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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS" - PADRE MARCELO ROSSI- "(...) ERGA SUA MÃO E ANUNCIA AO MUNDO, AINDA SE VIER NOITE TRAIÇOEIRA, SE A CRUZ PESADA FOR, CRISTO ESTARÁ CONTIGO. O MUNDO PODE ATÉ FAZER VOCÊ CHORAR. MAS DEUS TE QUER SORRINDO. (...)"

                               A VIRGEM DE NAZARÉ

CAPÍTULO TRÊS

             O desejo de Edileusa foi realizado, abraçou a mãe com carinho e olhando em seu rosto cansado, viu muitas rugas, que surgiram depois de sua partida. Ficou com o coração apertado, quanto tempo ela perdeu de conviver com aquela mulher, que era sua genitora. Pensou em seu problema e implorou, em pensamento, para a virgem não permitir mais uma dor para sua mãe.

              Depois tratou de afastar aqueles pensamentos e abriu as malas. Trouxera presentes para todos, mãe e irmãos, que ela acumulara durante os seis longos anos de afastamento da família. Sempre que sobrava um dinheiro, ela comprava uma lembrança para os seus parentes.

              A mãe sorriu, quando viu um lindo casaco xadrez, era um desejo antigo e muito acalentado. Edileusa sabia que ela queria o casaco para ir à igreja. Helena, a mãe da moça, vestiu a peça tão desejada e ficou se olhando no espelho; era visível a sua satisfação.

              A filha se afastou, estava chorando de felicidade, por poder proporcionar aqueles momentos de alegria, para a mulher que lhe dera a vida. Mas, lá no fundo não tinha sossego, precisava ir à igreja, estava com muito medo da doença, que trazia em seu peito. Tomou banho, jantou e foi dormir, estava muito cansada.

             Quando a moça acordou, viu que estava em sua casa, então levantou-se e foi até a cozinha. A mesa estava posta com o café da manhã e mãe e filha sentaram-se na mesa, para fazer a primeira refeição do dia. Havia alegria naquele momento de intimidade. Há muito tempo as duas sonhavam com aquele encontro.

             Entre uma conversa e outra, a moça perguntou se a mãe sabia a origem da Virgem de Nazaré. Então, Helena disse para a filha:

              - É uma longa história, cheia de pequenos milagres. Muita coisa pode ter sido criada pelo povo, mas a essência é muito bonita. O culto como é conhecido, iniciou-se em um povoado chamado “Vigia” e hoje em dia é celebrado em diversos locais. No entanto, o mais conhecido é esse da capital, Belém do Pará, como é conhecido. A história contada pelo povo e repassada de geração para geração é a seguinte:

             - Na região vivia um caboclo chamado Plácido José dos Santos, o qual era descendente de portugueses e índios, ele andava, sempre, por aquelas bandas. Certo dia, caminhando pelas imediações do Igarapé Murutucu, encontrou, jogada entre as pedras, uma pequena estátua de santa. A imagem tinha cerca de 40 centímetros de altura e o rapaz a levou para sua casa.

           - No dia seguinte, a imagem havia sumido. Plácido ficou bravo, pensando que alguém a tinha pegado e saiu a procura da mesma. Teve uma pequena intuição e voltou ao lugar de origem. Para sua surpresa, ela estava no mesmo local do dia anterior. O rapaz a pegou e a levou de volta para sua casa. Mas, no outro dia, ela estava novamente no mesmo local de origem e durante dias essa história se repetiu.

              - Contando o fato para várias pessoas, chegou aos ouvidos do governador, que ordenou leva-la para o palácio do Governo da Província, onde ficou guardada por escolta. Mas, na manhã seguinte ela não estava mais lá. Plácido então, entendeu que a Santa queria continuar no local onde fora encontrada e, o rapaz construiu uma pequena capela para abriga-la.

            - Muitas pessoas começaram a visitar o local e fazer pedidos à Santa. Os fatos se espalharam e os curiosos se aglomeravam para ver a Virgem.

            - Assim, foi erguida uma igreja no local, pois havia aglomeração de peregrinos da região. Hoje em dia, ali está localizada a suntuosa Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, que acolhe a devoção do povo com mais conforto.

            - Iniciaram-se as procissões para depois das missas na Basílica da Virgem de Nazaré, sendo atribuído a Santa muitos milagres. Começaram a chegar as romarias e gente de todos os cantos do país, para acompanhar as procissões do Círio de Nazaré.

          Helena levantou-se, estava emocionada, já havia sido agraciada por um milagre, quando um de seus cinco filhos esteve à beira da morte.

           Edileusa agradeceu a sua mãe pela bela história do encontro da Santa. Estava confiante em ser merecedora de um milagre também.

             A festa programada começa com um mês de antecedência e, é composta de uma sequência de rituais. O seu ponto alto acontece no segundo domingo de outubro, com a procissão que arrasta multidões. Naquele ano, de dois mil e dezenove, estimava-se que haveria mais de um milhão de pessoas na praça em frente à Basílica.

            A moça estava aguardando a volta de Caetano, para iniciar sua romaria em adoração à Virgem de Nazaré. Ele fora visitar sua família, mas deveria voltar no dia seguinte e juntos viveriam aqueles dias de adoração à Virgem de Nazaré.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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