ADEUS AMOR
CAPÍTULO
CATORZE
Celina estava abobalhada, mal
conseguia raciocinar; sua vida se acabara e ela temia não resistir a tamanho
desgosto. A mulher parecia um zumbi, pois, de vez em quando vinha sua mãe e a
forçava a tomar calmantes. Sentada no sofá, fixava um ponto qualquer. Tinha o
pensamento perdido em algum lugar onde não queria estar; sua expressão era de
total desalento.
A família de seus pais e dos pais de
Fernando estavam ali, para prestar sua última homenagem ao parente morto. Alguns
davam razão a ele e outros o chamavam de covarde por ter desistido da vida.
Controvérsias a parte, a casa estava cheia de gente e isso incomodava a viúva, que queria chorar seu morto em paz.
Trancou-se no quarto, não queria
ver ninguém, no entanto, sua mãe insistiu até Celina abrir a porta; ficaria ali
para lhe fazer companhia naquele momento triste. A mulher estava preocupada com
a filha. Logo em seguida a sogra também entrou no quarto e se aproximou da
nora. As duas padeciam da mesma dor, a morte de Fernando. As duas mulheres
choravam abraçadas, precisavam de força para seguir em frente.
As horas passavam lentamente e Celina
não aceitava nenhum alimento. Dizia que não passavam em sua garganta, que
acobertava um nó; não saberia dizer quando conseguiria desfazê-lo. Era muito
triste saber que Fernando estava morto daquela maneira.
- Por que ele fizera aquilo com ela?
Deveria ter-lhe contado os maus pensamentos que tinha, ela o teria ajudado.
Chorava no ombro da sogra, que era quem mais entendia seu sentimento e partilhava com ela. Duas mulheres com sentimentos diferentes, porém intensos; a perda doía na alma da mãe e da esposa do defunto.
Chorava no ombro da sogra, que era quem mais entendia seu sentimento e partilhava com ela. Duas mulheres com sentimentos diferentes, porém intensos; a perda doía na alma da mãe e da esposa do defunto.
Cesar tocou no ombro de Celina
dizendo que deveria se arrumar para ir ao velório do marido. Estava ficando tarde e
o corpo seria conduzido ao necrotério do cemitério. Teriam somente duas horas
para velar o defunto, devido ao fato de ter morrido há vários dias.
A viúva levantou-se como se fosse um robô e
seguiu sua mãe que escolheu sua roupa e a ajudou a vestir-se. Estava pronta
para a missão mais difícil de sua vida, entregar à terra seu grande amor.
Sua mãe falou em Deus, paciência, porém ela estava muito revoltada para poder entender alguma coisa. Não saiu dali espontaneamente, foi levada por braços amigos que a dirigiam para onde deveria ficar, ao lado do ataúde de Fernando. Celina olhava pelo vidro do caixão lacrado e mal podia reconhecer seu amor; parecia um rosto feito de cera. Imóvel, amarelado e inchado, gostaria de poder tocar nele.
Sua mãe falou em Deus, paciência, porém ela estava muito revoltada para poder entender alguma coisa. Não saiu dali espontaneamente, foi levada por braços amigos que a dirigiam para onde deveria ficar, ao lado do ataúde de Fernando. Celina olhava pelo vidro do caixão lacrado e mal podia reconhecer seu amor; parecia um rosto feito de cera. Imóvel, amarelado e inchado, gostaria de poder tocar nele.
Algumas mulheres da vizinhança e
amigas da família começaram a rezar o terço e todos acompanharam. Havia muita
emoção no local, lágrimas rolavam em muitos rostos; parecia ser inevitável. E,
logo após o Padre encomendar o corpo, foi iniciada a caminhada até a cova. Em
seguida, diante de parentes e amigos o corpo desceu à sua última morada, sob o
aplauso dos presentes.
Alguém
deu uma margarida para Celina jogar sobre o caixão. Foi sua última homenagem ao
marido. Adeus amor, sussurrou a moça entre lágrimas enquanto a flor caia dentro
da cova.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.