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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

'SE O PRIMEIRO E O ÚLTIMO PENSAMENTO DO SEU DIA FOR ESSA PESSOA, SE A VONTADE DE FICAR JUNTOS CHEGA A APERTAR O CORAÇÃO: É O AMOR!"CARLOS DRUMMOND ANDRADE

VITÓRIA CRISTINA

CAPÍTULO SETE
          Daniela se recuperou da anestesia e no dia seguinte, depois do café da manhã, ela foi conhecer a pequena Vitória. Mateus a levou na cadeira de rodas, pois estava enfraquecida e temia um desmaio repentino. A moça estava ansiosa, ainda não tinha visto sua filha, pois estava anestesiada no momento do nascimento. Tem vagas lembranças da sala de parto, parece que viveu um sonho.

              Foi levada até a incubadora, era a mãe e tinha o direito de conhecer a filha. A jovem ficou embevecida olhando para a pequena Vitória, queria muito que ela se recuperasse rapidamente. Era o amor de sua vida, mas não poderia pegá-la no colo; ficou triste, seus braços estavam vazios.

Mateus amparou a esposa, para que ela pudesse tocar a filha. Era uma bonequinha, linda e perfeita, mas teria que ficar na incubadora até ganhar peso. A mãe não se conformava com isso, precisava ficar junto da pequena criança. Voltou para o quarto da enfermaria, estava triste e chorosa; não conseguiu se alimentar, embora tentasse.

O pai da menina também estava preocupado, sabia que sua mulher não ficaria bem, se voltasse para casa sozinha. A enfermeira percebeu que havia alguma coisa errada naquela situação, a moça poderia entrar em depressão.

Então, a profissional experiente levantou a hipótese de Daniela participar do novo projeto, que fora implantado no hospital; o projeto Canguru. Explicou para Mateus, em que consistia o novo relacionamento entre mãe e filho, mantendo contato pele a pele.

 Ele ficou entusiasmado, iria conversar com o pediatra e verificar se haveria possibilidade de sua esposa participar. Não diria nada a Daniela, antes de ter certeza, para que não se decepcionasse, caso não desse certo a participação da menina, no novo projeto. O médico sorriu e disse:

 – Sim, já pensamos na possibilidade de sua filha participar do Canguru. Ela ficará mais uns dias em observação e se estiver bem, poderemos iniciar o acolhimento pele a pele com a mãe. Antes de sua mulher ter alta vamos fazer uma tentativa.

       Mateus agradeceu e foi contar a novidade para sua esposa, que surpresa se agarrou ao marido e chorou muito. Lavou sua alma, precisava se preparar para ajudar a pequena Vitória. A psicóloga foi conversar com o casal, para explicar a importância do contato pele a pele de mãe e filha e o benefício dessa relação. Disse também, que o pai pode participar do projeto, acolhendo a filha em seu peito.

                   Na manhã seguinte, a puérpera acordou animada e foi visitar a filha na UTI. A enfermeira perguntou se ela queria carregar a menina.

                   Com lágrimas nos olhos ela disse que sim. Então, uma cadeira foi colocada ao lado da incubadora e a pequena Vitória foi acolhida em seu peito, dentro da camisola. A criança precisa de estímulo para aprender a mamar. Ela estava com o oxigênio e a sonda orogástrica para alimentação, mas poderia receber o calor do corpo da mãe, mesmo assim.

                   Ficaram em contato pele a pele por trinta minutos e depois a menina voltou para a incubadora. Á tarde, fariam outra experiência, assim ocorreria a aproximação de Daniela e Vitória. A recém-nascida permanecia quietinha, em contato com a pele de sua mãe. Mateus fez essa observação.

                   A puérpera não queria deixar o hospital, precisava ficar junto da filha. No entanto, no terceiro dia ela voltou para casa. O médico disse que haveria um período de adaptação para a mãe e o pai. Os dois eram importantes para a recuperação da filha e explicou como os trabalhos se iniciam:

               - No começo, o casal poderá visitar a filha uma vez por dia e ficar uma hora com ela, no contato pele a pele. Tanto o pai como a mãe iniciam o contato com a filha de forma precoce, de modo crescente, pelo tempo que se sentirem confortáveis. Concluiu o pediatra, se afastando do local.

              Logo, a enfermeira se propôs a dar novos esclarecimentos ao casal:

              - Depois da adaptação, será trocada a sonda atual por outra, será inserida a sonda nasogástrica, liberando a boca do bebê. Então, começará o processo de amamentação pele a pele, complementado pela sonda.

             - Quando a criança começa a sugar na mãe é hora de aumentar o tempo de permanência do bebê canguru, no contato pele a pele, isto é, obter o calor da mãe o maior tempo possível. Esta passa a permanecer noite e dia no alojamento da neonatologia.                              
               - A complementação passa a ser ofertada no copinho, com leite materno. Um dos pilares do método Canguru é o aleitamento materno exclusivo.

            - A presença da mãe em contato com seu filho, estimula a produção de leite materno, favorece o vínculo entre os dois, reduz o estresse da separação, concluiu a enfermeira.

            Com todas as informações necessárias, a moça concordou em ir para sua casa descansar; precisava recuperar as forças para ajudar sua filha.

             Duas semanas se passaram e Daniela estava encantada com a pequena Vitória, que ganhava alguns gramas diários. Agora, a mãe permanecia no alojamento destinado às mães Cangurus. Com ela estavam outras mulheres, inclusive uma, com dois bebês de baixo peso; eram gêmeos.

                    As mães Cangurus são pessoas dedicadas e persistentes, com o firme propósito de levar os filhos para suas casas, o mais rapidamente possível. É uma luta diária para manter os pequenos saudáveis e bem alimentados, o que nem sempre ocorre.

           Um texto de Eva Ibrahim Sousa


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