OLHOS
NOS OLHOS
CAPÍTULO
DOIS
A semana demorou a passar, a
melancolia estava presente na vida de Cirilo Artur; ele queria rever a sua
prometida. A vida já não tinha sentido sem a presença dela; um amor fulminante. Às
vezes, chegava a duvidar que Olívia estivera tão perto, isto é, ao seu alcance e a deixara ir. Entretanto, não poderia segurá-la.
Existia um protocolo a ser seguido
antes de juntar um homem a uma mulher e, ela teria que concordar em juntar-se a
ele. Eram apenas convenções sociais, pensou Cirilo Artur. Na verdade, ele queria pegar em seus
cabelos e puxá-la diretamente para sua casa; igual faziam os homens da caverna.
No entanto, seguiria as convenções, ou poderia assustá-la.
Preparou-se psicologicamente, não queria
dar a impressão de que estava desesperado para vê-la. Esperou para telefonar até quarta-feira, então, não aguentou e
ligou disfarçando a voz, para esconder sua ansiedade. Ouvir a voz de Olívia o
elevou as esferas do paraíso, era doce e meiga; música para seus ouvidos.
Um homem apaixonado fica distraído e pensativo e o pessoal do escritório
percebeu. Ele aguentou as brincadeiras dos colegas, que o achavam diferente do
usual. Cirilo Artur não negou nada, estava apaixonado e queria viver o grande
amor de sua vida, que já tinha nome, Olívia.
Ele
estava diferente, parecia andar no ar; uma sensação de estar leve, que nunca
havia sentido antes. Finalmente chegou o domingo e Cirilo Artur estava arrumado
e cheiroso para viajar os setenta quilômetros que o separavam de Olívia. Saiu
bem cedo dirigindo seu automóvel usado, que ele lavara e lustrara no dia
anterior; não queria que Olívia sujasse a roupa.
Chegou cedo demais e ficou parado na
esquina, não queria causar má impressão. Estava na espreita para ver a chegada
de Olívia, que parecia nunca chegar. Cirilo Artur estava ficando nervoso,
queria ver Olívia novamente e quando ela apareceu, o dia ficou iluminado.
Estava linda, usava um vestido rosa
de rendas, que combinava com seus longos cabelos pretos. Ele esperou ela entrar
e depois foi chegando devagar, mas quando viu que ela havia guardado lugar para
ele, subiu aos céus. Não poderia haver ninguém mais feliz do que Cirilo Artur.
Pediu
licença e com um beijo no rosto dela sentou-se, estava alegre e sorridente.
Cirilo Artur e Olívia se entreolharam, havia amor ali, todos ao redor
perceberam. Ficaram sentados lado a lado e a mão do rapaz lentamente se apossou
da mão dela. Ela fez menção de tirar, no entanto, deixou ficar, estava gostando
dele também.
O
culto terminou e os dois ficaram sozinhos, olhos nos olhos. Então, Cirilo Artur
perguntou a ela se queria namorá-lo e ouviu um sim com convicção. Depois ele a
levou para casa no seu automóvel e antes de despedir-se trocaram beijos
tímidos; estavam se conhecendo.
O
amor cresceu e em seis meses estavam com o casamento marcado. Prepararam a casa
onde iriam morar, o vestido de noiva, a festa na igreja e a viagem de lua de
mel. Parecia que estavam sonhando acordados; encontraram o amor e seriam
felizes para sempre.
Olívia havia concluído o curso de pedagogia e
queria fazer especialização para fazer concurso e trabalhar na prefeitura; o
seu marido lhe dava a maior força. Somente depois de estar colocada ela queria
ter filhos. Estava tudo encaminhado para um futuro promissor.
Passaram
alguns meses e tudo corria bem entre eles; estavam felizes.
Certo dia, Olívia foi ao dentista e no meio do procedimento a moça apagou. Desmaiou em meio a uma simples obturação, assustando o profissional, que ficou muito preocupado; nunca aconteceu isso antes. Então, chamou o marido para ir busca-la.
Certo dia, Olívia foi ao dentista e no meio do procedimento a moça apagou. Desmaiou em meio a uma simples obturação, assustando o profissional, que ficou muito preocupado; nunca aconteceu isso antes. Então, chamou o marido para ir busca-la.
– Estará grávida ou doente? Quem sabe? Deverá
leva-la ao médico com urgência, aconselhou o dentista.
Um
texto de Eva Ibrahim