O TRONCO
CORAÇÃO ALADO
CAPÍTULO UM A mulher sentada em seu leito na enfermaria, passava o tempo folheando uma revista, que alguém largou sobre a mesa auxiliar. Havia uma reportagem sobre o meio ambiente, cujo foco principal eram as queimadas e o que restou delas.
Uma vasta área cheia de troncos, a maioria torrados e retorcidos pelo fogo, abria a reportagem. Apenas alguns conseguiram ficar inteiros, embora suas folhagens tenham sido consumidas pelo fogo, estes demonstravam força para se recuperar. A mulher coçou a cabeça, aquelas fotos mexiam com seu emocional.
Tronco, essa palavra presente no dia a dia das pessoas nunca foi destaque, ou teve alguma importância para Tereza. Um substantivo de valor igual a tantos outros. Sempre ao ouvi-lo, nos conduz e a ela também, a visualização de uma árvore, ou parte dela. Também pode ser lembrado, devido ao contexto da conversa, à uma parte do corpo humano. No entanto, essa palavra modificou toda a vida dessa pessoa.
Uma mulher de setenta anos, que sempre trabalhou na área da saúde, cuidando dos pacientes com muito carinho, essa é Tereza. Nunca aparentou a sua idade cronológica, é forte e saudável. Sempre se orgulhou de sua saúde, mas certo dia, o médico cardiologista pronunciou essa palavra e tudo mudou em sua vida. Essa história tem seu início em fevereiro de dois mil é dezenove no local de trabalho de Tereza. Ela estava no banheiro e quando abriu a porta para sair sentiu uma tontura, em seguida seu coração disparou. Parecia que seu peito iria explodir.
Atordoada e surpresa com a situação, a mulher entrou em uma sala vazia e sentou -se, para ver se o seu coração se acalmava.
Ele Batia desesperadamente, parecia ter enlouquecido, a sensação era de que aquilo terminaria em morte, tamanha a angústia que gerou. Como não passava ela levantou-se, precisava de ajuda.
Assustada, saiu dali e foi ao posto de enfermagem. Então Ana, a colega que se encontrava no setor, vendo que Tereza não estava bem, a conduziu até o multiparametrico, queria verificar seus sinais vitais. Assim, ela constatou que a frequência cardíaca de Tereza estava altíssima, acusando cento e setenta batimentos por minuto.
Aquilo era muita coisa para seu pobre coração, que segundo a dona, nem apaixonado estava. Apenas se encontrava carregado de carinho por seus familiares e semelhantes.
Apavorada, Ana chamou o médico, que veio prontamente. Depois de certificar-se do que fora informado, ele insistiu para que Tereza se submetesse a um eletrocardiograma. No entanto, ela estava sentindo -se muito mal e se recusou a se deitar, para que o exame fosse feito.
Ficou sentada na copa esperando o coração se acalmar. O médico, que era um ginecologista, sem entender muito da situação, fez uma cartinha para que a funcionária procurasse o médico cardiologista.
Em seguida, juntos aguardaram o coração recolher suas asas. Devagarinho seus batimentos cardíacos voltaram ao normal, minimizando a sensação de morte iminente.
Seu coração alado pousou lentamente em repouso e se acalmou dentro do peito de Tereza. Um texto de Eva Ibrahim Sousa