CORRIDA LOUCA
CAPÍTULO SETE
Celi estava de camisola e visivelmente
transtornada; ele pediu para ela parar, tentou pegar o volante, porém ela
tocava em frente. Estava determinada a seguir pela estrada principal, onde
havia muito movimento. Não queria ouvir o que seu marido dizia e, demonstrando
nervoso pisava ainda mais no acelerador. Samuel tentou acalmá-la, quem sabe ela
pararia o automóvel sem resistência; no entanto ela não respondia e agarrada ao
volante não prestava atenção ao que o marido dizia.
Estava
a mais de 120 quilômetros por hora e numa tentativa louca Samuel tentou pegar o
volante e, ela derrapou, quase tombou na ribanceira, foi por muito pouco que
ela conseguiu retornar à estrada. O rapaz começou a temer pela própria vida,
sua esposa estava enlouquecida. Procurou o celular, porém, havia deixado em
casa; ele estava dormindo quando, assustado saiu atrás da mulher e não pensou
em nada.
Celi não desistia e imprimia mais velocidade ao
veículo e o marido rezando se agarrava ao pegador. Temia pela sua e pela vida dela
também, ela iria provocar um acidente e se ele pegasse o volante corria o risco
de capotar o veículo.
A
pequena Luana ficaria sem o pai e sem a mãe; seus pensamentos eram terríveis e
obscuros. Não poderia ser verdade, ele estava refém da loucura de sua mulher. Samuel
estava pálido e não sabia o que fazer para mudar a situação, no entanto ele
sabia que precisava tomar uma atitude.
Era
muito jovem para morrer e bruscamente puxou o volante para ela entrar em uma
estrada vicinal; ali a velocidade teria que diminuir, pois a estrada era de
chão de terra batida e esburacada.
Celi se assustou e com o veículo desgovernado,
atropelou um cachorro que caminhava pelo acostamento. Ziguezagueando o
automóvel entrou no mato atingindo uma árvore. A batida violenta arrancou parte
do tronco da árvore. Samuel bateu com a cabeça no vidro da frente do veículo e
meio atordoado abriu os olhos; estava vivo, apesar do sangue que escorria de um
ferimento na testa.
Depois
de um momento de confusão, olhou para o lado viu sua esposa debruçada por sobre
o volante; Celi estava inerte. Ele ficou preso nas ferragens e suas pernas
sangravam; ele não conseguia movê-las. Quando ouviu o barulho de um
automóvel parando na estrada e logo a seguir vozes, ele desfaleceu; estava
atordoado e com muita dor nas pernas.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.