CAPÍTULO
TRÊS
O desejo de Edileusa foi
realizado, abraçou a mãe com carinho e olhando em seu rosto cansado, viu muitas
rugas, que surgiram depois de sua partida. Ficou com o coração apertado, quanto
tempo ela perdeu de conviver com aquela mulher, que era sua genitora. Pensou em
seu problema e implorou, em pensamento, para a virgem não permitir mais uma dor
para sua mãe.
Depois tratou de afastar aqueles
pensamentos e abriu as malas. Trouxera presentes para todos, mãe e irmãos, que
ela acumulara durante os seis longos anos de afastamento da família. Sempre que
sobrava um dinheiro, ela comprava uma lembrança para os seus parentes.
A mãe sorriu, quando viu um lindo
casaco xadrez, era um desejo antigo e muito acalentado. Edileusa sabia que ela
queria o casaco para ir à igreja. Helena, a mãe da moça, vestiu a peça tão
desejada e ficou se olhando no espelho; era visível a sua satisfação.
A filha se afastou, estava chorando
de felicidade, por poder proporcionar aqueles momentos de alegria, para a
mulher que lhe dera a vida. Mas, lá no fundo não tinha sossego, precisava ir à
igreja, estava com muito medo da doença, que trazia em seu peito. Tomou banho,
jantou e foi dormir, estava muito cansada.
Quando a moça acordou, viu que
estava em sua casa, então levantou-se e foi até a cozinha. A mesa estava posta
com o café da manhã e mãe e filha sentaram-se na mesa, para fazer a primeira
refeição do dia. Havia alegria naquele momento de intimidade. Há muito tempo as
duas sonhavam com aquele encontro.
Entre uma conversa e outra, a moça
perguntou se a mãe sabia a origem da Virgem de Nazaré. Então, Helena disse para
a filha:
- É uma longa história, cheia de
pequenos milagres. Muita coisa pode ter sido criada pelo povo, mas a essência é
muito bonita. O culto como é conhecido, iniciou-se em um povoado chamado “Vigia”
e hoje em dia é celebrado em diversos locais. No entanto, o mais conhecido é
esse da capital, Belém do Pará, como é conhecido. A história contada pelo povo e
repassada de geração para geração é a seguinte:
- Na região vivia um caboclo
chamado Plácido José dos Santos, o qual era descendente de portugueses e índios,
ele andava, sempre, por aquelas bandas. Certo dia, caminhando pelas imediações
do Igarapé Murutucu, encontrou, jogada entre as pedras, uma pequena estátua de
santa. A imagem tinha cerca de 40 centímetros de altura e o rapaz a levou para
sua casa.
- No dia seguinte, a imagem havia
sumido. Plácido ficou bravo, pensando que alguém a tinha pegado e saiu a
procura da mesma. Teve uma pequena intuição e voltou ao lugar de origem. Para
sua surpresa, ela estava no mesmo local do dia anterior. O rapaz a pegou e a levou de volta para sua casa. Mas, no outro dia, ela estava novamente no
mesmo local de origem e durante dias essa história se repetiu.
- Contando o fato para várias
pessoas, chegou aos ouvidos do governador, que ordenou leva-la para o palácio
do Governo da Província, onde ficou guardada por escolta. Mas, na manhã
seguinte ela não estava mais lá. Plácido então, entendeu que a Santa queria
continuar no local onde fora encontrada e, o rapaz construiu uma pequena capela
para abriga-la.
- Muitas pessoas começaram a
visitar o local e fazer pedidos à Santa. Os fatos se espalharam e os curiosos
se aglomeravam para ver a Virgem.
- Assim, foi erguida uma igreja no
local, pois havia aglomeração de peregrinos da região. Hoje em dia, ali está
localizada a suntuosa Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, que acolhe a devoção
do povo com mais conforto.
- Iniciaram-se as procissões para
depois das missas na Basílica da Virgem de Nazaré, sendo atribuído a Santa
muitos milagres. Começaram a chegar as romarias e gente de todos os cantos do
país, para acompanhar as procissões do Círio de Nazaré.
Helena levantou-se, estava
emocionada, já havia sido agraciada por um milagre, quando um de seus cinco
filhos esteve à beira da morte.
Edileusa agradeceu a sua mãe pela
bela história do encontro da Santa. Estava confiante em ser merecedora de um
milagre também.
A festa programada começa com um
mês de antecedência e, é composta de uma sequência de rituais. O seu ponto alto
acontece no segundo domingo de outubro, com a procissão que arrasta multidões.
Naquele ano, de dois mil e dezenove, estimava-se que haveria mais de um milhão
de pessoas na praça em frente à Basílica.
A moça estava aguardando a volta de
Caetano, para iniciar sua romaria em adoração à Virgem de Nazaré. Ele fora
visitar sua família, mas deveria voltar no dia seguinte e juntos viveriam
aqueles dias de adoração à Virgem de Nazaré.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa
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