OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS
CAPÍTULO
SEIS
Roger
desapareceu como por encanto, deve ter ficado agradecido por estar livre da
responsabilidade de criar um filho; iria viver a vida. Não era homem para
assumir responsabilidades; queria diversão e nada mais.
Cesane
ligou algumas vezes em seu celular, queria conversar, pois, para ela a situação
ainda não estava clara. Amava aquele rapaz, entregara-se a ele por amor e no
fundo do seu coração acalentava a esperança de tê-lo junto a si.
Alda e Rui não poderiam nem desconfiar das
intenções da filha ou ficariam furiosos. A mãe passava o tempo todo tentando
agradar Cesane, para compensá-la do desgaste de levar adiante a gravidez, sem
ter o pai da criança presente. Muitas vezes, a noite ela ouvia os soluços
sufocados da filha, que lhe cortavam o coração.
Rui
não queria ouvir o nome do cafajeste que desonrara sua filha, mas a mãe
entendia que fora o primeiro amor de Cesane e, que a desilusão doía fundo no
coração da menina. Com apenas dezesseis anos ela não tinha maturidade
suficiente, para entender a responsabilidade de pôr um filho no mundo.
A
futura mamãe estava reclusa em sua casa, saia muito pouco e sempre em companhia dos pais. Com o corpo roliço ela não queria
se expor e ser apontada na rua. E, lá no fundo temia e ao mesmo tempo desejava encontrar-se
com Roger. Não sabia como iria reagir, mas este pensamento ficava pulando em
sua mente.
Estavam
no final do ano letivo e ela conseguiria concluir o segundo ano do ensino
médio, tinha boas notas e a gravidez ainda passava despercebida. No entanto, o
terceiro ano seria muito difícil, tornara-se um ponto de interrogação. Alda não queria pensar em nada; viveria um dia de cada vez para proteger sua filha.
As
festas de fim de ano se aproximavam e Cesane já mostrava modificações em seu
corpo. Era uma moça com uma cintura bem definida, entretanto, foi a primeira coisa
que sumiu. Seu corpo perdia as formas para permitir o crescimento do bebê.
Com vinte semanas de gestação foi marcada a
ultrassonografia e eles ficariam sabendo o sexo do bebê; mãe e filha estavam
eufóricas, a criança tomava forma na cabeça das duas. Eram cristãs e
acreditavam que toda criança trazia alegria e esperança para seu novo lar e já
a amavam.
E,
quando o médico disse que Cesane esperava uma princesa, os olhos da mãe e da
avó encheram-se de lágrimas. Uma menina para ser muito amada e mimada pela
família.
Depois,
uma tristeza se abateu no semblante de Cesane, ela pensava em Roger, que nunca veria
sua filha. Então, seus olhos ficaram cheios de lágrimas.
Um texto de
Eva Ibrahim