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quarta-feira, 11 de setembro de 2019

'BORBULHAS DE AMOR" "(...) CANTA CORAÇÃO, QUE ESTA ALMA NECESSITA DE ILUSÃO. SONHA CORAÇÃO, NÃO TE ENCHAS DE AMARGURA. ESSE CORAÇÃO, NÃO CONSEGUE SE CONTER AO OUVIR TUA VOZ. POBRE CORAÇÃO, SEMPRE ESCRAVO DA TERNURA. UMA NOITE PARA UNIR-NOS ATÉ O FIM. CARA A CARA, BEIJO A BEIJO. E VIVER PARA SEMPRE DENTRO DE TI." COMPOSITORES: JUAN LUIS GUERRA/ JOSÉ DE RIBAMAR FERREIRA.


O BOTO COR DE ROSA

CAPÍTULO TRÊS
              O rapaz retirou-se para a sua cabine e as duas moças para a cabine ao lado. O barco balançava bastante, chovia pouco, mas ainda ventava muito e Rodolfo ficou deitado pensando no rapaz esquisito. Depois adormeceu e se deu conta de que estava assistindo as carícias, que a índia recebia do rapaz almofadinha.

            Como se fosse em uma tela de cinema, ele viu a moça ser assediada e encantada pelo rapaz. Rodolfo presenciou quando ele enfiou a mão dentro da blusa da menina e tirou seus seios para fora, depois a beijou suavemente, enquanto apalpava seu corpo. A indiazinha não resistia, parecia encantada pelo rapaz.

           O almofadinha ficou um longo tempo acariciando e beijando a pequena mulher, que se mostrava como uma presa fácil. Ela aparentava ter mais ou menos uns quinze anos de idade.

                Em dado momento, se aproximaram do parapeito do convés e o rapaz a abraçou, depois pularam para dentro do rio, que brilhava pela luz da lua. Rodolfo ficou atônito e desesperado, pois iriam morrer afogados. Debruçou sobre o parapeito para ver se ainda estavam ali e nada pode ver na imensidão das águas durante a noite. Ficou sem ação, não sabia se entrava ou se denunciava o que presenciara. A essa altura o convés já estava vazio.

                No entanto, quando se virou para entrar, viu que o casal estava no mesmo lugar. Chegou perto para verificar se não fora apenas uma visão, então sentiu um cheiro tão forte de peixe, que teve que voltar e entrar no salão. Respirou fundo, esperou um tempo e voltou para espiar se ainda estavam lá. Somente a indiazinha permanecia no local, com um jeito abobalhado.

           Repentinamente ele acordou, estavam batendo na porta da cabine. Sentou-se no beliche e percebeu que estivera sonhando; ainda estava no barco, viajando pelo rio Amazonas. Abriu a porta e lá estavam as duas moças com as malas nas mãos.

               - Vamos Rodolfo! O barco já está atracando no porto de Parintins. Disse Celina, com um sorriso nos lábios.     
        
            - Está um Sol lindo lá fora. Lorena concluiu.

            O rapaz levantou-se e foi ao banheiro, depois pegou a mala e seguiu as duas moças. Demorou para conseguirem sair do barco, havia muitas pessoas tentando sair ao mesmo tempo; faltava organização. Finalmente alcançaram o espaço aberto e estavam famintos, pois não haviam tomado café.

             Avistaram uma lanchonete e rapidamente sentaram-se em uma mesa; precisavam se alimentar. Comeram avidamente até ficarem satisfeitos. Depois permaneceram sentados, respirando o ar do porto e se preparando para pegar o táxi, que haviam chamado. Então, Rodolfo falou:

              -Preciso contar meu sonho para vocês. E começou contando o que presenciara enquanto dormia.

                Celina e Lorena ficaram de boca aberta, ele relatara a história do Boto cor de rosa, antes delas contarem para ele.

            - E, o que acontecerá com a índia depois que o rapaz desapareceu? Rodolfo perguntou apreensivo.

           Celina respondeu:

             - Provavelmente, ela ficará grávida e será mais uma mãe solteira, isto é, seu bebê será mais um filho do Boto cor de rosa. Isso acontece com as moças que não resistem a simpatia e beleza do rapaz, que de golfinho se transforma em gente.

            Lorena concordou e continuou explicando para Rodolfo a lenda do Boto cor de rosa.

              - O Boto cor de rosa é considerado um defensor das mulheres, quando ocorre algum naufrágio, ele as empurra para a margem. Em noites de luar, as margens do rio ou em festas, ele se transforma em gente e se aproxima das mulheres caboclas ou índias e as seduz, engravidando-as. Assim, quando os filhos nascem sem pais conhecidos, é atribuída ao Boto cor de rosa a paternidade dos bebês.

               - A lenda é muito forte naquelas bandas e os órgãos sexuais do Boto ou de sua fêmea são utilizados em feitiçarias, para conquistar o ente amado, seja homem ou mulher. Existe ainda o amuleto da sorte na arte do amor, que é o olho do Boto. Dizem que se a pessoa estiver segurando o amuleto feito do olho do animal, precisa ter cuidado para quem olhar, pois o efeito é fulminante. É possível atrair qualquer pessoa, que ficará apaixonada pelo possuidor do amuleto.

           Neste momento, o táxi encostou no meio fio e os três foram apanhá-lo para irem até o seu destino, que era a casa do irmão de Celina. Enquanto o táxi corria pela avenida principal de Parintins, Lorena completou:

            - O intenso cheiro de peixe que você sentiu, saiu da cabeça do rapaz, que é um golfinho de água doce. Sua transformação não é completa e fica um orifício no alto de sua cabeça, por onde sai o cheiro forte de peixe. Por isso ele anda de chapéu, para disfarçar a sua real identidade.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas a InfoEscola.

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