POR
AMOR
CAPÍTULO
CINCO
A multidão seguia Jesus de Nazaré,
que cambaleava debaixo dos açoites constantes, era muita humilhação para um ser
humano suportar. Um pouco mais adiante, apareceram algumas mulheres se
lamentando, pedindo clemência para o condenado. Então, ele parou por um
instante e falou:
-“Mulheres de Jerusalém não choreis por mim,
choreis por vós mesmas e por vossos filhos”. (Lucas 23;27,28)
Jesus, mesmo estando aniquilado,
ferido, arrasado, ainda tinha forças para consolar as mulheres piedosas, que o
seguiam. Então ele disse:
- “Se fazem isso com o lenho
verde, o que farão om o lenho seco”?
Andreia
seguia atenta a todas as falas dos personagens, curiosa, olhou para Samuel e
perguntou:
- O que quer dizer lenho verde e
lenho seco?
- Lenho verde era uma vara, que
foi jogada nas águas salgadas de Mara, por Moisés, transformando-as em águas
doce. Assim, conseguiu matar a sede de seu povo. Certamente, Jesus queria
dizer, que se o tratavam daquela maneira, sendo ele lenha viva, inocente e
filho de Deus, o que fariam com seus semelhantes?
Explicou o marido para sua
esposa, que observou:
- Olhando e pensando tudo isso,
vemos como o ser humano é selvagem e cruel.
Jesus se deixava martirizar, porque sabia que
era a única maneira de salvar a humanidade, levando consigo todos os nossos
pecados.
Mesmo estando cheio de chagas e
dores lancinantes, provocadas pelas chibatadas constantes e pelos espinhos
encravados em sua cabeça, ele sofria com fé e resignação. Todo aquele
sofrimento horrível era a esperança para a salvação da humanidade. Jesus viera
ao mundo, sabendo de todo o martírio a que seria submetido e como um cordeiro,
foi para o matadouro.
Samuel puxava a sua mulher pela mão,
ela se compadecia com a situação de Jesus e ficava para trás. Andreia vivia a
história em toda sua intensidade.
Arrastando-se, Jesus segue em
direção ao monte Gólgota, lá o esperava a agonia da morte. Mais um pouco e ele
cai pela terceira vez, já não aguentava mais o peso dos pecados do mundo, que
eram muito maiores do que o peso da cruz. Nesse momento, Pedro se aproxima e
faz uma pergunta a Jesus:
- “Senhor, quantas vezes devo
perdoar o meu irmão, quando ele pecar contra mim?
Então, Jesus respondeu:
- “Não te digo até sete vezes, mas até setenta
vezes sete”.
O soldado se aproximou e foi logo açoitando o
pobre corpo, cheio de chagas, que cambaleando levantou-se. Os brutamontes
esbravejando, forçavam o condenado a seguir em frente.
Finalmente, Jesus chegou ao local de sua
crucificação e foi despojado de suas vestes, que posteriormente foram sorteadas
entre seus algozes. Ele estava suado e sangrando, sentia muita sede e deram lhe
vinagre com mirra, uma espécie de anestésico, que usavam para dar aos
condenados na cruz. No entanto, Jesus experimentou e recusou, queria sofrer
todas as dores da humanidade. Mais tarde, tomou vinagre puro para saciar sua
sede.
O
casal se aproximou e quando deitaram o condenado na cruz, a moça começou a
chorar. Em seguida trouxeram os cravos para prega-lo na madeira. Andreia deu um
passo para trás e entre lágrimas sussurrou:
– Não quero ver isso, vamos embora.
-
Não, vamos ficar até o final, se não quiser olhar, tudo bem. Disse Samuel.
A
moça, mesmo de olhos fechados, tinha um sobressalto a cada martelada. Podia-se
ouvir os lamentos das pessoas. Tudo parecia muito real, era de arrepiar. Estavam em Nova Jerusalém, no nordeste brasileiro, no ano de dois mil e dezoito e depois de tanto tempo, essa história ainda consegue emocionar a todos.
De
repente, surgiu um vento estranho, localizado, que chacoalhava as folhas das
árvores, depois sumiu. A encenação acontece a noite, mas na história, o fato se
dá as nove horas da manhã da sexta-feira.
Logo após, vieram os momentos
mais difíceis para o condenado, a cruz foi erguida. Enfraquecido, desidratado,
com dores insuportáveis e muito cansado, Jesus foi colocado entre dois ladrões,
também crucificados. Então, ele avista o mundo como ele é: cruel e desumano.
Reunindo suas forças ele balbucia:
- “É por amor, que estou
aqui”.
Olhou do lado direito e viu Dimas,
o bom ladrão e do lado esquerdo estava Simas, o mau ladrão. Jesus suspirou,
fora feita a vontade do pai.
- Samuel vendo os três homens
pregados na cruz, sofrendo a agonia da morte, abraçou Andreia e disse:
Então, as mulheres de Jerusalém se
aproximaram, ficariam ali até o final.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa.
Com
consultas ao Wikipédia e ao Youtube.