PASSANDO A LIMPO.
CAPÍTULO NONO.
A menina voltou para casa com seu filho
e todos os acolheram com carinho. Dora estava feliz e agradecida por seu marido
ter perdoado a filha, que estava sinceramente arrependida por ter escondido sua
gravidez. Entretanto, ela temia que Agenor fosse tirar satisfações com o pai de
André. O marido não sossegaria até esclarecer os fatos, disso ela tinha
certeza.
Letícia continuava trabalhando na padaria
e Dora ficava com seu neto. Parecia que estava tudo bem naquela casa; porém, haviam notado a presença de um veículo rondando por ali todas as
tardes; era o Clésio querendo ver o filho.
O pai, preocupado, disse a Letícia que
não iria tolerar que ela falasse com aquele cafajeste, ele iria espera-lo para
conversar. Agenor fez sinal ao veículo de Clésio para que parasse, queria colocar
as coisas em pratos limpos. Não permitiria que aquele homem rondasse a sua casa.
Clésio desceu do automóvel e com cara de
pau disse que queria ver seu filho e ajudar a cria-lo. A vontade de Agenor era
pular no pescoço daquele safado, mas, prometera a filha que iria ter calma. O
homem disse a Clésio que se afastasse de Letícia ou contaria tudo à sua esposa,
não queria e não precisava de ajuda para nada. Se ele insistisse iria chamar a polícia,
o menino pertencia a sua família e a mais ninguém.
O rapaz não tinha argumentos para
insistir e foi saindo cabisbaixo. Agenor entrou em sua casa avisando à sua
esposa que nunca mais queria ouvir falar naquele homem. André era de Letícia e deles;
o menino seria criado junto com seus outros filhos.
Clésio não desistira, procurava ver a
moça quando ela saia do trabalho, não se conformava em ficar longe da criança.
Queria conhecer o menino, pegá-lo no colo. Letícia se comovia com os argumentos
de Clésio e combinou um encontro. Iria
levar o menino para tomar vacina e deixaria que ele visse André.
O pai pode, então, conhecer o filho, a
menina não queria negar esse direito a ele; ainda o amava. Depois, Clésio se foi com um jeito
triste, não poderia reconhecer o menino como seu filho, nem lhe dar o nome.
Nice ajudava sua irmã a cuidar das
crianças, que cresciam como irmãos. Agenor se apegara ao menino com amor de
pai. André saia com o avô e o tio, o
irmãozinho mais novo de Letícia. Pareciam irmãos, além de parecidos eram do
mesmo tamanho.
O tempo corria e quando Agenor chegava à
sua casa e não via o neto, ficava nervoso. Dizia que mãe e filho pareciam o
corpo e a alma; queria vê-los sempre juntos.
Quando André estava com três anos,
Letícia conheceu o Júlio; um mineiro recém-chegado de Uberlândia, com quem
fizera amizade. Ela o tinha como amigo, porém, ele a amava e dizia que iria se
casar com ela. Letícia ria alto, não pensava em se casar; tinha um filho para
criar. A menina estava feliz no seio de sua família; o pai e a mãe lhe davam o
apoio necessário e de vez em quando ela via o Clésio, que ainda balançava seu
coração.
Letícia sabia que deveria se manter
afastada daquele homem, mas ainda o amava e ele também gostava dela. Então, ela
se contentava em sonhar com ele. Júlio era insistente, queria namorar a menina.
-Letícia continuava obesa como sempre e assim
mesmo encontrava pretendente, comentou sua irmã mais velha em conversa com a
tia Nice.
-Pudera! Era vistosa e tinha um sorriso
alegre; uma menina cheia de vida; Argumentava Nice.
Durante dois anos Júlio procurou aproximar-se
de Letícia, que já aceitara o namoro com ele. Não era um grande amor, mas um
amor tranquilo, que lhe fazia bem.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.