PASSO A PASSO
CAPÍTULO OITO
Marília não poderia se deixar deprimir, teria que se manter firme para
ajudar Fernando. Ele precisaria muito de sua força, ela sabia disso. Desde que
ocorreu o acidente de Fernando, todas as coisas eram ditas em termos vagos,
cheios de suposições.
Se ele ficar bem, se ele recuperar a
consciência, se ele voltar a ser o mesmo homem de antes e outras alusões
futuras, sem nenhuma certeza. A vida da família tornara-se um grande ponto de
interrogação, que já durava quase um mês.
Fazia muitos
dias, que sua rotina era a mesma, visitar o marido na UTI. Naquela manhã, ela chegou ao Hospital e
encontrou o marido semiconsciente, mas ainda estava na máquina de respiração
artificial.
– Fernando
acorda, sou eu, sua esposa. Estou esperando por você, não me decepcione por
favor. Em seguida, apertou as mãos dele.
Ele ouviu a
voz dela, então, mexeu com as mãos, mas voltou a dormir, parecia que seus olhos
estavam muito pesados. Marília ficou ali rezando ao lado da cama de Fernando,
precisava muito do acolhimento de Deus.
E, no dia seguinte ele já tinha saído da máquina,
mas estava com a máscara de oxigênio. Fernando estava com a cabeça elevada no
leito, recostado e apoiado com travesseiros. No entanto, mal conseguia
mexer sua cabeça e abrir os olhos; mas respirava o suficiente para ficar fora
do respirador artificial. Apertou a mão de Marília e depois adormeceu novamente, recostado na cama. Parecia cansado e sem interesse na vida.
A visita
acabou e Marília voltou para casa, estava tristonha. Sentia-se meio amortecida
quanto as suas expectativas de futuro, embora os médicos lhe dissessem que ele
estava se recuperando bem. Entretanto, os fatos não eram muito animadores, seu esposo parecia letargico.
Nesses avanços lentos, Fernando se estabilizava fisicamente.
Depois de vários dias fora do respirador, Marília o encontrou recostado na cama
e consciente. Ainda estava no oxigênio, mas acordado e totalmente carente.
Ela
ficou feliz e, com o sorriso estampado no rosto se abaixou para beijar as
bochechas de Fernando, que retribuiu o sorriso. Ele estava visivelmente
enfraquecido, pálido e carente, no entanto, estava consciente e de volta à
vida. Então, as lágrimas rolaram pelo rosto da mulher, que não conseguiu conter
sua emoção.
O
enfermeiro se aproximou e disse que ele estava indo bem, logo seria transferido
para a enfermaria e lá teria mais tempo para visitas. Marília agradeceu e logo
se despediu do marido, acabara a visita na UTI.
Saiu
com a alma leve, estava se sentindo feliz, esperançosa em ter sua vida
restabelecida. Somente agora ela entendeu, que é preciso ter paciência, que
todas as coisas têm um tempo certo para acontecer. A recuperação de seu marido
estava ocorrendo passo a passo.
Parou sua caminhada por um instante, então, ergueu as mãos para os céus e agradeceu a Deus, seu amor estava de volta. Isso
foi um milagre e ela nunca se cansaria de agradecer.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa.