ELA
ESTAVA TÃO BONITA!
A TOURADA
CAPÍTULO UM
As crianças daquele lugarejo
estavam eufóricas. Eram meninos e meninas pequenos e adolescentes, que corriam feito
um bando de borboletas pousando aqui e ali. O motivo para tanto alvoroço eram
os caminhões que chegavam e depositavam seus materiais no terreno descampado da
Usina de açúcar; havia muitos homens trabalhando naquele local.
Os adultos também faziam
rodinhas de comentários sobre a construção, que estava sendo preparada.
Notícias diziam que ali haveria um picadeiro para a realização de touradas. As
crianças estavam fascinadas com a possibilidade de ver os touros e os toureiros
em atividade.
Aquilo tudo era novidade, que
levavam as pessoas as mais variadas fantasias. A maioria dos habitantes nunca
tinha saído dali e ter ao alcance dos olhos uma tourada, era assustador e
mágico. Seria apenas o começo de uma grande luta, cujo intuito era angariar
fundos para a construção de um Hospital no local.
Era uma região de plantação de cana
de açúcar, que empregava a maioria das pessoas no corte de canas. Os donos da fazenda
eram tementes a Deus e frequentavam a Igreja da pequena vila. O velho pároco
era amigo particular da família, que estava envolvida em obras assistenciais
para a comunidade.
A população era composta, em sua
maioria, de famílias carentes de colonos e agricultores, que viviam do que
conseguiam ganhar na lida diária. Uma comunidade pobre e desprotegida, que
necessitava de amparo social.
Nesse contexto a região perdia
muitos de seus habitantes por falta de um Hospital para atendimentos de
urgência, tais como: acidentes, enfartes, AVCS, partos e outros. Essa
preocupação atormentava alguns de seus mais eminentes moradores, entre eles o
prefeito, o padre, o farmacêutico e principalmente o médico, que se reuniram
formando uma comissão para pedir a colaboração dos donos da fazenda.
A ideia foi bem recebida, então,
houve a doação daquele terreno, que ficava em um local onde houvera o
loteamento de terras por parte da fazenda. Doaram também a mão de obra e os
materiais que podiam ser retirados do local, principalmente o madeiramento com
a derrubada de eucaliptos.
Seria um empreendimento de grande porte para
aquele lugar simples e monótono. Tratores, caminhões e homens trabalhando
incessantemente varavam a noite para aprontar o local.
Depois de um mês, o picadeiro e as
arquibancadas estavam prontos para sua inauguração. A lona cobria toda a volta
das laterais do terreno formando um grande circo a céu aberto. Na verdade, era
uma arena para a realização de touradas.
Uma
semana inteira de preparativos para a inauguração do evento e, todos daquela
comunidade se vestiram com seu melhor traje para comparecer a primeira tourada
daquela região.
Entre eles estava Raquel, uma adolescente
que queria ver o toureiro. A menina estava muito bonita e postada em frente à
entrada da arena. Ela era portadora da maioria dos sonhos, que rondavam a
cabeça daquelas pessoas.
Um
texto de Eva Ibrahim
Continua
na próxima semana.