tentou abandoná-lo, pois não poderia esperar ele se aposentar para ficar ao seu lado. No entanto, ele insistia, chorava, pedia e ela acabava cedendo aos seus apelos. Então, ele prometia uma solução para o caso deles. Tentou encontrar uma saída, mas as leis de seu país eram rígidas e não havia nenhuma brecha para o amor de uma estrangeira.

Ele só poderia deixar o país em missão oficial e retornar em seguida, não haveria tempo para namoros ou passeios turísticos. Certa manhã, ele vislumbrou uma pequena possibilidade de vir ao Brasil. Participou de uma reunião onde estava em pauta a segurança dos atletas que viajariam para o Rio de Janeiro; iriam representar seu país nos jogos olímpicos.

Então, ele começou a planejar para ver sua amada. Seu coração disparou e demorou para se acalmar, era uma possibilidade, apesar de tênue.

 As Olímpíadas ocorreriam no Brasil e havia alguns atletas de seu país que participariam dos jogos. O governo estava preocupado com a segurança desses atletas e, ele poderia fazer parte da segurança da comitiva à paisana. Benjamim ficou exultante, ele iria se encontrar com Eloisa.
Um texto de Eva Ibrahim
MEU MUNDO REINVENTADO.

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