NEM TUDO SÃO
FLORES
CAPÍTULO ONZE
Marcos
foi buscar os filhos para um passeio no final de semana e aproveitou para saber
o que Clara andava fazendo. Os filhos adolescentes gostavam do pai, mas não
queriam prejudicar a mãe e pouco falaram sobre os projetos dela. Com muito
custo ele soube da herança que o sogro deixara para sua filha e a inauguração
da loja de sua ex.
O homem ficou nervoso, pois, se ela conseguisse
se sustentar com seu trabalho, ele perderia o controle sobre ela. No auge de sua
paixão por Selma ele cedera à tentação, porém, já não tinha tanto entusiasmo e
gostaria de voltar a viver com Clara e os filhos.
Uma
ponta de ciúmes fez com que uma ruga de preocupação surgisse na testa de
Marcos. Ele não conseguiu arrancar dos filhos se ela tinha arrumado outro
companheiro; os dois adolescentes eram esquivos. Simpatizavam com Tiago e
apoiavam o namoro da mãe, já que o pai morava com Selma, sua antiga secretária.
Quando Marcos foi levar os filhos de volta para a casa, Clara os
esperava. Ele quis saber sobre a loja e sua inauguração, porém, a mulher o
afastou dizendo que ele não tinha nada a ver com o assunto, uma vez que já
estavam separados. Marcos ficou irado e a ameaçou de cortar a pensão que ele
lhe dava. E, completou dizendo que se ela arrumasse outro homem ele pediria a
guarda dos filhos.
Clara
tremeu, não deixaria que isso acontecesse; teria que alertar o Tiago para que
tomassem cuidado. O fantasma do marido voltara para estragar sua felicidade;
teria que ter paciência ou seu esforço estaria perdido. Ela e os filhos
precisavam da ajuda de Marcos; pois, seu projeto estava apenas começando.
Continuaria sendo, diante da sociedade, apenas uma mulher de papel. Entretanto,
estava feliz vivendo um grande amor; saberia esperar para ficar com Tiago.
Na segunda
feira ela abriu as portas de sua loja e Tiago apareceu com um grande ramalhete
de flores lhe desejando felicidades. Clara, Joelma. Rose e Marli estavam dando
os últimos retoques nas vitrines, quando Marcos apareceu e foi logo perguntando
quem lhe mandara flores. As quatro mulheres se juntaram e disseram que
compraram as flores para dar sorte. O homem entrou e ficou surpreso com a
diversidade de objetos e percebeu que o projeto de Clara não era pequeno e
poderia dar certo.
Ficou
bisbilhotando ali por um bom tempo e depois saiu pisando duro; estava com
ciúmes da mulher. Um sentimento de perda tomou conta de Marcos, Clara continuava
muito bonita e provando que poderia sobreviver sem ele. Seu lado empreendedor
estava exaltado e ela parecia dona de si; estava radiante e isso incomodava o
homem que fora seu marido.
Quando Marcos
saiu, Clara sentiu pena dele, parecia perdido.
- Onde estaria aquele homem que a humilhou
ficando com a secretária? Aquele por quem ela derramara tantas lágrimas e até
chegou a pensar em desistir da vida? Marcos a perdera para sempre, agora ela
tinha sua própria vida e um homem que a amava e respeitava.
Enquanto ela
divagava ao constatar tantos fatos de seu passado recente, ela não percebeu que
Tiago entrara ali e a estava observando. Ele se aproximou e a aconchegou em seu
peito. Ela nunca mais ficaria só; os dois juntos enfrentariam qualquer problema
que surgisse. E, depois de um longo beijo ele sussurrou em seu ouvido:
- Nem tudo são flores, porém, acalma seu
coração, que vai dar tudo certo.
No
primeiro dia, algumas curiosas entraram na loja para conhecer e até compraram
algumas coisas. Era a ocasião para mostrar o conteúdo, valorizar o trabalho
apresentado pelas mulheres da comunidade e semear simpatia para conquistar
futuros fregueses. Os primeiros dias são os mais difíceis, depois as pessoas
vão chegando e o negócio começa a prosperar.
Clara
estava feliz, conseguira montar sua loja e daria tudo de si para levar aquele
projeto adiante. Sara, sua colaboradora do lar e sua mãe ficavam na casa para
dar suporte aos seus filhos. Assim, Marcos não poderia dizer que ela havia
largado a educação das crianças para trabalhar. Entretanto, ele aparecia ali,
quase todos os dias, parecia estar farejando alguma coisa.
Tiago dava aulas na Escola de Educação Física
e encontrava Clara somente à tarde, desencontrando de Marcos. Na verdade os
dois homens ainda não haviam se encontrado, o que deixava Clara mais tranquila.
O casal combinou de comemorar, com um jantar, a inauguração da loja; a noite
prometia. O amor estava no ar.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.