COM MUITO AMOR.
CAPÍTULO 5
Nessa busca Antonio conheceu uma moça
que despertou seu interesse, Verônica era seu nome. A moça trabalhava na Biblioteca
municipal e quando ele a viu pela primeira vez sentiu seu coração disparar; era
tudo o que ele queria; a mulher da sua vida. Ela estava com um vestido rosa e
balançava seus cabelos cacheados quando passava por ele, que se derretia todo.
A Bibliotecária era uma moça bonita e
inteligente, vivia lendo livros de autoajuda e esoterismo; dizia que havia vida
após a morte e queria que Antonio compartilhasse de seus conhecimentos. Estavam
sempre juntos, gostavam das mesmas coisas.
Formavam um casal apaixonado em
sintonia com o universo. Os dois passavam horas sentadas no jardim olhando a
lua e as estrelas enquanto trocavam carícias e beijos. A moça acreditava que a
lua exercia uma atração sobre todos os enamorados e ela estava apaixonada por
Antonio. A jovem, nas horas de folga, estudava terapia holística. Verônica acalmava o namorado e procurava
explicações para o fenômeno da pedra; era uma moça bastante persistente. Em
pouco tempo o casal estava apaixonado e Antonio vivia um momento mágico.
Depois de alguns anos de namoro o casal
falava em casamento. Antonio arrumou emprego em um grande escritório e já tinha
condições de assumir uma casa. Verônica continuava trabalhando na secretaria da
Biblioteca municipal e estava preparada para viver a nova vida.
Os irmãos de Antonio cresceram e
tomaram seu rumo. Nalva, sua irmã, estava de casamento marcado com um bom homem
e amigo de Antonio; ficariam morando na antiga casa da família.
Com a situação dos irmãos resolvida
ele poderia levar sua amada para o altar. O casal de namorados frequentava
estudos bíblicos em um centro espírita chamado: “Escola da alma”. Verônica era
sensitiva e muito caridosa; vivia ajudando pessoas necessitadas e Antonio
seguia a mulher com admiração. Formariam um casal unido na crença e no amor, a
mulher seria o apoio espiritual do marido e a proteção necessitada.
Compraram uma casa e a decoraram com carinho, respeitando a crença da mulher e seus estudos espirituais.
Sempre que Antonio tinha a oportunidade de ver ou falar sobre pedras e energia
ele se lembrava da pedra amarela que explodiu em sua casa. Dizia que seu corpo arrepiava e sentia medo,
pois não encontrava explicação para o fato. Verônica sempre procurava uma
resposta para dar ao seu amor, mas ninguém conseguia uma explicação
convincente. Com o casamento marcado o homem sentia-se ansioso e inquieto,
queria dar o melhor de si e fazer de sua noiva uma mulher feliz. A família de
Antonio era pequena, mas a família da moça era grande e o casal queria
reuni-los na festa do casamento para deixar os pais da noiva felizes. Antonio
era católico e Verônica concordou em se casar na Igreja que o rapaz escolheu;
ela dizia que Deus era um só e os abençoaria em qualquer lugar.
Estava tudo preparado, Igreja, salão de
festas, Buffet, flores e uma viagem de lua de mel para Campos do Jordão.
Verônica queria conhecer aquele lugar famoso por ser uma estação de inverno.
Faltava apenas um dia para o casamento e Antonio foi dormir bastante preocupado
com os preparativos para à festa. Seu sono foi conturbado e teve muitos
pesadelos onde ele sempre aparecia procurando a pedra amarela. Acordou
assustado e ligou para Verônica, queria saber se estava tudo bem; a moça tentou
acalmá-lo, mas, ele ficou cismado com aquele sonho estranho.
Quando o dia amanheceu tiveram uma
triste notícia, a avó da noiva havia falecido. O rapaz não se conformava, pois,
tiveram que adiar o casamento para ir ao enterro da velha senhora. O rapaz
acreditava que havia uma força estranha que interferia na vida dele e quanto
mais temia, pior ficava.
Finalmente depois de quinze dias houve
o casamento e a lua de mel fez com que Antonio deixasse as tristezas de lado,
para viver o amor ao lado de Verônica. O novo casal passou uma semana curtindo sua lua de mel,
estavam alegres e felizes quando retornaram à cidade de origem, onde fixariam
residência. Na nova casa, o homem sentia-se feliz, era a realização de um
sonho; parecia que Antonio se esquecera da pedra amarela.
A vida com sua amada o satisfazia
plenamente; eram amantes, amigos e companheiros. Os dois trabalhavam e quando
alguém perguntava quando teriam filhos, eles riam e diziam que não tinham
pressa. Dois anos se passaram sem problemas, o passado estava esquecido.
Certa noite Antonio teve
outro pesadelo com a pedra amarela e na manhã seguinte recebeu a notícia de que
seu irmão mais novo havia sofrido um acidente de motocicleta. O caso era grave,
Célio o irmão, estava internado na Unidade de Terapia Intensiva de um grande
Hospital. Uma semana depois o rapaz faleceu e Antonio desmoronou.
–Será que a maldição que havia na pedra
agora iria recair sobre as pessoas próximas a ele?
O medo crescia dentro dele; aquele
episódio deixou o homem apreensivo. Fez uma oração e entregou a Deus, estava
vulnerável; enquanto não desvendasse aquele mistério viveria com uma faca em
cima de sua cabeça. Havia um compartimento em seu cérebro que latejava quando
ele se lembrava da pedra. Com o episódio ocorrido no dia de seu casamento e o
acidente com seu irmão, ele temia pelos seus familiares. Verônica dizia que era
bobagem, todos os dias ocorrem mortes e acidentes, é só ler os jornais.
Os outros
dois irmãos de Antonio mudaram-se, indo viver no Nordeste, onde tinham
parentes. Somente a irmã Nalva continuava perto do casal. Eles ajudaram Nalva a
criar seus dois filhos, pois, Antonio e Verônica não tiveram filhos. Uma
pontada no peito fez Antonio voltar à realidade; vinte anos se passaram e agora
ele estava viúvo; sentia-se um farrapo humano.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.