FASCINAÇÃO
CAPÍTULO SEIS
A
porta foi aberta e Olívia adentrou ao recinto, era a primeira vez que ela ficaria
sozinha com João Paulo. Ele estava sentado em um banco no pátio da instituição
prisional e quando a viu, abriu um sorriso e se afastou para que ela se
sentasse. Lindo, charmoso e envolvente, ela sentiu um arrepio percorrer seu
corpo; estava vulnerável.
Sentou-se ali, bem perto de João Paulo, que
pegou suas mãos e perguntou-lhe como estava a mãe dele. Olívia balbuciou que D.
Estela machucara o joelho, mas ficaria bem; estava sob seus cuidados. O rapaz
agradecido beijou suas mãos e apertando-as disse que ela era muito importante
para ele.
Olívia
estava entregue, cativa do olhar e do sorriso de João Paulo, ele a ganhara com
doçuras e gentilezas; nada mais importava. Estava disposta a fazer qualquer
coisa para receber amor daquele homem. Ele a puxou para si e recostou sua
cabeça na dela enquanto alisava seus cabelos; depois ergueu seu queixo e a
beijou. Uma, duas, três e ai perdeu a conta, estava encantada, nunca mais
queria sair dali. Aqueles braços foram feitos para ela se aconchegar.
Naquele
momento apareceu o monitor dos prisioneiros e os repreendeu, dizendo que poria
a visita para fora, e ele ficaria detido na solitária, pois, não eram permitidos
contatos físicos no pátio de socialização da instituição. Se quisessem se
agarrar, o prisioneiro deveria fazer um requerimento e comprovar união, para
desfrutar do recebimento de visita íntima.
Uma
mulher apaixonada é fácil de ser manejada. Olívia sabia que se encontrava à
beira de um precipício, porém, não tinha forças e não queria se afastar. Aquela
poderia ser sua última chance de ser feliz plenamente.
Ela
possuía a carteirinha de visita de acompanhante de idosa, que era a mãe de João
Paulo, entretanto, não poderia comprovar união com ele, pois, era casada com
Antônio. Teria que se conter e esperar o desenrolar dos acontecimentos. Sentia-se
mais jovem, pensava em voltar aos estudos e arrumar um emprego para se tornar
independente. Entretanto, o marido não queria ouvir falar que sua mulher queria
estudar ou trabalhar, ficava furioso e dizia aos berros:
- Lugar de mulher é dentro de casa e aqui
não falta nada.
Olívia ficava com muita raiva quando ele
dizia isso; o marido tornara-se um empecilho. Se ele soubesse que ela fazia
visitas ao presídio, provavelmente a mataria, pensava a mulher temerosa.
Na
semana seguinte ela foi visitar João Paulo novamente e, percebeu muitas
promessas no ar. Ela vivia um sonho maluco, que a fazia desprezar o marido. Antônio
andava desconfiado, pois sua mulher parecia uma pedra de gelo, não queria
contatos físicos com ele; dizia estar doente.
A mulher estava com seu coração ocupado
e não havia mais lugar para Antônio. Então, quando ele viajava ela ia visitar
João Paulo e quando ele estava em casa ela se fingia de doente. O afastamento
do casal foi inevitável, apenas mantinham as aparências. Para os filhos ela
dizia estar frequentando uma Igreja evangélica, por isso saia sempre arrumada.
A boa notícia chegou perto das festas
de fim de ano, João Paulo sairia da cadeia no indulto de Natal e ela teria seu
amor ao lado de sua casa. A mulher ficou eufórica, parecia uma adolescente,
Teria que arrumar um jeito de ficar com João Paulo sem o marido perceber. Os
filhos eram jovens e saiam muito para se divertir, não notariam nada. O maior
problema seria seu marido, que ficaria em casa no Natal.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.