UM
POUCO DE AMOR
CAPÍTULO
QUATRO
A linha telefônica foi conectada ao
hospital, enquanto isso Teresa rezava baixinho para que as notícias fossem
boas. O seu marido estava dentro da cabine telefônica e ela nada podia ouvir,
no entanto, não tirava os olhos de Dirceu.
Foi com alívio que o pai de Benjamim ouviu
a voz do outro lado dizer, que o menino já havia operado. Imediatamente a mãe
reconheceu que as notícias eram boas e seu coração se aliviou. A expressão do
marido era inconfundível, havia alegria nos olhos de Dirceu.
No entanto, Benjamim teria que
ficar internado até o osso da perna crescer e preencher o vão da fratura. E
isso só Deus poderia prever quando aconteceria. Era o enfermeiro dando notícias
de Benjamim.
-
Eu nada mais posso dizer, porém se o senhor quiser saber mais detalhes, terá
que vir aqui e falar com o doutor. Enfatizou o rapaz.
O
pai, com um sorriso estampado no rosto, disse que faria o possível para visitar
o filho.
- Por favor, avise o Benjamim que os pais e
irmãos dele estão com saudades e o amam muito, obrigada. Concluiu o pai com o
coração mais leve.
Em seguida, deixou
a cabine e abraçou sua esposa dizendo que o filho estava bem. Os olhos de
Teresa ficaram marejados de lágrimas e ambos choraram de alegria. Em seguida, passaram
no armazém e na igreja, para depois voltar para casa.
Dirceu
e Teresa se ajoelharam diante da Virgem Maria e agradeceram por Benjamim estar
se recuperando. A luta estava apenas começando, pois levaria tempo para que o
menino retornasse à casa, isso ficara claro.
Seguiram
em frente com alegria no coração, mas, antes passaram na casa de Saulo, o amigo
de Benjamim. Precisavam avisar a todos que ajudaram no resgate, que o filho
estava bem.
A
partir daquele dia o casal só pensava em fazer uma visita ao hospital onde estava
Benjamim. Era uma grande e cansativa viagem de jardineira, um ônibus antigo, que
transportava as pessoas entre vilas e cidades naquela época. Em sua maioria eram
estradas de terra esburacadas e poeirentas.
Teresa nunca havia saído das redondezas, era
mulher simples da roça. No entanto, pelos filhos faria qualquer coisa, até
viajar numa jardineira. Toda a vez que ela pensava nisso, fazia o sinal da cruz,
como se aquilo pudesse livrá-la do perigo das estradas.
Dirceu,
na segunda-feira, foi montado em seu cavalo até a vila, para assuntar e saber
quando teria condução para a cidade grande.
-
Tem somente uma viagem por semana e a jardineira sai, bem cedo, na sexta-feira
e retorna no domingo. Para garantir os lugares já deixei reservados e pagos.
Disse o marido exibindo as passagens. A mulher assustada, não conseguiu dizer
nada.
Ela
ficou trêmula diante do fato consumado, teria que se preparar. Em primeiro
lugar poria o terço em sua bolsa; precisaria muito dele. Uma muda de roupas
para cada um, biscoitos e água para comerem no caminho. Levaria também: roupas
para o Benjamim, a mochila da escola e algumas frutas e doces. Era tudo o que
precisavam.
Na
sexta-feira, Teresa madrugou, colocou sua roupa de domingo e chamou o marido. O
vizinho já estava com a carroça pronta para irem até a vila mais próxima, pegar
a jardineira. Antes mesmo do Sol nascer já estavam na estrada, levavam no
coração muitas saudades do filho.
Quando
o estranho veículo encostou na plataforma, ela sentiu medo e uma vontade de
retornar à casa, mas precisava levar um pouco de amor ao filho doente. Então,
com a passagem na mão procurou o assento. Depois fez uma oração, pedindo
proteção a Deus.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa