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quarta-feira, 11 de julho de 2018

"A MATURIDADE ME PERMITE OLHAR COM MENOS ILUSÕES, ACEITAR COM MENOS SOFRIMENTOS, ENTENDER COM MAIS TRANQUILIDADE E QUERER COM MAIS DOÇURA". LIA LUFT


                     AO AMOR, COM CARINHO

                                          CAPÍTULO QUATRO
            Otávio passou a manhã do dia dez de junho trabalhando, parecia meio alheio ao que estava acontecendo na farmácia. Saiu apressado, assim que foi rendido pelo seu colega; o destino era a padaria, que ficava no final da avenida. Entrou e foi até a atendente do estabelecimento. Depois de um leve cumprimento, pediu que ela lhe dissesse qual era o bolo que o rapaz, na semana anterior, havia encomendado para sua namorada. Otávio era frequentador assíduo do lugar e a moça já o conhecia, por isso a conversa fluiu fácil.

            - Por favor, eu quero um bolo igual ao dele e com morangos em cima. A moça tomou nota do pedido e marcou para ser retirado na tarde do dia seguinte, véspera do dia dos namorados. O rapaz saiu alegre, estava confiante, iria se declarar à Milena.

                 Seguiu andando pela avenida, que estava cheia naquele horário, entretanto, ele parecia flutuar e não percebia o movimento ao seu redor; estava feliz. Um estado de espírito há muito tempo esquecido. Então, avistou uma floricultura, era o que estava procurando. Otávio queria encomendar um ramalhete de rosas vermelhas e deixar um cartão para ser entregue com as flores. Estas, deveriam estar nas mãos de Milena ao cair da noite do dia onze; exatamente as dezenove horas, precisou o rapaz.

                 “Ao amor, com carinho.
Milena, para mim você representa o amor e a felicidade; me dê uma chance por favor. Beijos”
                Otávio

                 Pagou e saiu andando, precisava respirar ar puro para se acalmar. A sorte fora lançada e agora era só esperar o dia seguinte.

                 Em sua cabeça passou um filme e reviu o seu casamento, o nascimento de suas duas filhas e todos os desentendimentos que culminaram com a separação do casal. Maria, sua esposa, se dissolvera em alguma parte do seu passado. Hoje em dia, era apenas a mãe das meninas. Não sentia nenhuma emoção, carinho, nada; tornara-se uma estranha para ele.

             Otávio não acreditava que algum dia voltasse a amar, mas, agora estava apaixonado. Sentia o mesmo frio na espinha de quando era jovem ou até com mais intensidade. Tinha experiência e sabia quais erros evitar, completara cinquenta anos e sentia que tinha muita vida pela frente. No entanto, precisava de uma nova oportunidade para provar que o amor é importante, porque a solidão deprime e mata.

                 Naquela noite, Otávio rolou na cama durante algumas horas, estava muito ansioso e não conseguia dormir. Já na madrugada ele adormeceu e acabou acordando com o Sol na vidraça da sala, que refletia em seu quarto; não ouviu o despertador.  Chegou esbaforido em seu trabalho, suscitando espanto por parte de seus colegas. Era um homem correto demais, para chegar atrasado no serviço.

         - Otávio está diferente, com um brilho no olhar, será que está apaixonado? Cochicharam as atendentes do local.

              À tarde, saiu do trabalho e passou na padaria para pegar o bolo, teria que entregar pouco antes das dezenove horas, queria estar lá, quando as flores chegassem.

                 As dezoito e quarenta e cinco ele já estava pronto, e postado em frente ao espelho. Otávio estava limpo e cheiroso, precisava demonstrar asseio para a moça que queria conquistar.  

             Chegou na portaria do prédio de Milena com a caixa nas mãos. Pediu ao porteiro para perguntar se ele poderia subir, para levar um bolo para ela e as crianças. A moça estranhou, mas, educadamente disse que poderia subir:
            - Por que será que o vizinho vai trazer bolo para mim e as crianças? O que estará acontecendo? Não teve tempo para mais nada, ele já estava ali; a campainha tocou.

            Milena, que acabara de chegar do trabalho foi atender a porta. A situação era estranha, ela conhecia o vizinho de vê-lo na janela, apenas isso. E, agora ele estava ali com uma caixa nas mãos. A moça ficou vermelha e o convidou a entrar, não poderia fazer diferente; era uma moça educada. Ele entregou o bolo dizendo:

              - Milena, eu trouxe um bolo para você e as crianças, para comemorar o dia dos namorados.

            Ela ficou sem jeito e o convidou a sentar-se; não esperava passar por aquela situação. Passou alguns minutos e o interfone tocou novamente. Era o porteiro avisando que estava subindo um entregador de flores. Ela ficou parada, meio paralisada com tantas novidades.

            A campainha tocou e ela recebeu um lindo ramalhete de rosas vermelhas com um cartão. A moça, trêmula, abriu o cartão e ficou de queixo caído. O cartão era do vizinho, que estava sentado em seu sofá.

           Otávio ficou olhando e sorrindo para a moça, que estava espantada com as flores e o cartão nas mãos.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

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