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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"AQUELA NUVEM QUE PASSA LÁ EM CIMA, SOU EU.----- AQUELE BARCO QUE VAI MAR AFORA, SOU EU. -----BUSCANDO VOCÊ.----- AQUELA FOLHA QUE VAGA PELAS RUAS, SOU EU.----- BUSCANDO VOCÊ.----- COMO EU QUERIA SER ESSE SOL QUE LHE QUEIMA, -----ESSA ROUPA QUE COBRE O SEU CORPO.----- O VENTO QUE LHE POSSUI E ESSA ÁGUA QUE BANHA VOCÊ. -----SÓ ASSIM EU PODERIA ME APROXIMAR DE VOCÊ SEM PRECISAR CONFESSAR, O QUE EU TENTO ESCONDER E SOFRO E NÃO É DIREITO, QUE VENHO FAZENDO TUDO PRA NINGUÉM SABER".-----LETRA DA MÚSICA: "AQUELA NUVEM" ------ GILLIARD.




                                          MAMÃE TROCA A PILHA.

O avião estava estacionado no pátio das aeronaves aguardando os passageiros para decolar. Dentro do salão de espera havia muita gente ansiosa pela viagem, o burburinho era grande. O painel de voos era o que prendia a atenção de todos. Aguardavam uma viagem doméstica entre Estados vizinhos em véspera de feriado. Famílias com crianças, idosos, estudantes e passageiros assíduos formavam o grupo heterogêneo daquela manhã.
 O ônibus que fazia o transporte interno dos clientes, encostou-se à plataforma de embarque e os passageiros adentraram ao coletivo, acomodando-se; a expectativa era grande. O veiculo, lotado, lentamente se aproximou da aeronave cor de rosa. Em uma empresa cujo nome e cor de suas aeronaves é “Azul,” estranharam ter um avião da cor “Rosa”. Em ordem e com os comprimentos do copiloto e da comissária de bordo, todos se acomodaram em seus respectivos lugares.
Com a segurança e cordialidade peculiar aos comandantes os passageiros ouviram a voz de boas vindas a bordo e a explicação por estarem em um avião da cor rosa. O avião fazia parte da campanha contra o câncer de mama. Uma bela atitude da empresa de aviação, pois levava aquela mensagem pelos céus do país. A luta contra tão terrível doença, que é responsável por muitas mortes e mutilações entre as mulheres, ganhava força. Um leve sorriso apareceu em cada rosto, todos aquiesceram.
O avião rosa percorria lentamente todos os quilômetros da pista antes de alçar voo, porém, quando a maioria das pessoas já estava finalizando suas orações profiláticas contra o medo de alturas, o avião não subiu. Voltou e estacionou no local de onde saíra, em seguida foi desligado pelo comandante. Todos se entreolharam perplexos e, a uma só voz surgiu a pergunta:
 - O que aconteceu?
Em resposta apareceu um Senhor alegre e brincalhão, o comandante, para acalmar os ânimos que pareciam exaltados. Sorrindo dizia que havia chamado o “pediatra” para consultar o avião que apresentara uma pane elétrica. Ele sabia como abordar e acalmar pessoas inquietas, era um cavalheiro. Uma senhora, mais exaltada, dizia que deviam trocar a aeronave e não consertá-la, pois havia outra aeronave parada a uns cinquenta metros de distância do avião com defeito. Era só andar até lá e pronto, enfatizava a mulher apreensiva.
Tranquilo, o homem dizia que o melhor lugar para consertar um avião era em terra e não no ar. Deviam agradecer a Deus por não estar no ar. O comandante explicou que havia todo um procedimento de segurança para trocar de avião; os passageiros teriam que permanecer dentro da aeronave até segunda ordem. Longos minutos se passaram e o calor e a diminuição do oxigênio começava a incomodar, havia crianças e idosos a bordo.
O silêncio se instalou no local, a situação era inédita e nada podia ser feito, a não ser esperar. Quando um garotinho de nome Lucas, de cerca de três anos de idade, ficou em pé no assento do banco em que estava sentado e disse: “Mamãe troca a pilha dele, precisamos voar para encontrar a vovó”. Os passageiros riram, o diagnóstico estava correto, realmente sua pilha estava estragada e o “pediatra” não conseguiu arrumá-la.
Depois que a decisão de mudar de avião foi tomada pelos seus dirigentes, demorou mais de trinta minutos para que os passageiros pudessem seguir em fila e entre cordões de segurança, até o outro avião, o “Azul”. A demora ocorreu porque tiveram que abastecer o avião e transferir toda a bagagem para a outra aeronave.
Finalmente o avião seguiu seu itinerário deixando a mensagem da luta contra o câncer de mama para a próxima viagem, quando sua pilha fosse trocada. Chegando ao seu destino o garotinho foi recebido por sua avó, que seguiu feliz com seu neto no colo.
Um texto de Eva Ibrahim.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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