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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

"EMBORA MEU OBJETIVO SEJA COMPREENDER O AMOR, E EMBORA SOFRA POR CAUSA DAS PESSOAS A QUEM ENTREGUEI MEU CORAÇÃO, VEJO QUE AQUELES QUE ME TOCARAM A ALMA NÃO CONSEGUIRAM DESPERTAR MEU CORPO, E AQUELES QUE TOCARAM MEU CORPO, NÃO CONSEGUIRAM ATINGIR MINHA ALMA". PAULO COELHO

COM LÁGRIMAS NOS OLHOS

CAPÍTULO QUATRO
            Os dois irmãos chegaram à pizzaria e Marília deixou Celso conversando com os funcionários do estabelecimento. Ele assumiria o comando de tudo até a situação se resolver, por isso ele precisava conhecer o local e os funcionários. Por sorte, Celso estava de férias e poderia ajuda-la neste momento difícil.

            Depois das apresentações, Marília entrou em sua casa, que ficava ao lado da pizzaria. Uma casa pequena, mas aconchegante e muito bem arrumada. Foi construída com esforço e carinho pelo casal; um lugar onde foram felizes.

 Era noite de sexta-feira e havia bastante movimento no local, as mesas estavam cheias de gente comendo e bebendo. A música era mantida com som alto e todos pareciam felizes. No entanto, o coração de Marília estava sangrando, ela sentia um nó na garganta. O que ela mais desejava naquele momento, era que seu marido estivesse atrás daquele balcão, alegre e brincalhão como sempre.

             A mulher precisava de um banho para se livrar daquela sensação de sujeira, que a estava entristecendo ainda mais. Entrou em embaixo do chuveiro e ficou imóvel, precisava de um momento de paz, que a vida lhe roubara nos últimos dias.

          A água tépida caia em sua cabeça, rolando pelo rosto e levando suas lágrimas para o ralo. Ela trazia no peito uma tristeza e uma mágoa sem fim, que chegava a doer fisicamente.

        Estava revoltada com aquela situação, que para ela fora injusta com Fernando, não se conformava em ver o marido naquela cama de hospital. Marília nunca foi religiosa, mas era cristã e acreditava que Deus estava sempre presente cuidando e protegendo seus filhos. Fernando era um homem bom, alegre e brincalhão, não merecia aquilo, pensava Marília.

              - Por que ele foi abatido dessa forma? Preciso entender os desígnios desse Deus, que acreditamos ser nosso pai. Lamentou a mulher chorosa.

             O acidente aconteceu em um momento de esperanças; parecia que iriam superar a crise econômica. A situação esteve tão ruim, que o casal pensou em fechar as portas do estabelecimento. Mas, estavam conseguindo contornar a crise, era só uma questão de tempo. As lágrimas teimavam em se misturar com a água do chuveiro e ela aproveitava para lavar sua alma também.

           Então, percebeu que ela e Fernando eram muito felizes e não sabiam, nunca brigavam, apenas se amavam. Tinham Lorenzo, que era um bom menino. Agora seu amor estava na UTI, não tinha noção de nada e ela estava morrendo por dentro.

            Marília foi se deitar, precisava dormir e recuperar as forças, para poder voltar ao hospital. Tinha um compromisso com a vida de Fernando, teria que ajudá-lo a se recuperar até ficar bom novamente. Ainda bem que seu irmão estava lá para ajudar e tomar conta de tudo, era um problema a menos para ela se preocupar.

             Estava tão cansada que adormeceu logo e, acordou assustada durante a madrugada. Então, olhou para o lugar vazio na cama e a triste realidade voltou a atormentá-la. Marília começou a rezar pedindo pela recuperação de Fernando e assim, ela viu o dia nascer.

               Quando saiu do quarto, viu Celso jogado no sofá com a roupa que estava na noite anterior. Sentiu pena dele, ela se esquecera de arrumar um lugar para ele dormir, no quarto de Lorenzo. Fez café e colocou a mesa para quando os dois homens acordassem. Seu filho estava no período de férias de fim de ano e poderia ajudar na pizzaria.  
         
             Pegou o telefone e ligou para Eloisa, queria notícias do seu marido.

           – Por favor Eloisa, preciso ter notícias de Fernando.

             - Fui vê-lo, assim que cheguei, está estável, mantém o quadro. Marília, não venha fora do horário de visitas, eles não a deixarão entrar. Foi o recado que sua amiga lhe deu.

A visita seria somente as dezesseis horas e ela teria o dia todo para resolver suas coisas e esperar. Saiu para fazer compras e depois fez almoço, mas não tinha fome, então, comeu algumas colheres de arroz e foi se arrumar para ir visitar seu marido. Mas, antes passaria na Igreja, queria pedir pela recuperação de seu esposo, de joelhos e na casa de Deus.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa



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